Vitória de Setúbal realiza Assembleia-Geral online a 30 de Março

Covid obriga a Assembleia-geral na internet numa altura onde faltam soluções financeiras ao clube 

O presidente da mesa da Assembleia-Geral do Vitória de Setúbal, David Leonardo, convocou para 30 de Março, pelas 20h30, uma Assembleia-Geral extraordinária 'online' para discutir a atual situação do clube. Em comunicado publicado no site oficial do clube do Campeonato de Portugal, o líder da mesa da Assembleia-Geral informa que a participação na Assembleia, que tem três pontos na Ordem de Trabalhos (discussão sobre a atual situação do Vitória; deliberação sobre outros assuntos prementes do clube e assuntos diversos), depende da prévia inscrição dos associados. Um dos assuntos a ser discutido serão os lotes de terreno doados pela autarquia ao Vitória. A revogação da doação devia ter ido a reunião da autarquia, mas o clube sadino pediu tempo para pensar melhor. Carlos Silva tinha já informado o município que não encontrou "investidores capazes de garantir a solvência" do clube e que os próximos três meses são vitais para a sobrevivência financeira.
Assembleia-geral online no final do mês 

"A participação na Assembleia depende da prévia inscrição através do envio de um 'e-mail' para o endereço ag@vfc.pt ou diretamente na Gestão de Sócios, até às 18 horas do dia 29 de Março, de modo a ser possível efetuar a necessária credenciação e operacionalizar o sistema informático que será utilizado", refere.
A Mesa da Assembleia-Geral garante ter feito todos os esforços para realizar a reunião magna presencialmente, mas essa pretensão não foi autorizada pelas autoridades de saúde.
"Face à pandemia que assola o mundo (covid-19), a mesa da Assembleia-Geral do Vitória viu-se confrontada com a emissão de um parecer desfavorável da Direção-Geral da Saúde quanto à realização de uma Assembleia Geral presencial, pese embora terem sido apresentadas diversas alternativas quanto ao local de realização da mesma (inclusivamente no Fórum Luísa Todi ou até no Estádio do Bonfim)", informa a nota.
Devido à necessidade urgente de reunir os associados, a própria Direção-Geral da Saúde recomendou ao clube, que reconhece que esta "não é a opção ideal", reunir através das plataformas digitais.
"Face à urgência dos assuntos em questão e porque não nos foram dadas garantias - muito pelo contrário - de que será possível reunir em assembleia geral presencialmente mesmo após o atual período de confinamento, outra hipótese não nos resta que não a realização da aludida Assembleia Geral através de meios eletrónicos à distância como, aliás, nos foi expressamente recomendado pelas entidades competentes", sustenta.
Refira-se que os atuais órgãos sociais do Vitória de Setúbal, clube que lidera a Série H do Campeonato de Portugal, foram eleitos em 28 de Dezembro de 2020, dia em que Carlos Silva se tornou presidente da direção, mas a situação continua muito complicada. 

Crise financeira sem fim à vista 
Situação do clube é muito preocupante dizem os responsáveis
A crise financeira do Vitória de Setúbal parece não ter fim à vista. O clube sadino devolveu os 65 prédios doados pela Câmara Municipal de Setúbal, no verão passado, para ajudar a SAD vitoriana a fazer face a uma avultada dívida às Finanças. Segundo o Plano de Recuperação Financeira (PER) em vigor, os sadinos devem 5,4 milhões ao Estado português (3,4 à Autoridade Tributária e ,8 à Segurança Social).
A votação da proposta de reversão da doação ia ser votada em reunião extraordinária da Câmara Municipal na sexta-feira, mas, na véspera (18 de Março), a direção do clube comunicou, escreveu o Diário de Notícias, que "necessitava de ponderar melhor" a decisão, tendo a autarquia aceito o pedido e esclarecido em comunicado que vai "continuar a contribuir para encontrar as melhores soluções para os problemas que o clube enfrenta".
Devolver porquê? Em Setembro, os sócios do clube vetaram em Assembleia Geral a ideia de dar os prédios como garantia do pagamento de uma dívida da Sociedade Anónima Desportiva. Em consequência disso, o presidente do clube, Carlos Silva, comunicou a reversão da doação no valor de 800 mil euros a Maria das Dores Meira, visto que o fim para o qual tinham sido doados não irá acontecer.
Em carta enviada à autarquia setubalense no dia 9 de Março, diz ainda o Diário de Notícias, o clube confirma ainda que o PER terá de ser renegociado uma vez que o atual foi aprovado tendo em conta a participação na I Liga e o clube foi depois condenado a descer ao Campeonato de Portugal, por incumprimento financeiro.
Carlos Silva refere ainda as "dificílimas condições financeiras" do emblema do Bonfim, confirmando que não encontrou investidores que possam "garantir a solvência do clube" e lembrando que a sustentabilidade financeira é de extrema importância para "nos próximos três meses garantir a subida à II Liga".
Com 110 anos de história, três Taças de Portugal (1964-65, 1966-67, 2004-05), uma Taça da Liga (2007-08) e 77 presenças no escalão principal, o Vitória atravessa uma crise sem precedente e enfrenta mesmo algumas penhoras e pedidos de insolvência que podem atrapalhar as ambições desportivas, caso falhe os pressupostos financeiros da Federação Portuguesa de Futebol. Para já a equipa é líder da Série H, com 46 pontos, à frente do Amora. 
No mês passado um grupo de quatro credores do Vitória de Setúbal pediu a insolvência da SAD por uma dívida de cinco mil euros. São quase 30 os processos em tribunal contra o emblema do Bonfim, por dívidas várias, a jogadores, treinadores, imobiliárias, Estado e até ao Hospital.

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