Câmara diz que Centro Hospitalar de Setúbal está a funcionar "com qualidade"

André Martins considera que é preciso contratar mais médicos com urgência

O presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, afirmou esta segunda-feira que o Hospital de São Bernardo, do Centro Hospitalar de Setúbal, “está a funcionar e com qualidade", apesar do pedido de demissão de 87 médicos. “O hospital está a funcionar, os profissionais da saúde estão cá, está-se a prestar o melhor serviço - aquilo que é tradicional neste hospital -, um serviço de grande qualidade, mas existem aqui dificuldades”, disse André Martins aos jornalistas após reunir com o Conselho de Administração e com o diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal. Para André Martins, o hospital "precisa que a obra de ampliação das urgências avance urgentemente e que, em simultâneo, seja pensada a reclassificação e a qualificação de Centro Hospitalar de Setúbal de forma integrada, evitando soluções que resolvem problemas, mas que, a seguir, podem criar problemas ainda maiores". 
Autarca iniciou mandato com reuniões no hospital de Setúbal

“É por isso que todos estamos empenhados em que, quem tem responsabilidades [Governo] as possa assumir e resolver estes problemas”, acrescentou o autarca setubalense, salientando que a resolução desses problemas passa pelo cumprimento de algumas promessas que têm sido sucessivamente adiadas.
A “ampliação do Hospital de São Bernardo”, principal unidade de saúde do Centro Hospitalar de Setúbal, “e a criação de condições para que os serviços tenham os profissionais necessários”, foram duas prioridades enunciadas pelo recém-eleito presidente da Câmara de Setúbal.
Confrontado com a notícia avançada pelo Ministério da Saúde, de que o Hospital de São Bernardo vai receber mais 10 médicos, André Martins considera que não serão suficientes.
“O que nos é dito é que isso não é suficiente porque ao longo de anos deixou de se investir nos profissionais que foram aqui formados e que, quando chegam ao final da formação, saem do hospital. Não havendo a garantia da continuidade desses médicos que são aqui formados, e havendo outros que vão chegando ao limite de idade, começa a haver dificuldades de garantia da continuidade destes profissionais e do nível que nós temos tido até aqui na prestação dos serviços de saúde”, disse André Martins.
O autarca diz ainda que irá reunir, neste semana, com organizações representativas dos trabalhadores do hospital para aprofundar estas matérias. "Face aos problemas que afetam o nosso hospital, estou plenamente solidário com todos os que vão manifestar-se nesta terça-feira, dia 12 de Outubro, pela defesa do Hospital de São Bernardo", realçou o chefe do executivo sadino. 

Reclassificação permitiria um aumento significativo da receita do hospital
Apesar das demissões hospital funciona em pleno 
O presidente da Câmara de Setúbal reafirmou também a necessidade de uma reclassificação do Hospital de São Bernardo, que permitiria um aumento significativo da receita do hospital.
A reclassificação do Centro Hospitalar de Setúbal para um nível superior é também uma reivindicação de alguns médicos contactados pela Lusa, que não só consideram tratar-se de uma alteração justa face aos serviços prestados, como consideram ser um passo fundamental para se criarem condições para promover uma maior atratividade e assegurar a fixação de jovens médicos num hospital que serve uma população de cerca de 300 mil pessoas dos concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra.
Tal como o presidente da Câmara de Setúbal, o diretor clínico de, Nuno Fachada, também procurou transmitir uma mensagem de confiança à população de Setúbal, assegurando que o pedido de demissão de 87 médicos foi um “grito de alerta”, mas que todos eles continuam a trabalhar normalmente.
“Os médicos vão manter-se com as condições que têm, mas empenhados em continuar o seu trabalho de assistência e de responsabilidade. Cabe aos médicos serem verdadeiros perante os doentes. E nós temos, do ponto de vista deontológico e ético, um juramento que nos obriga a fazê-lo. Não podemos ignorar ou mentir sobre a situação, que é grave. E, portanto, nós alertámos”, sublinhou o diretor clínico demissionário do Centro Hospitalar de Setúbal.
Questionado pela agência Lusa, Nuno Fachada não quis dizer quantos médicos considerava necessários neste momento para assegurarem o bom funcionamento do hospital de São Bernardo, mas reconheceu que a contratação de 10 novos clínicos anunciada pelo Ministério da Saúde é insuficiente.
Segundo Nuno Fachada, o Centro Hospitalar de Setúbal tem atualmente 267 médicos especialistas no quadro, 135 internos da especialidade, 32 internos do 1º ano (ano comum), 104 tarefeiros individuais e um sem número de prestadores, através de empresas de contratação de médicos.
Na quarta-feira da semana passada, um grupo representativo dos 87 diretores e coordenadores de serviços do Hospital de São Bernardo pediram a demissão, afirmou, em conferência de imprensa realizada na delegação de Setúbal da Ordem dos Médicos.

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