Testemunhos e memórias dos Capitães de Abril em exposição no Montijo

"Na verdade, a revolução não está acabada porque a liberdade, a igualdade e a democracia não estão garantidos para sempre" 

No âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril foi inaugurada a exposição bibliográfica “Censurados”, da coleção “Biblioteca da Censura”, na Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva.  A exposição apresenta obras proibidas e apreendidas durante a Ditadura e destaca em painéis os relatórios da Direção dos Serviços de Censura que levaram à proibição de cada um dos livros. A inauguração contou com intervenções do presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, e de Andreia Oliveira, investigadora do Centro de Línguas, Literaturas e Cultura, da Universidade de Aveiro, e do Centro de Literatura Portuguesa, da Universidade de Coimbra, a qual é uma das co-autoras da lista de vinte e cinco títulos constituintes da coleção “A Biblioteca da Censura”, uma edição conjunta da editora A Bela e o Monstro e do jornal Público.
A exposição está na biblioteca da cidade até 21 de Maio 

O presidente acentuou que a mostra é uma evidência do papel que a censura ocupava no Estado Novo: “Estamos aqui hoje num ato simbólico, inserido nas comemorações dos 50 anos de abril, para inaugurar uma exposição que pretende explicar qual era a cultura, o sentimento e a forma como o povo era tratado, no que diz respeito, ao acesso à informação, ao conhecimento e à literatura”.
“Na verdade, a revolução não está acabada porque a liberdade, a igualdade e a democracia são valores que não estão garantidos para sempre. É necessário que consigamos garantir a transmissão destes valores fundamentais no respeito dos Direitos Humanos, de geração em geração” sublinhou Nuno Canta.
A co-autora dirigiu um agradecimento à Câmara do Montijo, à Biblioteca Municipal do Montijo, ao jornal Público e à editora A Bela e o Monstro “que permitiram a existência desta coleção” referindo que a coleção é a continuação de um trabalho anterior uma coleção intitulada “Censura no feminino”.
A investigadora sublinhou que “uma das questões mais pertinentes desta coleção e que desperta a atenção do leitor é “a inclusão dos relatórios da censura. Um documento que o acompanha e que diz porque é ele foi censurado”.
A coleção “Biblioteca da Censura” é constituída por 25 livros, publicados a todos os dias 25 até ao 25 de abril de 2024, que foram objeto da intervenção dos Serviços de Censura, os quais, de um modo sistemático a partir de 1934, elaboraram mais de 10 mil relatórios de leitura a livros de autores portugueses e estrangeiros e vêm incluídos na edição fac-similada de cada obra censurada. A “Biblioteca da Censura” existiu e era uma espécie de biblioteca privada dos referidos serviços onde se ocultavam os livros que a ditadura não queria que fossem lidos.
A exposição está patente até 21 de Maio deste ano. 

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