Utentes da Transtejo protestam contra perturbações no serviço

Há quem já tenha perdido empregos e quem tenha graves problemas laborais devido às perturbações

Os utentes do transporte fluvial que liga o distrito de Setúbal a Lisboa realizam, nesta terça-feira, uma concentração na estação do Cais do Sodré em protesto contra os constantes constrangimentos no serviço. O protesto é organizado pelas comissões de utentes do Cais do Seixalinho (Montijo), do Seixal, Barreiro e Almada que, em conjunto, decidiram chamar a atenção para os problemas que as ligações têm tido nos últimos tempos. Paulo Soares Jorge, da Comissão de Utentes, adianta que há quem já tenha perdido empregos e quem tenha graves problemas laborais devido às perturbações. 
Novos navios ainda não chegaram ao Tejo 

“Há pessoas que nunca sabem quando terão o próximo barco e não podemos estar dependentes de uma lotaria de transportes para nos deslocarmos para o emprego”, disse, adiantando que algumas já perderam os seus trabalhos e outras estão com graves problemas laborais devido a este problema.
A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro e o Terreiro do Paço, em Lisboa.
A empresa voltou a anunciar no seu site que, por motivo de constrangimentos técnicos na frota, não é possível garantir a realização de todas as carreiras previstas nos períodos de ponta da manhã e da tarde na ligação entre o Seixal e Lisboa.
Numa resposta enviada à agência Lusa no final de Dezembro, a empresa explicou que as perturbações de serviço registadas nas ligações fluviais do Montijo e do Seixal resultam de avarias inesperadas nos navios.
Paulo Soares Jorge explicou que nos últimos tempos a ligação entre o Montijo e Lisboa tem sido realizada com apenas um barco, o mesmo acontecendo entre Lisboa e Seixal.
No caso do Montijo, adiantou, o facto de apenas existir um barco a fazer a travessia implica que só exista uma carreira de hora a hora. As duas ligações deveriam ter a operar três barcos cada.
Por outro lado, frisou, os barcos que efetuam estes serviços estão a funcionar “em parcas condições”.
Entre as exigências das comissões de utentes, consta assim a recapitalização da empresa de forma a ter meios para apostar no sector da manutenção.
“Defendemos que haja uma alocação de verbas à Transtejo para no imediato haver a recuperação do sector da manutenção”, disse Paulo Soares Jorge, salientando a urgência de manter o equipamento uma vez que os barcos elétricos anunciados ainda não estão a operar.
Segundo o representante da Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho, os primeiros barcos elétricos devem chegar no fim do ano e os últimos em 2025.

Novos barcos ainda não chegaram 
Passageiros preocupados com a regularidade dos barcos  
Em Novembro, o Governo perspetivou ter disponível a maior parte da frota eléctrica de navios da Transtejo já durante o ano de 2023.
Nós acreditamos que, durante o ano de 2023, a renovação da frota da Transtejo vai acontecer. Não sei se conseguiremos ter cá os 10 navios, mas acreditamos que grande parte dela chegará”, indicou o secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, no parlamento.
Jorge Delgado estimou que os primeiros navios elétricos começariam a operar entre o fim de 2022 e o início de 2023, adiantando que as baterias e os postos de carregamento já estavam contratados.
Em Setembro, a Transtejo tinha anunciado que a empreitada de construção e fornecimento de estações de carregamento da nova frota elétrica de navios da Transtejo tinha sido adjudicada pelo valor de cerca de 14,4 milhões de euros.
Em Agosto, a empresa fez saber que a entrega dos quatro primeiros navios da nova frota  estava prevista para o período entre Dezembro de 2022 e Junho de 2023.
Em resposta a questões da agência Lusa, a administração da Transtejo-Soflusa explicou que, dos 10 navios elétricos, que representam um investimento de 52,4 milhões de euros, quatro estão previstos ser entregues “entre Dezembro de 2022 e Junho de 2023”, outros quatro “chegarão até final do ano de 2023 e os últimos dois navios, que completam o projeto, serão recebidos em 2024”.

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