Empresas da região reclamam mais fundos comunitários para Setúbal

Distrito está cada vez mais pobre e sem capacidade para atrair investimento

Nuno Maia, que acaba de ser reeleito presidente da Associação da Indústria da Península de Setúbal, alerta para o facto de Setúbal continuar sem acesso a fundos europeus no financiamento de futuros projetos industriais. “O Banco Alimentar está cada vez com mais solicitações, a Cáritas tem cada vez mais procura na região e todas as instituições sociais locais não têm mãos a medir”, denuncia Nuno Maia.  Ou seja, Setúbal está cada vez mais pobre, com uma sucessão de fábricas a fechar - e a lançar milhares de pessoas no desemprego - e sem qualquer tipo de investimento público relevante. “Há mais de 20 anos que não há uma obra pública de grande dimensão na região de Setúbal”, enfatiza Nuno Maia. O presidente da Associação da Indústria da Península de Setúbal não entende porque é que a região que representa continua a não ter acesso a fundos comunitários só “porque, como está incluído na Área Metropolitana de Lisboa, é considerada uma zona rica. E, na verdade, Setúbal está cada vez mais pobre”.
Distrito está cada vez mais pobre diz AISET

O reforço da intervenção da Associação da Indústria da Península de Setúbal, para que a região volte a beneficiar dos fundos comunitários, é o principal objetivo da direção liderada por Nuno Maia, reeleita na quinta-feira.
"Um dos nossos objetivos neste novo mandato de três anos é fazer com que a Península de Setúbal volte a ser elegível para beneficiar dos fundos comunitários e não continue a ser fortemente prejudicada, pelo facto de estar inserida na região da Grande Lisboa", disse o diretor-geral reeleito, Nuno Maia, à agência Lusa.
A recuperação da economia regional, muito atingida pela pandemia, é outra prioridade da Associação da Indústria da Península de Setúbal, que considera fundamental que o Plano de Recuperação e Resiliência tenha larga aplicação na Península de Setúbal.
Nuno Maia salientou ainda a entrada de dois novos associados para a associação, a farmacêutica Hovione, com uma faturação anual de 155 milhões de euros, e da Ascenza, do setor agroquímico, que fatura 136 milhões de euros por ano.
A assembleia-geral eleitoral da Associação da Indústria da Península de Setúbal, realizada quinta-feira "online", reconduziu também os restantes elementos que já integravam a anterior direção: João Costa (ATEC), Jacinto Pereira (Baía do Tejo), Hélder Negrão (Dynasys) e Pedro Lagoa (Raporal).
No que respeita à assembleia-geral, o atual presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Pedro Dominguinhos, assume a presidência daquele órgão, tendo a seu lado Leonor Freitas (Casa Ermelinda Freitas), Gonçalo Garret (AICEP Global Parques).
O Conselho Fiscal será constituído por Carvalho dos Santos, da Lisnave, Nuno Flores, da Introsys, e Maria Martins, da Lauak.
Em Novembro do ano passado, a Associação da Indústria da Península de Setúbal e a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), que representa os nove municípios da Península de Setúbal (Almada, Alcochete, Barreiro, Palmela, Moita, Montijo, Seixal, Sesimbra e Setúbal) e ainda os municípios alentejanos de Alcácer do Sal e Santiago do Cacém, apelaram à concretização urgente da NUTS3-Península de Setúbal, para que a região não volte a ser prejudicada na atribuição de fundos comunitários.
NUTS é o acrónimo de Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos, sistema hierárquico de divisão do território criado pelo Eurostat para harmonização das estatísticas regionais dos vários países da União Europeia.
Este sistema hierárquico subdivide-se em NUTS1, NUTS2 e NUTS3, sendo que estas últimas (NUTS3) são unidades administrativas que correspondem a entidades intermunicipais.
Empresas e autarquias da região de Setúbal lutam, desde 2013, pela reposição da NUTS3-Península de Setúbal, que dizem ter sido extinta por "critérios administrativos, que não atendem às necessidades e potencialidades do território" da Península de Setúbal.

“Não é fácil colocar o tema na agenda política”
Associação quer mais investimento no distrito
Nuno Maia nota que Setúbal não só não é rico como muitos dos trabalhadores mais qualificados trabalham em Lisboa
Mas o que mais revolta o dirigente da associação empresarial é que até há potencial de investimento no distrito de Setúbal, só que muitos empresários retraem-se precisamente por não terem acesso a comparticipações comunitárias. E nem todos têm “poder de fogo” para suportarem sozinhos a totalidade dos investimentos.
Para tentar mudar o rumo do clima empresarial da região, Nuno Maia assume que um dos nossos objetivos neste novo mandato de três anos que agora inicia é “fazer com que a Península de Setúbal volte a ser elegível para beneficiar dos fundos comunitários e não continue a ser fortemente prejudicada, pelo facto de estar inserida na região da Grande Lisboa”.
O problema é que, segundo o mesmo responsável, “não é fácil colocar o tema na agenda política”, sendo que, se nada for feito nas próximas semanas, Setúbal continuará agregado a zona de Lisboa e sem direito a elegibilidade no acesso a fundos europeus.

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