Palmela e criadores querem ajuda para preservar a ovelha saloia

As ovelhas naturais das pastagens de Palmela, Sesimbra e Setúbal estão a desaparecer 

A preservação da ovelha saloia, uma raça autóctone em vias de extinção, é o principal objetivo da iniciativa “Adote uma Saloia”, apresentada no sábado na Quinta do Anjo, em Palmela. O projeto, da Associação Regional de Criadores de Ovinos da Serra da Arrábida, da Câmara de Palmela e da Junta de Freguesia de Quinta do Anjo, desafia empresas e a população a ajudarem a preservar a ovelha saloia. As empresas, segundo informação da Câmara de Palmela, “podem `apadrinhar´ uma ovelha”, estando também prevista a criação do Clube de Amigos da Saloia, “um grupo informal de cidadãos que queiram colaborar individualmente com o projeto”.
As mães do Queijo de Azeitão em risco de desaparecer 


De acordo com o município, a saloia foi durante muito tempo a ovelha leiteira predominante nos campos da região (concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal) e responsável pela produção de leite de qualidade que levou à certificação do queijo de Azeitão.
A autarquia liderada por Álvaro Amaro recorda, no entanto, que há alguns anos, face à crescente procura de leite para a produção do queijo de Azeitão, a saloia “começou a ser trocada por raças de outros países, com produções leiteiras superiores”.
Francisco Macheta, da Associação Regional de Criadores de Ovinos da Serra da Arrábida, acrescenta outras causas que terão contribuído para a substituição da saloia, como as “restrições ao pastoreio no Parque Natural da Arrábida” e a “pressão imobiliária na região, que também levou ao desaparecimento de algumas zonas de pastoreio daquela raça autóctone”.
“Há quatro ou cinco anos havia mais de 10 mil exemplares da saloia e hoje restam cerca de duas mil, a maioria no Alentejo, onde há mais espaço para estes projetos de agropecuária”, explica Francisco Macheta.
A saloia foi desaparecendo progressivamente dos rebanhos da região, o que levou as duas autarquias e a Associação Regional de Criadores de Ovinos da Serra da Arrábida a avançarem com um projeto de preservação de um pequeno rebanho, com cerca de 20 animais.
O rebanho já faz parte do espólio do denominado Museu do Ovelheiro, na Quinta do Anjo, que “permite aos visitantes o contacto com os animais e assistirem a demonstrações de tosquia e ordenha”.
Os promotores da iniciativa esperam agora que seja possível manter o rebanho de ovelhas saloias com a ajuda de empresas e cidadãos.

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