Inês de Medeiros vence em Almada e garante último mandato à frente da Câmara

PS mantém liderança num concelho mais dividido. CDU perde Laranjeiro e Feijó e o PSD ganha a Costa de Caparica 

Inês de Medeiros assegurou o seu terceiro e último mandato à frente da Câmara Municipal de Almada, nas autárquicas de 2025. O Partido Socialista (PS) voltou a vencer, com 29,10% dos votos, num concelho cada vez mais competitivo e politicamente fragmentado. A surpresa da noite foi a conquista do PSD da junta de freguesia da Costa de Caparica. O Chega chega pela primeira vez ao executivo e o BE perde o lugar na vereação. A CDU ainda é a segunda força do concelho. 
Inês de Medeiros entra no último mandato 

As eleições autárquicas de Outubro confirmaram o que muitos analistas antecipavam: Almada continua sob liderança socialista, mas o domínio de outros tempos ficou para trás.
Com 29,10% dos votos - cerca de 22 400 eleitores - , a candidatura de Inês de Medeiros garantiu quatro mandatos, menos um do que em 2021. Ainda assim, a autarca mostrou-se satisfeita com o resultado, sublinhando que "Almada continua a ser o grande bastião da esquerda".
A socialista destacou ainda a conquista simbólica da União das Freguesias do Laranjeiro e Feijó, tradicionalmente controlada pela CDU, afirmando: "Ganhámos quatro juntas. Perdemos a Costa de Caparica (para o PSD), mas tivemos uma grande vitória, que foi o Laranjeiro/Feijó".

Direita dividida, esquerda consolidada
O PS foi seguido pela CDU, que obteve 20,61% dos votos (cerca de 15 900), reforçando a sua influência histórica na Margem Sul, embora a mais de 6 500 votos dos socialistas. O candidato comunista, Luís Palma, presidente da mesma União de Freguesias agora conquistada pelo PS, não conseguiu inverter a tendência de queda.
O PSD, liderado por Helder Sousa, alcançou 19,36% (14 900 votos), ficando a menos de mil votos da CDU. O Chega, com Carlos Magno, registou 18,24% (14 000 votos), confirmando a sua ascensão e garantindo, pela primeira vez, presença no executivo municipal. A diferença entre social-democratas e Chega foi mínima, o que espelha um eleitorado de direita em reconfiguração e cada vez mais competitivo.
A coligação BE/Livre obteve 4,58% (3 500 votos), enquanto a Iniciativa Liberal cresceu ligeiramente, chegando a 3,33% (2 600 votos). PAN e CDS-PP ficaram ambos abaixo de 2%.

Mandatos equilibrados e um executivo plural
Com 50,97% de participação eleitoral (77 133 votantes), Almada demonstrou uma mobilização significativa. A distribuição dos mandatos reflete a diversidade política do concelho: 4 para o PS, 3 para a CDU, 2 para o PSD e 2 para o Chega. O BE perdeu a sua representação no executivo.
Na Assembleia Municipal, o PS manteve a maioria com 10 deputados, seguido por CDU e Chega, ambos com sete. O PSD elegeu seis deputados, enquanto BE/Livre obtiveram dois e a Iniciativa Liberal ficou com um.

Viragem histórica na Costa de Caparica
A noite eleitoral trouxe uma surpresa: o PSD conquistou, pela primeira vez, a Junta de Freguesia da Costa de Caparica. Vanessa Krause foi eleita presidente, tornando-se a única autarca social-democrata nas freguesias almadenses. O PS venceu em todas as restantes, recuperando o Laranjeiro e Feijó aos comunistas.

Um concelho em transformação
A vitória de Inês de Medeiros é mais do que uma continuidade: é o reflexo de um novo equilíbrio político. Almada, outrora bastião comunista, tornou-se um espaço de disputa intensa entre centro-esquerda e direita, onde cada voto conta e cada aliança será determinante.
"É com determinação e entusiasmo que continuaremos o nosso plano para Almada, iniciado em 2017 e que se estende até 2029", afirmou a presidente reeleita, confiante na continuidade do seu projeto.
Em 2025, Almada confirma-se como um dos cenários mais dinâmicos da política local portuguesa. O PS mantém o comando, mas enfrenta um executivo mais plural e uma oposição fortalecida. Inês de Medeiros venceu,  mas a verdadeira prova começa agora: gerir uma cidade em mudança e construir pontes num concelho onde cada mandato é uma batalha.

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