Festival Cantar Abril está de volta a Almada no mês da liberdade

Manifesto critica festival e considera que é uma “afronta à dignidade dos artistas

O Festival Cantar Abril é uma iniciativa da Câmara de Almada que vai já na sexta edição contando este ano com o envolvimento da plataforma O Gerador, que contribui para a extensão do festival, nomeadamente alargando-o este ano a outras áreas além da música. Os organizadores do Festival consideram que esta iniciativa é uma oportunidade para que novos autores, artistas e projetos sejam apresentados, muitas vezes pela primeira vez, recebendo um valor de representação. Mas um grupo informal de apoio aos profissionais da cultura Ação Cooperativista difundiu um manifesto a criticar o concurso Cantar Abril 2024 e considerando que é uma “afronta à dignidade dos artistas”.
Cantar Abril é uma oportunidade para novos músicos 

Num texto intitulado “Manifesto Contra a Exploração de Artistas no Festival 'Cantar Abril 2024'”, o grupo refere que “a ironia deste concurso reside na contradição flagrante entre os valores proclamados pelo 25 de Abril e a prática exploratória imposta a artistas que se propõem a participar nele”.
“O anúncio do concurso, uma iniciativa da Câmara de Almada em parceria com O Gerador, revela-se como uma afronta à dignidade de artistas, configurando-se antes uma prática de exploração do seu trabalho”, defende o grupo.
Questionados pela agência Lusa sobre este manifesto, a Câmara de Almada e O Gerador, explicam que este é um evento que permite a muitos novos autores, artistas e projetos serem apresentados, muitas vezes pela primeira vez, numa lógica de democratização da cultura, algo que está ligado aos valores de Abril.
Cada autor selecionado terá de apresentar uma performance ao vivo durante 10 minutos numa das três iniciativas agendadas para os dias 13, 20 e 27 de Abril.
Por outro lado, explica a autarquia de Almada, todos os autores, com exceção dos vencedores, têm acesso a um valor de representação e no dia 15 de Março todos os autores selecionados receberão um contacto por parte do Gerador onde serão informados deste valor e da disponibilidade da equipa de produção em apoiar os autores noutras necessidades, como no aconselhamento personalizado, na ajuda técnica e na capacidade de divulgação dos trabalhos individuais.
Cada uma das três iniciativas, frisa a Câmara Municipal, será complementada com a presença de artistas de referência nacional, que farão a abertura e o fecho de cada evento, garantindo maior projeção e potencial audiência para os selecionados.
No manifesto a Ação Cooperativista considera ainda injustificada a disparidade na valorização do trabalho dos vencedores na música, que recebem 2500 euros, enquanto na dança e na declamação apenas 1500 euros, respetivamente.
Numa resposta enviada à agência Lusa O Gerador explica que a diferença de valores dos prémios justifica-se, exatamente, porque a centralidade do festival é a música, e a dança e a declamação surgem numa fase experimental.
“Vemos esta evolução como algo positivo e esperamos que em edições futuras possamos consolidar estas áreas, com os mesmos prémios, e abrir espaço à experimentação de outras categorias artísticas”, explica.
O Gerador, uma organização sem fins lucrativos, adianta que até hoje já recebeu mais de 80 candidaturas de todo o país.

Comentários