Viver entre o que é deixado para trás para ver em Almada até ao final do ano

Exposição com toneladas de lixo para inquietar comportamentos

Quem entrar no antigo edifício da União Elétrica Portuguesa (edifício da EDP), em Almada, será acolhido por uma inquietante tonelada de lixo. Uma instalação que enceta a exposição do multipremiado fotojornalista Mário Cruz, "Living Among What’s Left Behind", que apela à reflexão sobre a situação de poluição catastrófica vivida nas margens do rio Pasig, nas Filipinas. O lixo que produzimos, diariamente, em casa, instalado no claustro do antigo edifício da EDP, dá o mote à exposição de fotografia. “Viver entre o que é deixado para trás”, interpelando-nos a pensar nos comportamentos que adotamos.
Exposição retrata a realidade do rio Pasig nas Filipinas 

“Acredito que através da partilha do que vão ver podemos criar algo de bom, tendo em conta o que se passa no rio Pasig”, desafia Mário Cruz, o fotojornalista que acompanhou a comunidade filipina que se fixou nas margens do Pasig, um rio que recebe mais de 60 mil toneladas de lixo todos os anos, sem qualquer tipo de saneamento básico.
“O que nós temos hoje em Manila é um rio de plástico onde é possível caminhar”, uma situação de poluição extrema que conduziu aquela comunidade a um ciclo vicioso. “O problema destas pessoas é o lixo mas, a verdade é que é através desse mesmo lixo que conseguem ter algum rendimento que lhes permite sobreviver dia após dia”.
Uma exposição para todos, mas que é pensada para as camadas mais jovens, constituindo-se como uma mensagem de alerta e denúncia, ressalvando o papel do fotojornalismo.
“Vemos aquilo que não podemos mais esquecer”, disse Inês de Medeiros, referindo-se à fotografia vencedora de um prémio do World Press Photo, que integra a exposição. “E, no fundo, é este o propósito desta exposição. É não fingir que não se vê”, disse a autarca, durante a tarde da abertura de Living Among What’s Left Behind.
Esta é, também, a última oportunidade para visitar o antigo edifício da União Elétrica Portuguesa (edifício EDP), de Francisco Keil do Amaral, tal como foi conhecido antes de ser encerrado. Este mítico edifício de Almada irá entrar em processo de reabilitação como base o projeto do arquiteto Bak Gordon.
Uma exposição para visitar, até 30 de Dezembro. 

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