Alcochete candidata Círio dos Marítimos a património cultural

Festa de enorme relevância para as gentes do concelho 

A Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, a submissão do pedido e inventariação da Festa do Círio dos Marítimos de Alcochete no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial da Direção-Geral do Património Cultural. Esta deliberação foi aprovada na última reunião de câmara. A devoção a Nossa Senhora da Atalaia mantém viva em Alcochete uma tradição com mais de cinco séculos. "Alicerçada nas raízes marítimas deste povo que durante anos encontrou no Tejo a sua forma de sustento, esta festa tem sido mantida pelos marítimos ou barqueiros, que através de tradição oral, a mantiveram viva até aos nossos dias", diz a autarquia ribeirinha. 
Festa realiza-se sempre na Páscoa 

A Festa do Círio dos Marítimos de Alcochete tem mais de 500 anos e está intrinsecamente ligada á comunidade marítima de Alcochete, abrangendo nos últimos anos grande parte da comunidade do concelho.
“É um passo importante que damos na valorização da nossa identidade coletiva. Como todos sabemos, o Círio dos Marítimos de Alcochete é a manifestação popular mais antiga do nosso concelho e representa a devoção do nosso povo à Nossa Senhora da Atalaia, no concelho do Montijo. Está intimamente ligada ao cumprimento de uma promessa e é parte importante da nossa história coletiva, das nossas tradições, dos nossos costumes, no fundo do nosso ADN. Por tudo isto, importa através da inscrição da Festa do Círio dos Marítimos de Alcochete no Inventário Nacional preservar uma tradição que todos nós queremos que tenha futuro”, disse o vereador da Cultura e Identidade Local, Vasco Pinto.
“Ao longo destes três anos de mandato, através do Serviço Educativo do Museu Municipal de Alcochete, o município tem trabalhado muito estas temáticas e tem feito um trabalho de grande importância na preservação da memória coletiva junto da comunidade educativa e da população em geral, dando a conhecer às gerações mais novas a nossa história, as nossas tradições e costumes”, acrescentou o autarca, que também destacou o contributo da Professora Marina Pignatelli, do Instituto Universitário de Lisboa.
“Queremos garantir que a nossa identidade cultural é transmitida de geração em geração. O passo que nos propomos dar faz parte de uma ampla estratégia que visa preservar, valorizar e promover as tradições locais do nosso concelho. No fundo queremos valorizar aquilo que nos distingue enquanto comunidade e que tanto nos orgulha”, referiu Vasco Pinto.

Festa com mais de 500 anos 
Atualmente, a Festa do Círio dos Marítimos, ou Festa da Páscoa, como também é conhecida, mobiliza muita gente, quer na sua organização, quer no número de devotos, que durante o fim de semana da Páscoa participam ativamente nos rituais muito próprios que ela integra.
As festividades têm início no Sábado de Aleluia prolongando-se por mais três dias numa sequência de momentos únicos de devoção e convívio, que anualmente reúnem centenas de pessoas, naquela que é a festa mais antiga de Alcochete.
O início das festividades é marcado pela música do “Chininá”, tocadores de gaita-de-foles e caixa que percorrem as ruas da vila, no Sábado de Páscoa, anunciando a todos a realização de mais um Círio dos Marítimos de Alcochete.
Na tarde de Domingo de Páscoa realiza-se o primeiro cortejo do Círio, que além das gentes locais, atrai muitos forasteiros à vila ribeirinha. Este desfile de solteiras e casadas, montadas em burros, percorre as principais ruas da vila na segunda e terça-feira seguintes.
Contudo, o momento alto da Festa, tão esperado pelas gentes locais, acontece na segunda-feira, com a realização da Missa na Igreja de Nossa Senhora da Atalaia, seguindo-se a Procissão no adro da Igreja da Atalaia e o leilão de bandeiras e fogaças, no mesmo local.
Durante o leilão são arrematadas mais de 200 bandeiras, que têm estampadas a figura de Nossa Senhora da Atalaia, no entanto o destaque vai para o Guião, a peça que atinge o valor mais elevado.
São os marítimos de Alcochete, homens que encontraram no Tejo o seu sustento, que ao longo dos anos têm mantido esta festa alicerçada numa forte devoção a Nossa Senhora da Atalaia.

Agência de Notícias
Foto: Arlindo Cardoso 
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