Trabalhadores da fábrica de Palmela "chumbam" pré-acordo salarial

2433 trabalhadores [60 por cento] rejeitam acordo para dois anos na Autoeuropa 

Os trabalhadores da Autoeuropa, em Palmela, rejeitaram esta sexta-feira um segundo pré-acordo laboral, com 60 por cento de votos contra e apenas 39,1 por cento a favor, tal como já tinham chumbado o anterior, a 21 de Maio do ano passado. A maioria dos cerca de cinco mil trabalhadores votaram contra o acordo que garantia dois por cento de aumento salarial em 2022 e 2023. O pré-acordo laboral garantia também a vinda de um novo veículo da Volkswagen para ser produzido na fábrica de Palmela, que, atualmente, produz apenas a nova versão do T-Roc e a Volkswagen Sharan, mas está previsto que este último modelo seja descontinuado dentro de poucos meses. A administração da empresa, por seu turno, refere que irá reunir com a Comissão de Trabalhadores.
Maioria dos trabalhadores reclamam acordo melhor 

Na votação realizada nos últimos dois dias, quinta e sexta-feira, a maioria dos cerca de cinco mil trabalhadores da Autoeuropa rejeitaram o novo pré-acordo, com 2.433 votos (60 por cento) contra e apenas 1.583 a favor (39,1 por cento). Os restantes são brancos e nulos.
O pré-acordo laboral que foi rejeitado garantia aumentos salariais de dois por cento em 2022 e 2023, com aumentos mínimos de 25 euros em 2022 e de 30 euros em 2023, a par da criação de mais um escalão – letra G –, que permitia aos trabalhadores que já estão no topo de carreira (letra F) beneficiarem de um aumento adicional de cerca de dois por cento. 
O compromisso alcançado este mês de Fevereiro pela Comissão de Trabalhadores e a administração da Autoeuropa previa ainda a manutenção do quarto turno e a possibilidade de um máximo de 44 ‘down-days’ (dias de não produção, mas que seriam pagos na íntegra aos trabalhadores) face à previsível falta de semicondutores, que, no ano passado, obrigou a várias paragens de produção.
O pré-acordo laboral garantia também a vinda de um novo veículo da Volkswagen para ser produzido na fábrica de Palmela, que, atualmente, produz apenas a nova versão do T-Roc e a Volkswagen Sharan. 
No comunicado em que anuncia os resultados da votação, a Comissão de Trabalhadores refere que “face à vontade expressa democraticamente pela maioria dos trabalhadores, irá esta semana reunir e fazer a avaliação dos resultados desta votação, bem como exigir à empresa o regresso à mesa negocial”.
A Autoeuropa vai aumentar a produção da carrinha Sharan e reduzir a do T-Roc. Para responder à procura do mercado, confrontado com atrasos na disponibilização de modelos das várias marcas automóveis, devido à escassez de semicondutores, a fábrica de Palmela vai mudar o ritmo de produção dos seus dois modelos.
O monovolume Sharan, cuja produção estava prevista terminar em novembro deste ano, começou a sair das linhas de produção da Autoeuropa em Setembro de 2010. Tinha o seu fim traçado para 2020, mas, em 2019, a administração decidiu prolongar o seu tempo de vida mais dois anos, ou seja até 2022, tal como foi anunciado na altura. Mas, precisamente porque este é um modelo mais antigo, incorpora menos semicondutores, o que leva o mercado a valorizar e procurar mais a “velha” carrinha Sharan.



Comentários