Oposição tira Assembleia Municipal à CDU em Palmela

Álvaro Amaro tomou posse como presidente mas oposição liderada pelo PS ocupa presidência da Assembleia Municipal

A cerimónia de tomada de posse da Assembleia Municipal e Câmara de Palmela, realizada na segunda-feira, no Cine-Teatro S. João, marcou o início de um novo ciclo de trabalho autárquico. Perante uma casa cheia, Álvaro Amaro, reeleito pela CDU, afirmou que dá início ao mandato "com energia, com foco e com a tranquilidade de quem quer trabalhar com as pessoas".  O executivo camarário conta agora com quatro membros da CDU. Além do presidente, os comunistas elegeram três vereadores, os socialistas continuam com três mandatos. Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela e PSD elegeram um vereador cada. Mas a grande surpresa veio da Assembleia Municipal onde a CDU ganhou nas urnas mas, pela primeira vez, não vai presidir o órgão máximo do município.  O socialista José Carlos Sousa foi eleito presidente da Assembleia Municipal de Palmela, após votação para a constituição da mesa deste órgão deliberativo. PS, Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela e PSD, que no total conquistaram 16 mandatos, acertaram acordos e destronaram a CDU (12 mandatos) do poder. Chega elegeu dois deputados e o BE, um deputado, que se absteve de apoiar qualquer lista.  "Se não optássemos por esta via, era mais do mesmo, e assim não valia a pena lutar", disse José Carlos de Sousa. Um mandato autárquico que promete "duras batalhas" nos próximos anos.  
"Gerigonça" de partidos tiram Assembleia Municipal à CDU 

Na primeira reunião da Assembleia Municipal, realizada nesta terça-feira, para eleição do presidente aconteceu o que nunca havia acontecido em terras de Palmela. Sempre o órgão supremo do município fora liderado pela CDU. Nas urnas, no dia 26 de Setembro, a CDU ganhou a Assembleia Municipal com mais 1217 votos do que o PS, a segunda força mais votada. Resultado: Ana Teresa Vicente, que presidiu a Assembleia no mandato anterior [e já sem maioria], levou a melhor sobre José Carlos de Sousa, candidato pelos socialistas. 
No entanto, sem maioria, os comunistas saíram fragilizados. Os nove deputados [mais os três presidentes de junta eleitos] não conseguiram chegar a acordo com outras forças partidárias. PS,  Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela e PSD - ainda com apoio parlamentar do Chega, que elegeu dois deputados municipais - uniram-se e retiraram a presidência das mãos de Ana Teresa Vicente. 
A votação foi feita de forma secreta e por escolha de duas listas.  O Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela e PSD viabilizaram, desde logo, a eleição de José Carlos Sousa, que obteve 18 votos a favor: os 16 somados de PS, Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela e PSD, além do Chega que tem dois deputados eleitos.  O  Bloco de Esquerda, que tem um deputado eleito,  absteve-se de apoiar qualquer uma das listas propostas. 
Ana Teresa Vicente (CDU), presidente cessante, recolheu apenas 12 votos favoráveis (tantos quantos os que a coligação do PCP com o PEV elegeu através do voto).
Para o socialista José Carlos de Sousa, novo presidente da Assembleia Municipal, "o caminho será de muito trabalho". 
O autarca explica a razão da "gerigonça" de partidos e movimentos de cidadãos. "Se não optássemos por esta via, era mais do mesmo, e assim não valia a pena lutar", sublinhou José Carlos de Sousa. 
A Mesa da Assembleia Municipal ficou composta com a eleição de Ana Sofia Costa, do Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela, como 1.ª secretária, e Dulce Marques, do PS, 2.ª secretária.

As prioridades do presidente para este mandato 
Autarca quer continuar trabalho de investimento no concelho 
Na segunda-feira, perante uma casa cheia, Álvaro Amaro, reeleito pela CDU, afirmou que dá início ao mandato 2021-2025 "com energia, com foco e com a tranquilidade de quem quer trabalhar com as pessoas".
"Acredito que todas e todos estão imbuídos deste espírito e que, em conjunto, seremos capazes de criar coisas bonitas para este concelho e de corresponder às expetativas e à confiança que a população depositou em nós", realçou o presidente da Câmara. 
Álvaro Amaro referiu que o projeto de desenvolvimento apresentado "tem uma visão muito concreta para o concelho, com políticas de continuidade, por um lado, que permitam continuar a trilhar o caminho de boas contas, redução de impostos e taxas, criação de emprego qualificado, coesão social e territorial".
O presidente destacou a continuidade do investimento no reforço e modernização de infraestruturas; qualificação do espaço público; beneficiação da rede viária; ampliação da rede ciclável; e criação e qualificação de equipamentos públicos (escolas, equipamentos de saúde, sociais, culturais e desportivos).
Prosseguirá também o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em áreas como a saúde, envelhecimento ativo, inclusão, sustentabilidade ambiental ou combate e adaptação às alterações climáticas. Destaque ainda para o ordenamento do território, com a discussão da proposta de Plano Diretor Municipal a marcar os primeiros meses de mandato, e para a habitação, com a concretização da Estratégia Local de Habitação, já aprovada.
O executivo camarário conta agora com quatro membros da CDU. Além do presidente, os comunistas elegeram Fernanda Pésinho, Luís Miguel Calha e Maria João Camolas. Os socialistas continuam com três vereadores: Raul Cristóvão, Mara Rebelo e Pedro Taleço. Carlos de Sousa foi eleito pelo Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela e Paulo Ribeiro defende a social-democracia. 
Também a ex-presidente da Assembleia Municipal, Ana Teresa Vicente, manifestou entusiasmo redobrado no início deste novo ciclo. 
"Para todos, desejo um excelente mandato nos diversos órgãos onde vamos exercer as nossas funções e que, no final do mandato, saiamos com sentimento de dever cumprido e, sobretudo, que as populações reconheçam que honrámos os nossos compromissos", realçou a autarca que, um dia depois, não foi reeleita para o cargo. 
A par da tomada de posse, outro ponto alto da cerimónia foi a homenagem aos membros cessantes da Assembleia e da Câmara Municipal.
"Cada uma e cada um de vós foi uma peça de inestimável valor nesta estimulante construção que é o sistema democrático", destacou Álvaro  Amaro, deixando votos de sucesso e de que seja possível continuar a contar com o seu "empenho e intervenção cívica, na construção quotidiana deste território".
Ana Teresa Vicente sublinhou que todos "deram muito de si, durante muitos anos", deixando um agradecimento pelo "empenho, dedicação, lealdade e confiança". 
A cerimónia contou ainda com um momento musical com Pedro Santos & João Pedro Silva, acompanhados pela bailarina Iolanda Rodrigues. 


Comentários