Tribunal aplica penas pesadas a gangue juvenil por sequestro, agressões selváticas e tortura prolongada
Um grupo de sete jovens do Vale da Amoreira, concelho da Moita, foi condenado a penas de prisão entre 9 e 12 anos por crimes de extrema violência cometidos em Maio de 2023. Os arguidos raptaram e torturaram três homens, convencidos de que estes tinham roubado uma bolsa com 10 mil euros alegadamente ligados ao tráfico de droga.![]() |
Juíza condena gangue juvenil por atos de “selvajaria inaceitável” |
Uma das vítimas foi mantida em cativeiro durante uma semana num rés do chão com janelas gradeadas. Nesse local, foi chicoteada com cabos de eletricidade, despida, marcada com uma faca em brasa e sujeita a um constante terror psicológico. “Deram-lhe betadine e bepantene para tratar feridas depois de o queimarem com lâminas em brasa. Não houve uma única alma que dissesse ‘já chega’”, afirmou, indignada, a juíza Carla Roque, durante a leitura da sentença no Tribunal de Almada.
A mesma vítima, um homem em situação de sem-abrigo e conhecido como pequeno traficante local, acabou por fugir da região e vive atualmente no norte do país, com receio de regressar à zona onde foi torturado.
Perante o desaparecimento da bolsa com os 10 mil euros, os arguidos começaram por sequestrar este homem, suspeito principal do furto. A meio das agressões, ele apontou mais dois nomes como possíveis autores do roubo. Também esses dois homens foram levados para a mesma casa e violentamente agredidos, embora tenham sido libertados no próprio dia.
Os arguidos chegaram ainda a deslocar-se à residência da ex-companheira de uma das vítimas, numa tentativa frustrada de encontrar a mala com o dinheiro.
Durante o julgamento, os sete condenados tentaram minimizar os factos, alegando que a vítima principal “podia sair da casa quando quisesse”. Contudo, a juíza rejeitou categoricamente esta narrativa:
“Alguém chicoteado, queimado e ameaçado de morte não permanece num sítio por vontade própria. Mesmo sendo traficante, ninguém merece tamanha barbaridade. Não vivemos nos Estados Unidos, onde há justiça [feita] por gangues”.
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