Amêijoa Ilegal: GNR trava e apreende duas toneladas em Alcochete

Mares de lucro, vidas à deriva: o negócio milionário da amêijoa-japonesa no Tejo  

Uma megaoperação da GNR no concelho de Alcochete resultou na apreensão de mais de duas toneladas de amêijoa-japonesa. A apanha e transporte destes bivalves, sem qualquer controlo ou documentação legal, expõe riscos graves à saúde pública e levanta o véu sobre um negócio paralelo onde o lucro vale mais do que a lei. É mais um retrato de mais uma operação semelhante a tantos outros do mesmo gênero no rio Tejo.  
 A apanha ilegal de amêijoa põe a saúde pública em risco

A Guarda Nacional Republicana (GNR) apreendeu 2.130 quilos de amêijoa-japonesa durante uma ação de fiscalização rodoviária realizada em Alcochete. Em seis veículos diferentes, os militares encontraram bivalves transportados sem o indispensável documento de registo de moluscos bivalves vivos - um requisito legal que assegura a rastreabilidade e a segurança destes alimentos.
Durante a operação, foram identificadas seis pessoas: quatro homens, com idades entre os 21 e os 49 anos, e duas mulheres de 25 e 26 anos. As autoridades levantaram seis autos de contraordenação, por infrações relacionadas com o transporte irregular dos moluscos.
Segundo comunicado da GNR enviado à ADN-Agência de Notícias, os bivalves apreendidos foram encaminhados para verificação higiossanitária e serão destruídos, dada a ausência de garantias sobre a sua origem e segurança para consumo humano.

Apanha ilegal no Tejo: negócio em crescimento, riscos em cascata
Amêijoas apreendidas pela GNR durante ação de fiscalização
A força de segurança relembra que o consumo de amêijoas sem qualquer tipo de depuração ou controlo "pode causar sérios problemas de saúde, devido à possível presença de toxinas perigosas". 
A ausência do documento de registo impede qualquer "verificação da proveniência" e coloca "em risco toda a cadeia de consumo", garantem as autoridades. 
A apanha descontrolada de amêijoa-japonesa no rio Tejo, especialmente em zonas como Alcochete, é um reflexo cruel de um sistema em falência ética e ambiental. Por detrás de cada quilograma apreendido está uma rede de exploração humana - muitas vezes composta por trabalhadores estrangeiros vítimas de máfias organizadas - que lucra milhões à margem da lei.
Apesar das operações frequentes e dos esforços da GNR, o problema mantém-se. O apelo à criação de soluções estruturais, que envolvam fiscalização reforçada, regulamentação eficiente e inclusão social, torna-se urgente. 
Não se trata apenas de proteger o consumidor: trata-se de travar um ciclo de abuso, informalidade e risco iminente.

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