Setúbal aderiu à Rede de Cidades e Vilas que Caminham

"As questões da mobilidade, nos tempos em que vivemos das alterações climáticas, são centrais"

O presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, qualificou as questões da mobilidade como centrais na sociedade atual, na cerimónia em que assinou o protocolo de adesão da autarquia à Rede de Cidades e Vilas que Caminham. “É uma iniciativa extremamente importante para a Câmara Municipal, para a cidade e para o concelho de Setúbal. As questões da mobilidade, nos tempos em que vivemos das alterações climáticas, são centrais”, disse o autarca, que assinou o protocolo juntamente com a presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade.
Bandeira já foi hasteada na Câmara Municipal 

Com o projeto Rede Cidades e Vilas que Caminham, realizado em parceria com a Red de Ciudades que Caminan de Espanha, que teve origem no município galego de Pontevedra, o Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade tem como objetivo estimular ações que fomentem “a caminhabilidade e a mobilidade pedonal em Portugal”, como refere no seu sítio na Internet.
André Martins recordou que, a partir do início da década passada, a Câmara Municipal realizou “investimentos de muitas dezenas de milhões de euros” para criar “melhores condições de mobilidade na cidade de Setúbal”, num processo em que “as principais artérias da cidade foram todas alteradas, na sua estrutura viária e também na infraestrutura”.
Como exemplo deu o trabalho já realizado nas avenidas 22 de Dezembro, Alexandre Herculano, da Guiné-Bissau, Antero de Quental e “boa parte” da Avenida dos Ciprestes, adiantando que, para “fechar o ciclo das principais artérias da cidade”, já está programada a requalificação da Avenida dos Ciprestes e projetada a intervenção na Avenida de Moçambique, à qual se seguirá a Avenida Rodrigues Manito.
O autarca salientou que a “visão global deste projeto”, que é a “visão para o futuro desta cidade”, consiste em estreitar as vias, alargar passeios e criar ciclovias. Admitiu que houve “muitas” críticas, mas salientou que tudo foi feito “com envolvimento de moradores e de outros agentes”, com os quais a Câmara Municipal dialogou.
Salientando que o número de automóveis aumenta “todos os dias”, André Martins sublinhou a as câmaras municipais têm a responsabilidade de tomar medidas para defender a qualidade do ambiente e a saúde pública. “É neste sentido que nós temos vindo a assumir esta responsabilidade”.

Estacionamento tarifado enquadra-se nesta visão
Autarquia quer menos carros na cidade 
O autarca recordou que o município tem rebaixado os passeios para que “quem tem mais dificuldades na mobilidade possa fazer a travessia das ruas nas passadeiras” e trabalhado para retirar os carros de cima dos passeios, porque estes “são destinados às pessoas”.
De acordo com o presidente da câmara, “o estacionamento tarifado enquadra-se nesta mesma visão”, pois é necessário “gerir o espaço urbano para que os moradores possam circular e viver com melhor qualidade de vida”. Além de os residentes serem os “principais beneficiados” com o estacionamento tarifado, recordou que este também favorece o comércio, por impor rotatividade na ocupação dos espaços.
André Martins lembrou ainda que “finalmente” Setúbal tem “transportes públicos a funcionar, novos, cómodos, capazes de dar resposta às necessidades de mobilidade das pessoas”.
O autarca sublinhou a necessidade de “coragem política para enfrentar estas situações e para sensibilizar as pessoas, para que percebam que o que está em causa é a sua própria qualidade de vida”, porque cabe à administração autárquica defender o interesse público prosseguindo este tipo de projetos.
“É isto que tem estado em causa e por isso nós aderimos a este movimento e a este programa”, afirmou, concluindo que Setúbal é “uma cidade que recebe bem as pessoas e que aposta na qualidade de vida, no bem-estar e na saúde dos seus residentes”.

Cidade tem bom exemplos para mostrar a outros municípios 
Protocolo assinado a 27 deste mês 

A presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, Paula Teles, recordou que, em Portugal, a partir de 2019 as emissões resultantes da mobilidade ultrapassaram as produzidas pela indústria e disse que a Rede de Cidades e Vilas que Caminham tem como objetivo realizar trabalho em conjunto e trocar experiências “sobre as necessidades das cidades para as requalificar no sentido da mobilidade suave, da mobilidade sustentável, que não vai carbonizar”.
Paula Teles sublinhou que “a Câmara de Setúbal tem bons exemplos de vários trabalhos que fez no espaço público” e, com a experiência adquirida, pode “informar e ajudar as outras câmaras que ainda estão no início a alavancarem rapidamente” os seus projetos, num processo de partilha de conhecimento.
“Apenas somos uma plataforma, quase diplomática, de juntar municípios, para todos juntos construirmos territórios mais saudáveis e com mais mobilidade”, disse, adiantando que a intenção é incutir a ideia de que “as cidades e vilas em Portugal cada vez mais possam ser ginásios ao ar livre”, no sentido de que as pessoas se possam deslocar a pé.
Recordou que “um dos pontos essenciais da mobilidade e da política urbana nesta década” é a aposta em que “as novas gerações possam caminhar e ser mais autónomas”, afirmando acreditar que a rede “vai trabalhar não só no espaço físico, mas também no território social”.
A presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade salientou a importância desta “mudança cultural” e de haver “municípios mais amigos de todos”, afirmando que a rede vai realizar conferências e formações, além de prestar informação sobre novidades ao nível do financiamento.
Após a assinatura do protocolo, André Martins e Paula Teles hastearam a bandeira da Rede de Cidades e Vilas que Caminham na varanda dos Paços do Concelho.

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