"Sardinhas em lata": Autarca do Seixal denuncia condições nos comboios da Fertagus

Comboios apertados, conforto esquecido e passageiros em fuga para outros meios de transporte 

O presidente da Câmara do Seixal, apelida de "chocante" a forma como os passageiros da Fertagus viajam diariamente. O autarca realizou uma viagem entre Foros de Amora e Corroios, na manhã desta segunda-feira, para testemunhar de perto as condições dos munícipes. “Parece que vão como sardinhas enlatadas”, afirmou Paulo Silva, que revelou ter recebido dezenas de queixas de moradores do concelho. O autarca já solicitou uma reunião com a administração da Fertagus e garantiu que levará o caso ao ministro das Infraestruturas ainda esta semana.
Viajar na Fertagus está a ficar incomportável

O município do Seixal, com cerca de 170 mil habitantes, enfrenta um crescente descontentamento devido às condições do transporte ferroviário. Paulo Silva destacou que a Fertagus, outrora reconhecida pela qualidade do serviço, agora deixa muito a desejar. 
Além do reforço no material circulante, o autarca defende a expansão de outras opções de transporte, como o Metro Sul do Tejo, com uma proposta concreta para um troço de 1,8 km que beneficiaria 50 mil pessoas.
Este cenário não é exclusivo do Seixal. Em Almada, Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal, também criticou os novos horários e a falta de carruagens. A autarca sublinhou que os comboios, particularmente no Pragal, chegam lotados, prejudicando os utentes da região.
A insatisfação é palpável entre os utentes. Mafalda Barreiro, que aguarda diariamente na estação de Corroios, descreveu a situação como “incomportável”. “Estou aqui há uma hora e não consigo entrar nos comboios porque já vêm cheios. Isto está impossível”, relatou, acrescentando que já pediu justificações no trabalho devido aos atrasos.
Outros passageiros, como Amélia Mira, têm desistido da Fertagus. Residente no Alto do Moinho, procurou uma alternativa através dos barcos de Cacilhas. “Ultimamente tem sido o caos. Hoje nem tentei mais, vou de barco”, afirmou.

Autoridades pedem explicações
Passageiros em desespero procuram alternativas
As queixas dos utentes chegaram à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes que pediu esclarecimentos à Fertagus. A entidade solicitou informações sobre as medidas tomadas para resolver os problemas de sobrelotação e garantir a qualidade e segurança do serviço.
A travessia ferroviária Lisboa–Setúbal, inaugurada em 1999, foi projetada para aliviar o trânsito na Ponte 25 de Abril. Contudo, a recente alteração de horários, sem aumento de carruagens, deixou um vazio entre a intenção inicial e a realidade vivida por milhares de passageiros diariamente.
Enquanto os autarcas pressionam por melhorias e respostas, os utentes continuam à espera de viagens mais dignas e confortáveis.

Agência de Notícias 
Fotografia: DR 

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