Reposição de areia em sete praias da Caparica em Junho

Areia começa a ser colocada nas praias antes do verão 

A Associação Portuguesa do Ambiente  anunciou que irá levar a cabo, antes do verão, o enchimento artificial de areia de sete praias da Costa de Caparica, Almada, intervenções orçadas em mais de seis milhões de euros. No entanto, apesar do anúncio, a Câmara de Almada teme que a "época balnear" esteja comprometida. Enquanto o bastonário da Ordem dos Engenheiros diz  que as praias da Costa de Caparica têm sido maltratadas pelo Estado, frisando que nunca houve uma aposta naquele local. 

Tempestades de Inverno causaram danos nas praias da Caparica 

O presidente da Associação Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, justificou a necessidade das intervenções com o “ano excecional”, no que respeita a tempestades na orla costeira, que exigiram um “acompanhamento e gestão excecional”.
As praias que serão intervencionadas são as da Nova Praia-Saúde, Praia Nova, Dragão Vermelho, Tarquínio-Paraíso, CDS, Santo António e São João da Caparica, todas no concelho de Almada.
Nuno Lacasta lembrou que uma das consequências dos consecutivos temporais que se abateram também sobre a zona da Costa de Caparica, com especial incidência nos meses de Janeiro e Fevereiro, foi a redução significativa da areia das praias.
O presidente da APA adiantou que ao abrigo do Programa Operacional Valorização do Território (POVT) foram abertos concursos públicos para a execução das obras de alimentação artificial de praias, no valor de mais de seis milhões de euros.
A alimentação artificial não deverá causar grandes perturbações, uma vez que irá ocorrer de forma faseada.
“O plano de intervenções será implementado de forma faseada em todas as praias não ultrapassando, em regra, mais de uma semana em cada praia, com exceção da praia de São João”, esclareceu.
A calendarização das intervenções ainda não é conhecida, uma vez que está dependente da conclusão dos concursos públicos abertos pela APA.
Contudo, o presidente da APA perspetivou que, se “tudo correr dentro do esperado, as primeiras intervenções de reposição de areia poderão ocorrer no início do mês de Junho, já com a época balnear em andamento.

Câmara diz que época balnear está em riscoRelembre-se que no final do mês de Abril, a Câmara de Almada exigia que o enchimento artificial de areia nas praias da Caparica fosse concluído de forma a garantir o normal funcionamento das atividades da próxima época balnear.
A tomada de posição da autarquia surgiu na sequência do despacho do primeiro-ministro que delega competência no ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, para autorizar a realização da despesa necessária, no valor máximo de 5,1 milhões de euros.
Em comunicado, a Câmara de Almada recorda que, no passado dia 26 de Fevereiro, durante uma visita à Costa de Caparica, o ministro do Ambiente afirmou que a alimentação artificial das praias da Costa de Caparica e de São João, com um milhão de metros cúbicos de areia, teria de ser concretizada "a tempo do verão".
A autarquia salienta ainda que a calendarização da obra poderá causar "prejuízos muito elevados para muitos milhares de cidadãos, pelos impactos na atividade económica que o arrastamento da situação necessariamente implica".

Costa de Caparica tem sido "maltratada" 
O bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Carlos Matias Ramos, disse hoje à agência Lusa que praias da Costa de Caparica têm sido maltratadas pelo Estado, frisando que nunca houve uma aposta naquele local. Para Carlos Matias Ramos a Caparica "nunca foi a menina de olhos bonitos de todos os governos, desde um passado muito longínquo, até à situação atual”.
Esta situação aconteceu porque “nunca houve aposta naquelas praias”, de acordo com o bastonário. O representante da OE referiu também que “as intervenções que têm sido feitas na Caparica têm sido do tipo adesivo”, exemplificando que, quando uma pessoa tem uma ferida coloca um adesivo, mas quando o braço está partido, o adesivo não resolve o problema.
“A aposta forte foi sempre na margem direita. Eram os casinos e todo um conjunto de atividades económicas, em que o turismo estava muito virado” para zonas como o Estoril, assinalou Carlos Matias Ramos. Segundo o bastonário, “descurou-se no tempo uma potencialidade muito grande”.
Referindo-se à época balnear, frisou que a mesma está “salvaguardada”, admitindo, contudo, que “há zonas que poderão ter sido mais afetadas do que outras”, concluiu o bastonário da Ordem dos Engenheiros.




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