Tragédia em Sesimbra: Homem mata companheira e enteada antes de se suicidar

Uma discussão com a enteada que terminou em tragédia e uma bebé de ano e meio sem pais 

Na madrugada desta quinta-feira,  Almoinha, no concelho de Sesimbra, acordou com o horror de um crime brutal. Maria Justo, de 17 anos, e a sua mãe, Rute Santos, de 45, foram assassinadas à facada por José Januário, companheiro de Rute e padrasto da jovem. O agressor pôs termo à própria vida após cometer o duplo homicídio. O casal tinha uma filha de quase um ano e meio, que sobreviveu ao massacre ao colo da mãe.
Crime ocorreu na madrugada desta quinta-feira 

O pesadelo teve início com uma discussão entre José e a enteada, Maria, por esta estar a jogar online a uma hora tardia. O confronto escalou rapidamente e, quando Rute tentou intervir para proteger a filha, tornou-se também vítima da fúria do agressor. 
José atacou brutalmente ambas, acabando por lhes tirar a vida. A pequena Constança, de apenas um ano e meio, foi poupada graças ao instinto protetor da mãe, que morreu segurando-a nos braços.
O alerta para as autoridades foi dado pelo tio [de afinidade, irmão do alegado agressor] de Maria, que estava a jogar online com a sobrinha e se encontrava no estrangeiro. A preocupação levou-o a contactar os avós da jovem, que se deslocaram até à casa e, sem resposta, forçaram a entrada através da varanda de um vizinho. O cenário encontrado foi macabro: três corpos sem vida e uma criança a chorar.
Maria, de 17 anos, frequentava o 11.º ano da Escola Secundária de Sampaio, em Sesimbra. O diretor do agrupamento, Viriato Rodrigues, lamentou profundamente a perda da aluna, descrevendo-a como "afetuosa, dedicada e uma boa amiga, que ficará na memória e no coração de todos". A escola expressou condolências à família e amigos da jovem através de uma nota publicada no seu website.

Sem registos de violência, mas sinais de perigo
No local estiveram várias equipas de emergência 
A GNR confirmou que não existiam queixas anteriores de violência doméstica contra José Januário. No entanto, fontes próximas da família revelaram que Rute chegou a sair de casa uma semana antes, após um episódio de agressão, mas voltou após ser convencida pelo companheiro a regressar.
A investigação foi entregue à Polícia Judiciária, que já confirmou que o crime foi cometido com uma faca de cozinha, encontrada no local.
Este crime volta a levantar questões sobre a prevenção da violência doméstica em Portugal. O país continua a registar vários casos de homicídios em contexto de relações abusivas, muitas vezes sem um histórico de denúncias formais. O silêncio, o medo e a esperança de mudança são frequentemente os fatores que levam vítimas a permanecerem em relações perigosas.
A história de Rute e Maria é um alerta trágico: a violência doméstica nem sempre deixa rastos visíveis, mas as suas consequências podem ser fatais. É fundamental que as vítimas sintam confiança para pedir ajuda e que a sociedade esteja atenta aos sinais de perigo. Para que mais nenhuma família precise chorar por um crime que poderia ter sido evitado.
É a quarta vítima desde o começo do 2025. Já no início do ano, um homem matou a mulher, no Barreiro, com recurso a uma tesoura, tendo o crime sido presenciado pelos dois filhos do casal, um de seis e outro de 14 anos, que tentou impedir a agressão.

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