MP abre inquérito ao caso do menor atropelado na Arrentela

Pais falaram às televisões e explicaram como cada um vê o caso de alegado bullying

Um rapaz de 13 anos foi atropelado ao fugir de colegas de escola que o esmurravam no braço, na Arrentela, concelho do Seixal. O caso aconteceu na passada quinta-feira e já está entregue à Justiça, que identificou os intervenientes. O jovem foi assistido pelos bombeiros no local e transportado para o Hospital Garcia de Orta, de onde já teve alta. No vídeo que está a ser divulgado esta terça-feira nas redes sociais, é possível ver o jovem a ser perseguido por colegas, do sexo feminino. Uma delas esmurra-o no braço, que faz com que este atravesse a Estrada Nacional 10-2, na Arrentela, uma primeira vez. O Ministério Público já abriu um inquérito tutelar educativo no âmbito do caso do jovem que foi atropelado. Pai da vítima e mãe da agressora também já quebraram o silêncio. A PSP identificou também "todos os intervenientes nas agressões, em estreita colaboração com a escola".
Vítima de bullying acabou atropelado 

A rapariga atravessa a estrada em perseguição do rapaz para o esmurrar novamente e é incitada por colegas para o perseguir e bater. Nesse momento, o rapaz tenta atravessar novamente a estrada e é atropelado e projetado.
O pai do menino de 12 anos que foi atropelado, na Estrada Nacional 10-2 no Seixal, quando estava a ser vítima de uma alegada prática de bullying por parte de colegas falou à RTP3, onde revelou "revolta" e "profunda mágoa".
Nas palavras de José Lemos, "não houve, de modo algum, uma informação coerente" e "o que ficaria registado era que o miúdo tinha atravessado a estrada e que tinha acontecido aquilo [o atropelamento]".
Foi depois de ver o vídeo, que circula na Internet, que perceberam o que tinha sucedido e apresentaram queixa na Polícia de Segurança Pública (PSP), que investiga. A autoridade já confirmou a veracidade das imagens.
Neste momento, a queixa já foi formalizada "para duas pessoas", quem "filma e quem faz os atos". O pai da criança disse à estação pública que apenas recebeu um email da diretora de turma do filho que disse que a situação tinha sido "uma brincadeira".
"Desde o momento em que aconteceu o episódio temos sempre duas vias a seguir: a primeira é aquela que nunca se deve fazer e que está no coração de toda a gente, não é preciso dizer mais. A segunda é aquilo que se deve fazer até ao final, que é a lei", concluiu José Lemos.

"Não sei se querem que eu faça um vídeo a dar-lhe uma tareia"
Já a mãe da agressora, Cláudia Barata, diz que ficou "muito transtornada, muito triste e muito preocupada" com o que aconteceu e "principalmente com a criança que foi atropelada". À SIC, a mulher afirmou que a família teve uma reação "muito preocupada" e que tentou "fazer de tudo para entrar em contacto com os pais da criança".
"Mesmo que não tivesse sido atropelada - e se eu tivesse visto aquele vídeo - tinha a mesma reação que tive com a minha filha. Ela está com a cabeça feita em água, está de castigo, tirámos-lhe tudo. Não sei se querem que eu faça um vídeo a dar-lhe uma tareia e que ponha nas redes sociais, porque neste momento nas redes sociais é aquilo que acho que pretendem que eu faça", apontou ainda.
Para Cláudia Barata, neste momento "toda a gente quer a cabeça da Jéssica" e quer "que ela seja punida". "Não sei o que pretendem, se é que ela seja crucificada em direto", frisou, acrescentando que "os pais tiveram o direito de fazer uma queixa na PSP" e que o "caso vai para o Tribunal de Menores".
À SIC, a progenitora disse ainda: "Não sei porque é que não aguardaram o final desta história, preferiram por nas redes sociais, na televisão, para que toda a gente soubesse. Tentei falar com a mãe [da vítima] que não quis falar comigo".
Quanto à filha, Cláudia Barata diz que para a conhecer basta "falar com a diretora de turma, os professores e os colegas. "A Jéssica não é o monstro que estão a desenhar, aquilo foi uma brincadeira que correu muito mal, infelizmente, o menino decidiu atravessar a estrada sem olhar", embora no vídeo se vê claramente que a menina [incitada por outras crianças] também atravessa a mesma estrada atrás do menino. 
"Eles são crianças, não podemos considerar tudo bullying. Dispus-me, procurei todos os meios para falar com os pais e eles nunca aceitaram falar connosco", referiu. Quanto à vítima, a mãe da agressora indicou que a filha lhe disse que "o menino é um bocadinho chato e imaturo", ou seja, "pica-miolos".

Ministério Público abre inquérito ao caso
PSP identificou todos os intervenientes no vídeo 
De lembrar que a Procuradoria-Geral da República já informou que "os factos deram lugar à instauração de inquérito tutelar educativo, que corre termos na Ministério Público do Juízo de Família e Menores do Seixal".
"O inquérito tutelar educativo é de natureza reservada e encontra-se previsto na Lei Tutelar Educativa, quando estão em causa factos qualificados pela lei como crime, praticados por menor entre os 12 e os 16 anos", afirmou a Procuradoria-Geral da República, em resposta escrita à Lusa.
A PSP identificou também "todos os intervenientes nas agressões, em estreita colaboração com a escola". De acordo com a TVI, o incidente envolve alunos  da escola António Augusto Louro, na Arrentela, e a vítima sofreu ferimentos ligeiros, acabando por ser encaminhada para o hospital para ser assistida.

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