Almada e Setúbal na história do ciclismo feminino

Estradas do distrito receberam primeira Volta a Portugal Feminina

Cerca de uma centena de ciclistas, representando equipas portuguesas, espanholas e britânicas, integram a primeira prova nacional de ciclismo feminino, um marco na história do desporto feminino. Arrancou, nesta quinta-feira, a edição inaugural da Volta a Portugal Feminina. O emblemático pórtico do antigo estaleiro da Lisnave, em Cacilhas, foi o local eleito para o início da prova, que decorre até este domingo. A prova pedalou até Setúbal - com passagens pelo Casal do Marco, Coina, Penalva, Pinhal Novo, Lau, Palmela, Azeitão e Arrábida - onde a atleta britânica, Danielle Shrosbree, foi a mais rápida a percorrer os 81,5 quilómetros, suplantando na chegada a colega de equipa Lucy Lee, igualmente inglesa, enquanto a terceira foi a ciclista olímpica portuguesa Raquel Queirós.
Volta feminina arrancou no distrito de Setúbal 

As 14 equipas foram apresentadas no Marquês de Pombal, em Lisboa, de onde as participantes partiram, em desfile, até ao Cais do Sodré, de onde seguiram de ferry para Cacilhas. Uma recriação do início da primeira Volta a Portugal masculina, em 1927. 
Com apenas 18 anos, Beatriz Pereira, a campeã nacional de juniores, é uma das participantes da prova inaugural, tendo ficado classificada entre as oito melhores da primeira etapa. Para a jovem ciclista, que ambiciona uma carreira internacional no mundo do ciclismo, "é um orgulho participar nesta prova histórica que tem uma importância enorme no ciclismo feminino português".
Receber em Almada o "arranque oficial da primeira Volta a Portugal Feminina, um contributo importante para a igualdade, com a mais-valia de acolher todas as ciclistas que chegam ao nosso concelho de cacilheiro, é para nós um grande motivo de orgulho", afirmou Inês de Medeiros, presidente da Câmara de Almada.
Danielle Shrosbree, 27 anos, com a dorsal número 121, não escondeu a alegria pela vitória nesta primeira tirada de uma prova inédita em Portugal.
“É uma sensação espetacular participar na primeira edição deste evento. Há atletas muito fortes e foi incrível vencer. Estou expectante sobre o que poderei fazer na etapa de amanhã, mais montanhosa do que a de hoje”. 
Danielle Shrosbree é também a primeira nas classificações da montanha, vestindo a Camisola Azul Polisport, e dos pontos, o que lhe garante a Camisola Vermelha Cofidis.
Na chegada, a atleta recebeu das mãos da presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, e do vereador do Desporto, Pedro Pina, o troféu Oceana Zarco, corredora setubalense da década de 1920, uma das grandes pioneiras do ciclismo feminino.

Portuguesas também fazem história 
Ciclistas partiram de Cacilhas rumo ao Sado 
Raquel Queirós, da equipa da BTT Matosinhos, foi a melhor portuguesa ao ficar como terceira classificada.
“Senti-me bastante bem. Apesar de não ter muitas subidas, esta etapa tornou-se muito dura. Estou feliz com as minhas sensações hoje. Vamos ver o que conseguirei fazer, porque não sei ainda muito bem como as pernas irão reagir”, sublinhou a ciclista olímpica.
Destaque, ainda, para Laura Ruiz, da Rio Mieruelo/Cantabria Deporte, atual camisola branca júnior do Instituto Português do Desporto e Juventude, enquanto por equipas a liderança é da formação britânica Team LDN/Brother UK.
A etapa inaugural da primeira edição da Volta a Portugal Feminina, marcada por calor intenso e algum vento, incluiu uma contagem de montanha em Palmela e uma meta-volante em Azeitão.
Outro destaque foi a veloz descida até à meta, instalada na Avenida Luísa Todi, junto da zona do Largo José Afonso, após a passagem por um troço da Serra da Arrábida.
A primeira Volta a Portugal Feminina Cofidis, organizada pela Federação Portuguesa de Ciclismo, com o apoio das autarquias de Almada e Setúbal, decorre até dia 5, com quatro etapas, num total de 259,3 quilómetros.
Dia 3 o pelotão corre a segunda etapa, com uma ligação de 72 quilómetros entre Mafra e Loures.
A 4, disputa-se a terceira, um contrarrelógio individual em Vila Franca de Xira, num percurso de 11,1 quilómetros.
O último dia da competição, no dia 5, encerra com uma ligação de 94,7 quilómetros entre Caldas da Rainha e Lisboa, como aconteceu na primeira Volta masculina, realizada em 1927.
Ao todo, participam 84 ciclistas em representação de 14 equipas de Portugal, Espanha, Alemanha, Suécia, Estónia, Reino Unido, Irlanda, Colômbia e Nova Zelândia, com o dorsal número 1 a pertencer a Celina Carpinteiro, da 5Quinas-Albufeira-CDASJ, antiga campeã nacional em várias vertentes.
A motivação de jovens ciclistas e o contributo para o desígnio da igualdade de género no desporto são os principais objetivos do novo evento.

Comentários