Comunidade, amigos e município unidos em homenagem a Rui Guerreiro em Pinhal Novo

"O Rui deixou-nos um património de cultura. Só precisamos de o manter e melhorar"

As gentes, as associações locais, público do teatro, as centenas de amigos, a comunidade do Pinhal Novo aplaudiu de pé Rui Guerreiro, que desde domingo, dá nome à maior sala da cultura da vila. Oficialmente irá chamar-se Auditório Municipal do Pinhal Novo - Rui Guerreiro. Um nome  muito extenso que, a partir de agora, iremos apenas descrever como Auditório Rui Guerreiro, personalidade do teatro e da cultura da freguesia e do concelho que faleceu em Março de 2020. Somos o reflexo do que fazemos, sentimos ou pensamos. E o Rui, de tanto nos ensinar, deixo-nos a sua visão estratégica, a sua vontade indelével e, sobretudo, deixou-nos a cultura, a nossa cultura mais rica e mais autentica. Esta é a história de um homem que "vive" nos caminhos que traçamos ou no valor que criamos. Afinal, como dizia alguém no meio da cerimónia, "O Rui deixou-nos uma património de cultura. Só precisamos de o manter e melhorar". 
Cerimónia decorreu este domingo junto ao Auditório Rui Guerreiro 

A cerimónia, que decorreu no Dia Mundial do Teatro, abriu com a atuação do Bardoada – Grupo do Sarrafo [do qual foi um dos fundadores] e prosseguiu com o descerramento da nova denominação daquele equipamento, “Auditório Municipal de Pinhal Novo – Rui Guerreiro”. [Auditório Rui Guerreiro daqui em diante]. 
Os testemunhos sentidos de quem com ele conviveu de perto, foram um dos momentos mais emotivos desta homenagem simbólica: José Manuel Rosendo, Óscar Silva, João Figueiras, Jaime Mestre, Bruno Gomes e Ana Guerreiro (esposa). Todos foram unanimes na partilha, como se de uma conversa se tratasse: era "um homem livre, bom, dedicado ao teatro e à cultura, que a todos faz falta".
"Não conheço mais ninguém que merecesse tanto ter o seu nome ligado a este Auditório do que o Rui Guerreiro", disse Bruno Gomes, presidente da Ação Teatral Artimanha [ATA]. Mas por outro "triste" por ver o seu nome ali. "Era sinal que estaria hoje aqui connosco". 
As intervenções encerraram com as palavras emocionadas de Álvaro Amaro, Presidente da Câmara de Palmela e amigo de Rui Guerreiro, a quem começou por agradecer o mérito "de uma manifestação desta natureza em Pinhal Novo, numa cerimónia que é naturalmente sempre emotiva, mas que revela o melhor de cada um de nós e aquilo que conseguimos vivenciar, construir e sonhar em conjunto, também, nesta terra".
"Quem teve o privilégio de ser amigo do Rui, de com ele ousar sonhar, de discutir, de discordar, de construir cultura, sonho, liberdade, em Pinhal Novo, sabe que é verdade tudo aquilo que aqui já foi dito e que é, de facto, uma personalidade impar", sublinhou o autarca. 
Álvaro Amaro concluiu, defendendo "que a melhor homenagem que poderemos continuar a prestar ao Rui é seguir o seu sonho, o seu caminho e procurar fazer esse percurso com os seus valores, com a sua forma de ser, a sua forma de estar, transformando as mentalidades, transformando a cultura, transformando esta terra com a generosidade e os valores que ele defendia. Tudo aquilo que foi possível vivenciar no associativismo, na intervenção cívica, no teatro é um legado invejável. Ele faz-nos, de facto, muita falta. Continua a ser uma inspiração, mais do que uma recordação", concluiu o presidente do município.  

"Tens aqui a tua gente..." 
Dia de recordar o Rui por tudo que nos deixou 
"Hoje, Guerreiro, tens aqui as pessoas do teatro, da música, da política, do associativismo e da sociedade civil para aplaudir e festejar. Hoje é o teu dia: O dia Mundial do Teatro", disse Ana Guerreiro. E disse mais. "O teu ATA continua e continuará a desinquietar consciências e continua a ser aplaudido pelo seu [cada vez mais numeroso] público". Assim, sublinhou Ana Guerreiro, "o teu legado continua bem ativo e cada vez mais interveniente e presente nesta comunidade". 
A homenagem a Rui Guerreiro contou, ainda, com a animação musical dos Gaiteiros do Bardoada e dos Bota o Oubido No Carril e encerrou com um brinde com abafadinho caramelo.
Recorde-se que a renomeação do Auditório, que passou a chamar-se Auditório Rui Guerreiro, foi aprovada em Reunião de Câmara, a 16 de Fevereiro deste ano, em homenagem a esta personalidade que muito contribuiu para o desenvolvimento do teatro e do património cultural do concelho. A ideia partiu do jornalista José Manuel Rosendo, do ATA e depois aprovada em reunião do executivo por todas as forças políticas com assento na autarquia. 
Ao longo do seu percurso ligado ao associativismo e à criação teatral (Grupo ATA - Ação Teatral Artimanha), participou em inúmeros projetos artísticos como produtor, encenador e ator. Projetos como o Festival de Teatro pela Paz, o FIG - Festival Internacional de Gigantes, a Queimada Mística, as Noites de Verão, entre outros, contaram com o seu contributo e empenho.
Em 2018, o Município atribuiu-lhe a Medalha Municipal de Mérito - Grau Prata, [e que deveria ser ouro, como referiu outro dos seus amigos, Jaime Mestre], em reconhecimento do seu trabalho e dedicação à vida cultural da comunidade.
A Ação Teatral Artimanha foi eleita para o prémio Mérito Cultural 2021, pela ADN-Agência de Notícias e pela PopularFM. Prémio que será entregue em Junho, durante o evento que pretende lembrar as Festas Populares do Pinhal Novo. 

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