Medalha de ouro olímpica já chegou ao Pinhal Novo

A promessa de Pedro Pichardo na chegada a Lisboa: "Não vou ficar por aqui"

Pedro Pablo Pichardo, vencedor da medalha de ouro do triplo salto masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020, foi recebido em festa por dezenas de pessoas no Aeroporto de Lisboa. O atleta português, de 28 anos, aterrou antes das 23 horas em Lisboa, e foi recebido por vários adeptos. Com a medalha de ouro ao peito, o campeão olímpico ouviu o hino nacional interpretado pela banda sinfónica da Polícia de Segurança Pública. "Sinto uma emoção muito grande. Esta receção foi magnífica, sinto-me muito feliz por o povo português me ter recebido desta maneira. É algo muito gratificante", começou por dizer Pichardo, o atleta do Benfica que escolheu Pinhal Novo para viver com a família e pista de Atletismo de Setúbal para treinar.  "Não estava à espera que o Comité Olímpico me escolhesse para levar a bandeira no encerramento. Foi uma responsabilidade e uma emoção muito grande", acrescentou o campeão olímpico de triplo salto que foi recebido por uma delegação da Câmara de Palmela e por dezenas de pessoas, já esta madrugada, quando chegou a casa, em Pinhal Novo. 
Atleta recebido em festa esta segunda-feira em Lisboa 

Pedro Pablo Pichardo chegou a Lisboa ao som do hino nacional, tocado por uma orquestra filarmónica da Polícia de Segurança Pública em pleno aeroporto. O atleta que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio no triplo salto começou por abraçar a mãe, exibiu a medalha e depois disse o que lhe ia na alma.
"Epá. Incrível, é uma emoção muito grande. Este recebimento foi magnífico, o povo português receber-me desta maneira é muito gratificante", disse ainda ao som do hino e dos aplausos das muitas pessoas que o foram esperar.
Pichardo ouviu atentamente o hino, mas não cantou. "Toda a gente sabe que tenho sotaque cubano. Não há diferença se canto ou não canto, já sei cantar o hino há muito tempo, o único problema é o sotaque, mas 'a Portuguesa' já faz parte de mim, é o meu hino também", referiu campeão olímpico.  
Uma emoção que se seguiu a outra, depois de Pichardo ter sido o porta-estandarte no fecho dos Jogos Olímpicos. "Foi uma emoção muito grande, uma responsabilidade um bocado grande para mim, não estava à espera", comentou.
Uma medalha de ouro em Tóquio e já outra em perspetiva, dentro de três anos, em Paris. "Espero bem que sim, da minha parte vou continuar a trabalhar para que isso possa acontecer", referiu.
A glória sustentada num salto incrível de 17,98 metros. Um salto que, visto de fora, até pareceu fácil. "Não tem sido nada fácil, todo o mundo acha que aquela marca foi fácil, mas já tenho muitos anos a trabalhar para chegar àquela fase. Vamos continuar a trabalhar para que nos próximos Jogos possa acontecer a mesma coisa", destacou.
Pichardo já tinha várias medalhas de ouro, mas olímpica foi a primeira. "Vai ficar no mesmo sítio onde tenho as outras, Não vou ficar por aqui, vou continuar a trabalhar para conseguir mais medalhas, sejam olímpicas, mundiais ou europeias", prometeu.
A fechar, Pichardo voltou a dedicar o título ao povo português. "Já tinha dito, a minha única maneira de agradecer ao povo e ao país é trazer medalhas e resultados. É a única maneira de agradecer pela forma como fui acolhido", referiu ainda.
O desejo de bater o recorde do mundo...
Pichardo quer continuar a ganhar medalhas por Portugal 
"Ele nasceu para vencer e conquistar o lugar mais alto do pódio. Felizmente através do Benfica descobriu Portugal e a liberdade para o fazer. É reservado e grato! Focado e determinado. Tem um sentido de família que une, protege e muito nos orgulha. Como portugueses também nos deviamos sentir gratos e orgulhosos por atletas como o Pedro escolher o nosso país, a nossa cultura e os nosso valores. Este é um dia muito especial para o Pedro. Pela primeira vez cantou o hino da pátria que o acolheu. A historia começou a escrever-se quando voou para o ouro", disse Ana Oliveira do projeto Olímpico do Benfica.
Desertou em Abril de 2017 durante um estágio da seleção cubana em Estugarda (Alemanha). A notícia correu mundo. Era um das maiores promessas do atletismo cubano e do triplo salto, vice-campeão mundial e ficou impedido de representar o país a nível internacional e de regressar à ilha durante oito anos.
Ele ficou "em parte incerta" e o destino só foi conhecido mais tarde. Lisboa e Benfica. O clube da Luz conseguiu-o desviar do Barcelona e apresentou-o como vice-campeão mundial em 2013 e 2015 e um dos cinco triplistas que já voaram para lá de 18 metros.
Pichardo já tinha entrado em rota de colisão com a Federação Cubana de Atletismo em 2014. Queria abandonar o técnico Ricardo Ponce e passar a ser treinado pelo pai (Jorge Pichardo, hoje seu treinador no Benfica), mas acabou suspenso por seis meses. Isso não abalou a ascensão. Ele estava destinado a altos voos. E na semana passada saltou para o ouro olímpico em Tóquio com as cores portuguesas pelo sentimento de Setúbal [onde treina] e no Pinhal Novo, onde mora e onde foi recebido já nesta madrugada com dezenas de pessoas. "Afinal agora está em casa, na nossa terra que escolheu para ter paz e para treinar para ser um dos melhores do mundo", dizia um morador que foi abraçar o campeão olímpico.  
Uma comitiva de Palmela e do Pinhal Novo, liderada por Adilo Costa, vice-presidente da Câmara de Palmela, também estivem no Aeroporto de Lisboa para dar as boas-vindas a Pedro Pichardo. 
"É pouco falar em dívida de gratidão", dizia Adilo Costa enquanto esperava pelo atleta. "Não é residente no Pinhal Novo há muito tempo mas está com maior honra no território do concelho de Palmela, com grandes acessibilidades. Em 20 minutos está no local onde treina [na pista de atletismo de Setúbal]. É um marco para nós", dizia o autarca.
Em Junho, a autarquia já tinha "atribuído ao atleta a Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro, na área do Desporto, no âmbito das comemorações do Dia do Concelho de Palmela". Por ser campeão europeu de triplo salto em pista coberta, na Polónia, em Março deste ano. "Agora", diz Adilo Costa, "é o nosso maior orgulho, o primeiro medalhado olímpico do concelho". Um contributo que, espera o autarca, venha a "dinamizar e a contribuir" para que os jovens do concelho consigam lutar por objetivos maiores no desporto. 
O atleta do Benfica nunca o escondeu que o seu grande sonho é bater o recorde mundial da disciplina (Jonathan Edwards, 18.29 metros, Agosto de 1995), mas em entrevista ao Diário de Notícias em 2019 ele aponta mesmo ao 19 metros. Será capaz de um "voou" para a história? Para já é o melhor de Portugal, Europa e do Mundo. A nossa quinta medalha de ouro da história portuguesa dos Jogos Olímpicos, a maior competição desportiva do mundo, Depois de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nélson Évora, Pedro Pichardo fez ouvir pela quinta vez na História o Hino de Portugal num pódio olímpico. Um orgulho português... 


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