Três homens constituídos arguidos por furto de catalisadores em Pinhal Novo

Preço elevado de platina, paládio e ródio explica crescimento deste crime

Foram constituídos arguidos três homens, com idades compreendidas entre os 20 e os 27 anos, por serem suspeitos do furto de catalisadores na localidade do Pinhal Novo.  Em comunicado, a Guarda Nacional Republicana (GNR) informa que se deslocou ao local na sequência de uma denúncia a dar conta de uma tentativa de furto de catalisador. Os militares deram então conta da existência de uma viatura, com os fios cortados, que se encontrava elevada com recurso a um macaco hidráulico. Foi ainda verificada uma viatura suspeita com três indivíduos no seu interior, que se colocaram em fuga e foram depois intercetados pela GNR.  A "moda" de roubar catalisadores de carros voltou, com assaltantes a conseguir milhares de euros com venda dos componentes. Metais como paládio, platina e ródio podem valer cerca de seis euros o grama. Em Pinhal Novo, este tipo de furto tem sido muito frequente. 
GNR desmantela bando que roubava catalisadores 

No seguimento desta ação, apurou-se que o veículo utilizado pelos suspeitos dispunha de matrículas falsas, tendo depois sido efetuada uma busca, onde foi possível apreender "uma serra elétrica, um macaco hidráulico e dois catalisadores que os suspeitos não conseguiram justificar a sua proveniência, motivo pelo qual foram apreendidos", explica fonte da GNR à ADN-Agência de Notícias. Os suspeitos foram constituídos arguidos, e os factos comunicados ao Tribunal Judicial de Setúbal.
A GNR aproveitou este caso para sublinhar que tem estado atenta a este fenómeno e que tem investido os seus recursos na prevenção e na fiscalização, por forma a "monitorizar o fenómeno criminal de furto de catalisadores e posterior venda". No entanto, reforça que "é fundamental as pessoas continuarem a denunciar este tipo de crime, por forma a empenhar os recursos disponíveis nos locais onde há maior incidência".
Para prevenir este crime, a GNR deixa alguns conselhos: evitar estacionamentos em locais ermos ou com má iluminação, caso se depare com uma situação de furto de catalisadores ou de peças de veículos, deverá contactar as autoridades o mais rapidamente possível, devendo, até à chegada destas, recolher o número máximo de elementos de informação possível.
Em Pinhal Novo, este tipo de furto tem sido muito frequente. Há várias denuncias quer na GNR quer nas redes sociais, de roubos a catalisadores de automóveis. 

Porque se roubam catalisadores? 
Furto  atinge recorde este ano devido ao preço do metal
Tal como sucedia diariamente nos últimos meses, Ana Oliveira estacionou o carro, numa manhã de Setembro, junto a uma árvore nas traseiras da sua casa, uma opção para proteger o veículo do sol, no lado sul do Pinhal Novo. O que não podia adivinhar é que ao final da tarde quando se preparava para retirar o seu Volkswagen desse local ao ligar o motor o ruído que ia ouvir era diferente. Estranhou e, como mora perto de uma oficina, andou umas centenas de metros e pediu que levantassem o carro. Nesse momento soube a que se devia esse barulho forte e estranho: tinha ficado sem o catalisador. Dois cortes nas pontas do tubo de escape eram a prova de que tinha sido roubado.
Nessa tarde, Ana tornou-se uma das 3206 pessoas que até Outubro foram surpreendidas pelo desaparecimento desse dispositivo que filtra as emissões tóxicas do motor e as transforma em gases mais limpos como H2O, CO2 ou nitrogénio. Um aumento exponencial quando comparado com as 839 queixas de todo o ano de 2020.
Ficou também a saber que não era o primeiro caso a acontecer na zona onde mora, no Pinhal Novo, e que diariamente estavam a ser conhecidos casos como o seu.
A falta de segurança e de vigilância atenta da GNR é, desde há muito tempo, motivo de crítica da população local. 
Os catalisadores, colocados nos tubos de escape dos automóveis, são compostos por platina, paládio e ródio, entre outros, e permitem filtrar as emissões tóxicas provenientes do motor e transformá-las em gases inofensivos. Para roubarem os catalisadores os assaltantes têm de cortar (com recurso a uma rebarbadora) a blindagem que protege o motor dos carros e depois as pontas do tubo de escape que são unidas pelo catalisador.
O objetivo é depois conseguir vender a pequenas oficinas ou a sucatas. Só os metais como o paládio, platina e ródio podem valer cerca de 65 euros o grama, segundo o Jornal de Notícias dá conta do aumento deste tipo de roubos. E se os catalisadores vendidos a pequenas oficinas podem valer pouco mais de 100 euros, os valores aumentam substancialmente quando se olha para o valor que cada uma destas peças pode ter nos carros novos: 1.500 euros.
O esquema envolve a falsificação de faturas, da parte das sucatas, para depois poderem revender os metais nobres a outras sucatas que tenham os alvarás necessários para poderem comercializar e transportar este tipo de materiais. Segundo o mesmo jornal, grande parte destes negócios dá-se entre sucatas portuguesas e espanholas já que a fiscalização existente é muito menor.
A PSP e a GNR estão preocupadas também com o impacto que este fenómeno tem no ambiente. Como refere alguns dados conhecidos, "os veículos não podem circular sem este componente [catalisador] e a recolha dos componentes realizada de forma ilegal e sem cumprir as normas de segurança ambiental é suscetível de causar perigo para o ambiente". 

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