Aeroporto em Alcochete obriga a construir ponte, autoestrada e alta velocidade

O Governo diz que aeroporto no Campo de Tiro “não é viável” porque obriga desde logo a infraestruturas

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, garantiu esta quarta-feira, no Parlamento, que a construção gradual do aeroporto no campo de tiro de Alcochete “não é uma solução viável” e que “nenhuma companhia aérea vai querer deslocar-se para aí”. De acordo com o Jornal de Negócios, que cita as declarações do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, no Parlamento, Alcochete só será viável com “um conjunto de infraestruturas desde logo”. Por isso, diz o ministro, “não há primeira fase sem nova ponte, sem autoestrada, sem alta velocidade”, garantiu. Pedro Nuno Santos, garantiu ainda que o Governo não avançará com a alteração da lei que retira poderes aos municípios, impedindo-os de "vetar" projetos de interesse nacional como seja um aeroporto, até que a avaliação ambiental estratégica que comparará três alternativas, entre as quais Alcochete, estiver no terreno. 
Opção Campo de Tiro é a mais cara para o país 

Em relação às localizações alternativas para a construção do novo aeroporto, o ministro disse que o perímetro da base aérea do Montijo é o dobro do aeroporto Humberto Delgado e igual ao de Heathrow, em Londres. Por outro lado, a escolha de Alcochete vai obrigar ao abate de milhares de sobreiros e destruição de habitat natural de muitas espécies.
No caso de “avançarmos para Alcochete, dificilmente não teremos de ir para uma solução que não seja fazer o aeroporto e começar rapidamente a fazer a saída do Humberto Delgado”, disse ainda o ministro.
A resposta foi dada ao deputado comunista Bruno Dias que quis saber porque ficou excluída a avaliação ambiental estratégica a opção de usar o Campo de Tiro de Alcochete como estrutura de apoio à Portela, numa primeira fase, o que encurtaria o calendário de execução de pelo menos sete anos avançado pelos críticos a esta opção. 
Quando a solução de Alcochete foi decidida no final da década passada, estava associada ao projeto da terceira travessia entre Chelas e Barreiro, que fazia parte da ligação em alta velocidade ferroviária entre Madrid e Lisboa, mas só o custo do tabuleiro rodoviário foi considerado no investimento previsto para o Campo de Tiro de Alcochete.
O Governo vai comparar o Campo de Tiro de Alcochete com duas hipóteses no Montijo, uma complementar à Portela e outra na qual o Montijo seria desenvolvido de forma gradual até ser a principal infraestrutura. Em Alcochete, “não há uma primeira fase sem nova ponte nem autoestrada, sem alta velocidade…. são 40 quilómetros de Lisboa em linha reta (e com o Tejo pelo meio, mas sem ligações fluviais).
O ministro até sinalizou que gostaria de ter este debate com os “ecologistas” que são, na sua generalidade contra a opção do Montijo. E na interação com a deputada Inês de Sousa Real avisou que Alcochete obriga a abater mil hectares de sobreiros. Sobre a proposta do PAN de incluir Beja na avaliação ambiental estratégica, diz que Beja "não pode ser o aeroporto da região de Lisboa não é competitiva, fica a 120 quilómetros de Lisboa em linha reta. Não é uma alternativa, é uma não solução", sublinha o ministro. 

"Se o Montijo disser não a Alcochete? Nunca mais temos aeroporto"
Aeroporto ainda longe do destino final 
Pedro Nuno Santos justificou ainda a alteração da lei que vai retirar poderes aos municípios, impedindo-os de “vetar” projetos de interesse nacional – como um aeroporto.
“Consideramos que a lei é errada, e que nenhum município sozinho deve ter poder de bloquear a construção de infraestrutura de importância nacional”, afirmou o ministro.
Pedro Nuno Santos assegurou também que o Governo não vai avançar até que a avaliação ambiental estratégica esteja no terreno.
“Fica o compromisso com o PSD que não avançaremos com a alteração da lei enquanto não dermos início à avaliação ambiental estratégica”, afirmou o ministro.
Ainda falta “decidir” a entidade que irá fazer essa avaliação, que vai comparar três alternativas: Humberto Delgado com Montijo como aeroporto complementar; Humberto Delgado com Montijo como progressivamente o aeroporto principal; e campo de tiro de Alcochete.
“Temos de encontrar um mecanismo que permita fazer a avaliação ambiental estratégica, que é mais do que uma avaliação ambiental”, ao “confrontar localizações, fazer comparação de prazo, de custo, de benefícios”, disse.
Pedro Nuno Santos alertou, contudo, que “não há solução aeroportuária sem espinhas”. E se o Montijo disser não a Alcochete? “Não podemos fazer um aeroporto. No limite do absurdo não conseguiremos fazer”, rematou o ministro.

Comentários