Almada exige resposta urgente do Governo para travar expansão de bairros ilegais

“Nada, absolutamente nada”: autarquia alerta para colapso urbano em Penajoia e Raposo onde há 800 casas sem água e luz 

A Câmara Municipal de Almada enviou esta quinta-feira uma carta aberta ao Governo, apelando a uma intervenção imediata para conter “o crescimento acelerado e descontrolado” dos núcleos de construção ilegal de Penajoia e Raposo, onde já se contam cerca de 800 habitações sem condições mínimas de habitabilidade.
Expansão dos bairros ilegais preocupa autarquia e moradores

O documento, endereçado ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, foi subscrito por cerca de 200 moradores, pelas juntas de freguesia de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, e ainda de Caparica e Trafaria.
Os bairros em causa fazem fronteira com os núcleos do Matadouro e do Monte, zonas que também têm vindo a sentir os efeitos do crescimento irregular.
Em comunicado, a autarquia sublinha que, com esta carta, “reitera o compromisso em defender os direitos das populações e a legalidade urbanística”, pedindo “uma resposta urgente, responsável e consequente do Governo e do IHRU, que reponha a dignidade habitacional e salvaguarde o interesse público neste território”.
O texto da carta alerta que o bairro “é já considerado um dos maiores de génese ilegal do país neste século, implantado em terrenos do Estado”, e que o seu alargamento resulta “da ausência de respostas e de ações concretas por parte do Governo e do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU)”.
Os subscritores denunciam ainda consequências graves para o concelho, como interrupções em serviços públicos, danos patrimoniais, acumulação de resíduos e aumento do sentimento de insegurança entre moradores e vizinhos.

“Nada, absolutamente nada”
A presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, explicou que a carta vinha a ser preparada há algum tempo, mas que optou por não a divulgar durante o período eleitoral.
“Esperámos o fim da campanha, mesmo com os prejuízos que isso possa ter causado, para tornar pública esta carta aberta. As pessoas estão desesperadas, os cortes de luz continuam”, afirmou.
A autarca garantiu que as construções ilegais continuam a multiplicar-se, muitas delas “à beira da arriba”, o que representa não só uma questão habitacional, mas também de segurança.
“Estamos a assistir a centenas de pessoas a serem enganadas, a comprar casas às quais nunca vão ter direito, num local onde não podem permanecer”, sublinhou.
Inês de Medeiros, reeleita nas últimas autárquicas de domingo, frisou que o problema é “social, humano e económico”, afetando até empresas locais que enfrentam cortes de energia e roubos de materiais.
A presidente deixou ainda um alerta: o crescimento dos bairros aproxima-se da zona do Hospital Garcia de Orta.
“Pode pôr tudo em risco. São milhares de pessoas ali, sem qualquer infraestrutura, sem nada. Nada”, concluiu a autarca. 

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