ANA sem "plano B" se Governo não quiser novo aeroporto no Montijo

"O momento de debate já passou, temos que passar para a fase de implementação, o país precisa muito desta capacidade" 

"Se a opção do aeroporto do Montijo chumbar, não há plano B". A garantia foi dada por Thierry Ligonnière, CEO da ANA – Aeroportos de Portugal, ao garantir que, caso esta opção não avance, "é preciso fazer um novo projeto de aeroporto e um novo estudo de impacte ambiental. Um novo projeto são dois anos", alertou no 32.º Congresso da Hotelaria e Turismo. A ANA defende a opção Montijo mas lembra que a decisão final não está nas suas mãos. "É a solução mais rápida e mais barata e a que tem menor impacto ambiental", disse, acrescentando que "o que vai estar em cima da mesa será o que o Governo decidir. Nós somos uma concessionária e não decidimos". O Governo deve decidir o local final só em 2023. O Presidente da República voltou a sublinhar a necessidade de haver uma decisão quanto à localização do novo aeroporto de Lisboa, notando que esse é um “problema crucial” que o “preocupa”, bem como ao setor do turismo. “É inconcebível chegar ao fim deste segundo mandato sem uma decisão sobre o aeroporto”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
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Lisboa precisa de um novo aeroporto. É a ideia reafirmada há muito por todos os operadores do sector do turismo e reafirmada esta quinta-feira, no 32º Congresso da Associação da Hotelaria de Portugal, que decorre até sexta-feira, em Albufeira, no Algarve, sob o lema “O Turismo tem futuro”.
A maior parte defende a solução Montijo mas os estudos de impacto ambiental travaram o processo. Mas é a única solução que a ANA – Aeroportos de Portugal – tem em cima da mesa, admitiu, esta quinta-feira, o presidente da empresa, durante o debate sobre “a importância da acessibilidade aérea na recuperação do turismo em Portugal”.
“A decisão fica nas mãos do próximo governo", disse o presidente da ANA, Thierry Ligonnière, sublinhando que há urgência nessa decisão, apelando até a um consenso nacional. “Temos de estar unidos e dizer que temos de avançar o mais rapidamente possível. Não ponham em causa a solução que já tinha sido aprovada por três governos diferentes. O momento de debate já passou, temos que passar para a fase de implementação, o país precisa muito desta capacidade”.
No entanto, Thierry Ligonnière lembrou que “tempo é dinheiro”, até porque “no caso do Montijo já temos o projeto. Se, efetivamente, depois da Avaliação Ambiental Estratégica, outra opção for seguida, obviamente que isto vai demorar mais tempo”.
E deixou outro alerta: “Nós temos vontade de investir, temos o projeto pronto. Obviamente que uma solução mais cara vai ser mais difícil encontrar soluções de financiamento”.
Thierry Ligoninnière afirma que está disponível para falar o mais rapidamente com o novo (governo) interlocutor que sair das eleições de 30 de Janeiro de 2022.
Recorde-se que, em março deste ano, o Governo pediu uma Avaliação Ambiental Estratégica para o novo aeroporto de Lisboa e estão a ser estudadas três opções: Portela como aeroporto principal e Montijo como complementar; Montijo como principal e Portela como complementar; novo e único aeroporto em Alcochete. E o Governo já apontou a entrega do documento apenas para 2023, o que significa que não existirá um novo aeroporto antes disso.
No debate participou também a presidente da TAP, Christine Ourmières, que garantiu que a transportadora aérea nacional se irá adaptar à solução que for encontrada para o novo aeroporto.
Recorde-se que ainda na última quarta-feira o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Raúl Martins, considerou que será possível ter um novo aeroporto em Lisboa até 2025.

Marcelo promete pressionar o Governo 
O Presidente da República voltou a sublinhar a necessidade de haver uma decisão quanto à localização do novo aeroporto de Lisboa, notando que esse é um “problema crucial” que o “preocupa”, bem como ao setor do turismo. “É inconcebível chegar ao fim deste segundo mandato sem uma decisão sobre o aeroporto”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Chefe de Estado falava esta sexta-feira durante o 32.º Congresso da Hotelaria e Turismo, que decorre em Albufeira, onde aproveitou para tocar no assunto das acessibilidades aéreas, sublinhando a importância que este “problema crucial” tem para a recuperação do turismo. “[O problema] da acessibilidade aérea existia antes da pandemia e continua a existir. Desiludam-se os que pensavam que com a pandemia estava adiado”, disse.
Sublinhando que “não há todo o tempo do mundo”, Marcelo afirmou ser “inconcebível” terminar este segundo mandato sem uma decisão quanto a esta infraestrutura, tal como já tinha referido em Setembro, no Dia Mundial do Turismo. “Não me anima a ideia de ver terminado o meu segundo mandato sem que uma matéria que vinha de um mandato anterior tenha sido equacionada, decidida e objeto de execução”, referiu, na altura.
Assim, voltou a pressionar, afirmando que “qualquer decisão, por má que seja, é melhor do que uma não decisão”. E continuou: “O pior que pode haver na vida é não se decidir para não correr o risco de não se decidir o ideal".
Marcelo referiu ainda que “não é possível ter um Governo que decide uma coisa e outro que tenta definir outra”. “O que, certamente, é medíocre é adiar-se aquilo que tem de ser decidido, que é um problema da sociedade portuguesa, de todos nós”, rematou.

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