Esquema de casas fantasma deixa dezenas de famílias sem rumo em Palmela

PJ trava alegada fraude imobiliária que rendeu milhões ao suspeito que ficou em prisão preventiva 

Um empreiteiro de Palmela foi detido pela Polícia Judiciária por suspeita de liderar um esquema de burla imobiliária que, desde 2017, terá rendido um lucro ilícito superior a três milhões de euros, deixando dezenas de famílias sem casa e sem dinheiro. Depois de ser ouvido em tribunal, ficou em prisão preventiva. A situação já motivou preocupação da presidente da autarquia, Ana Teresa Vicente, que em entrevista à ADN-Agência de Notícias alertou para o aumento de fenómenos ilegais que estão a afetar o concelho. 
Suspeito terá burlado mais de 100 pessoas em Palmela 

Aquilo que começou em 2017 como um suposto projeto de expansão imobiliária nos arredores de Palmela acabou por revelar-se uma alegada fraude de grandes proporções. Segundo a PJ, o suspeito montou uma empresa dedicada à construção e venda de imóveis, utilizando-a como plataforma para "apropriar-se de valores monetários de terceiros". Ao longo dos anos, foram erguidas habitações que nunca chegaram a ser concluídas, apesar de terem sido vendidas - em alguns casos, a mais do que uma pessoa.
As investigações indicam que pelo menos dez vítimas perderam o dinheiro investido, totalizando mais de três milhões de euros. Contudo, os inspetores admitem que o número real poderá aproximar-se das 100 pessoas enganadas. O agora arguido, tem antecedentes criminais pelo mesmo tipo de crime.

Contratos, sinais pagos e promessas que nunca se cumpriram
De acordo com os investigadores, o empreiteiro recorria a agentes imobiliários e empresas do setor para intermediar as vendas dos imóveis, mesmo antes de estarem concluídos. Era então celebrado um "contrato de promessa de compra e venda" com os futuros proprietários, que entregavam o respetivo sinal. Em vários casos, quase a totalidade do valor da casa era paga antecipadamente.
A PJ detetou ainda situações em que "o mesmo imóvel foi vendido a vários compradores distintos", revelando a dimensão do esquema. Além disso, o arguido é acusado pela autarquia de Palmela de falsificar assinaturas de técnicos municipais para transmitir uma falsa sensação de credibilidade aos compradores.
Depois de detido, foi presente ao primeiro interrogatório judicial, ficando em prisão preventiva. A investigação continua para identificar outros lesados.

Autarquia alerta para fenómenos ilegais que afetam o concelho
Este caso, já há semanas denunciado pela revista Sábado, também preocupa a Câmara Municipal. Em declarações à ADN-Agência de Notícias, a presidente Ana Teresa Vicente sublinhou a gravidade da situação que afeta tanto cidadãos como serviços municipais.
"É um problema sério que resulta de fenómenos que têm atingido o nosso território". disse. A autarca destacou que o combate a estas práticas não depende apenas da autarquia: "Penso que não há um esforço único da Câmara Municipal. Tem de existir um esforço nacional, envolvendo tribunais e autoridades, para repor a normalidade no funcionamento do nosso concelho", afirmou. 
Ana Teresa Vicente realçou ainda os impactos humanos e administrativos destas ações ilegais: "São comportamentos que lesam famílias, criam enormes dificuldades e obrigam a Câmara a desviar recursos e tempo dos seus técnicos para lidar com situações que são autênticos atentados e profundas ilegalidades", destacou.  
A presidente acrescentou que será essencial "apelar a outras instituições e instâncias de poder para travarmos estes fenómenos ilegais", concluiu. 

Agência de Notícias 

Fotografia: Paulo Jorge Oliveira/ADN

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