“A nova pobreza está a crescer silenciosamente entre nós”, avisa Paulo Valente da Cruz
O presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal, Paulo Valente da Cruz, defendeu a necessidade de uma integração total da comunidade cigana na sociedade portuguesa, sublinhando que a exclusão e os preconceitos continuam a ser barreiras reais. O dirigente alertou ainda para o agravamento da vulnerabilidade social, que começa já a atingir famílias da classe média. O presidente mostrou-se ainda “triste” com o crescimento de discursos políticos hostis à comunidade cigana.![]() |
| Cáritas critica discurso de políticos contra à comunidade cigana |
“Não temos noção de que o pobre pode ser um de nós, um dia. E isso pode acontecer muito mais rápido do que as pessoas pensam”, afirmou o responsável, em entrevista à Ecclesia/Renascença, reforçando que a solidariedade deve estar acima de qualquer diferença étnica ou social.
O líder da instituição católica destacou a importância do Jubileu dos Ciganos e Itinerantes, celebrado este sábado pelo Vaticano, considerando-o “um sinal muito importante para a Igreja e para o país”.
Paulo Valente da Cruz sublinhou que a Cáritas Diocesana de Setúbal não apoia programas exclusivos para comunidades específicas, mas antes respostas sociais abertas a todos.
“A nossa ação é para todas as pessoas, de todas as nacionalidades e etnias, de forma transversal e igual a qualquer outro utente”, explicou.
O presidente mostrou-se ainda “triste” com o crescimento de discursos políticos hostis à comunidade cigana.
“Quem está mais perto do terreno percebe que estas pessoas têm muitas coisas boas e uma forma própria de estar na sociedade”, afirmou.
Classe média em risco: “Famílias inteiras estão a cair na pobreza”
Entre as preocupações da Cáritas sadina está o aumento do número de famílias da classe média que enfrentam dificuldades para pagar rendas.
“Os aumentos de rendas levam a que muitas famílias deixem de conseguir suportar os custos. Nós tentamos prevenir essas situações, porque, se não houver intervenção, a família vai para a rua e as crianças acabam retiradas”, alertou.
No Bairro da Bela Vista, em Setúbal, a instituição mantém há vários anos um programa de combate à pobreza e de inclusão social, que também abrange a comunidade cigana.
“Rejeitamos qualquer política de guetização. Todos os utentes são tratados dentro da mesma tipologia de apoio. Esse é o caminho certo para uma integração verdadeira”, frisou.
Entre as preocupações da Cáritas sadina está o aumento do número de famílias da classe média que enfrentam dificuldades para pagar rendas.
“Os aumentos de rendas levam a que muitas famílias deixem de conseguir suportar os custos. Nós tentamos prevenir essas situações, porque, se não houver intervenção, a família vai para a rua e as crianças acabam retiradas”, alertou.
No Bairro da Bela Vista, em Setúbal, a instituição mantém há vários anos um programa de combate à pobreza e de inclusão social, que também abrange a comunidade cigana.
“Rejeitamos qualquer política de guetização. Todos os utentes são tratados dentro da mesma tipologia de apoio. Esse é o caminho certo para uma integração verdadeira”, frisou.
Educação e exemplos de sucesso: “Não se deve desistir”
Para a Cáritas, a educação é a base da mudança. “É fundamental que as crianças sejam inseridas mais cedo na escola, porque é aqui que se constroem as bases”, afirmou.
O dirigente reconhece que “a comunidade cigana ainda se autoexclui em alguns casos”, mas destaca a importância de mostrar “os muitos exemplos de sucesso que já existem”.
Para a Cáritas, a educação é a base da mudança. “É fundamental que as crianças sejam inseridas mais cedo na escola, porque é aqui que se constroem as bases”, afirmou.
O dirigente reconhece que “a comunidade cigana ainda se autoexclui em alguns casos”, mas destaca a importância de mostrar “os muitos exemplos de sucesso que já existem”.
Meio século de solidariedade: uma Cáritas que vai além da diocese
A Diocese de Setúbal assinala no dia 26 de Outubro os seus 50 anos, com uma cerimónia evocativa que recordará a ação de figuras marcantes como D. Manuel Martins, o primeiro bispo da diocese, que enfrentou as crises sociais das décadas de 80 e 90.
Hoje, a Cáritas sadina continua a alargar o seu apoio. Em 2024, serviu cerca de 165 mil refeições e ajudou diariamente 3 715 pessoas - números que continuam a crescer neste ano.
“A nossa ação já não se limita a Setúbal. Respondemos também a necessidades que ultrapassam as fronteiras da diocese”, concluiu Paulo Valente da Cruz.
A Diocese de Setúbal assinala no dia 26 de Outubro os seus 50 anos, com uma cerimónia evocativa que recordará a ação de figuras marcantes como D. Manuel Martins, o primeiro bispo da diocese, que enfrentou as crises sociais das décadas de 80 e 90.
Hoje, a Cáritas sadina continua a alargar o seu apoio. Em 2024, serviu cerca de 165 mil refeições e ajudou diariamente 3 715 pessoas - números que continuam a crescer neste ano.
“A nossa ação já não se limita a Setúbal. Respondemos também a necessidades que ultrapassam as fronteiras da diocese”, concluiu Paulo Valente da Cruz.

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