Utentes exigem melhoria nos transportes da margem sul

TST passa só a operar em Almada, Seixal e Sesimbra. Nex passa a operar em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal 

O porta-voz dos Utentes dos Transportes Públicos da Margem Sul do Tejo afirmou, esta quarta-feira,  que não houve um aumento significativo da oferta de transporte público na região nos últimos dois dias, ao contrário do que foi anunciado pelo Governo. “Nós não vemos no terreno alterações significativas” disse o porta-voz dos utentes, Marco Sargento, durante uma ação de protesto realizada contra a falta de condições nos transportes públicos, para manter o distanciamento e evitar o contágio pela covid-19. “Os problemas dos transportes públicos são, muitos deles, estruturais e não se resolvem com anúncios do governo”, acrescentou Marco Sargento durante o protesto que reuniu cerca de uma centena de utentes, no jardim da Cova da Piedade, em Almada. Esta notícia surge quando já se sabe que a região passa a ter um novo operador na península de Setúbal. A par da TST, controlada pela Arriva, que vai operar em Almada, Seixal e Sesimbra, surge agora a Nex que vai ficar com a operação de transportes em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal.
TST perde exclusivo na  Margem Sul 

A ação de protesto foi convocada pela Comissão de Utentes dos Transportes Públicos da Margem Sul com o objetivo de alertar para a “sobrelotação” e para a necessidade de se reforçar os transportes rodoviários, ferroviários e fluviais da região, principalmente em horas de ponta.
O primeiro secretário da Área Metropolitana de Lisboa tinha anunciado uma reposição da oferta de transportes públicos ao nível do que existia antes da pandemia, a partir de meados deste mês de Setembro.
O ministro do Ambiente e Ação Climática, João Matos Fernandes, também já tinha anunciado uma reposição da oferta de transportes públicos, para fazer face ao aumento da procura devido à reabertura das escolas, “mesmo sabendo que a procura vai ser inferior”.
O porta-voz dos Utentes dos Transportes Públicos da Margem Sul do Tejo assegura, no entanto, que na empresa rodoviária que serve a região, TST (Transportes Sul do Tejo), os horários são idênticos aos do passado mês de Fevereiro, mas já há “queixas de muitos utentes de que algumas carreiras não estão a ser realizadas”.
Contactada pela agência Lusa, fonte dos TST garantiu que a partir desta quinta-feira haverá uma reposição a 100 por cento da oferta de autocarros, mas que haverá também algumas alterações em diversas carreiras.
A mesma fonte referiu ainda que, nos próximos dias, poderão ser efetuados mais alguns ajustamentos para tentar corresponder à procura e que os TST vão percorrer o mesmo número de quilómetros que faziam antes da pandemia de covid-19.
Para a Comissão de Utentes dos Transportes Públicos, o problema da insuficiência dos transportes públicos é anterior à pandemia e afeta tanto os transportes rodoviários como o transporte ferroviário [CP e Fertagus] da margem sul, bem como as embarcações que asseguram as ligações fluviais entre as duas margens do Tejo, parte do Barreiro, Cacilhas, Trafaria, Montijo e Seixal para a capital portuguesa. 
“Estamos convictos de que o agendamento da concentração desta quarta-feira, na exigência de melhores transportes públicos, não poderia ter acontecido em melhor altura, porque podemos mostrar às entidades com responsabilidade no setor, quer ao Governo quer a Área Metropolitana de Lisboa, que o setor precisa de ser tratado com respeito, com olhos de quem quer ver”, disse o porta-voz dos utentes.
“É necessário um investimento sério nos meios de transporte, é necessária uma avaliação criteriosa das linhas que fazem falta e, no imediato, um reforço na oferta, quer no transporte ferroviário, quer no rodoviário, quer até mesmo no transporte fluvial”, concluiu o representante dos utentes dos transportes públicos da margem sul do Tejo.

Nex "rouba" lugar à TST em Setúbal, Montijo, Palmela, Moita e Alcochete 
Esta noticia surge quando já se sabe que a península de Setúbal passa a ter um novo operador de transporte público. A par da TST, controlada pela Arriva, que vai operar em Almada, Seixal e Sesimbra, surge agora a Nex que vai ficar com a operação de transportes em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. O júri responsável pelo concurso já enviou o relatório provisório aos concorrentes, que agora têm dez dias para se pronunciarem sobre a classificação que lhes foi atribuída.
O lote 3 trata-se de uma zona que vale cerca de 273 milhões de euros, para a qual a operadora britânica Arriva propôs um preço de 254 milhões, ou seja, menos sete por cento. A TST, que já funcionava neste território da península, vai responder por 116 linhas, sendo 43 delas novas.
O lote 4, o mais pequeno do concurso, envolve os concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, e deverá ficar com a nova operadora de transportes; a Nex Continental Holdings, detida pela National Express, que apresentou a melhor proposta.
Esta zona vale cerca de 197 milhões de euros, corresponde a 14ª da procura e inclui 111 linhas, sendo 21 novas O contrato proposto pela Nex é de 180,7 milhões de euros, menos 8,3 por cento, e implica o maior desconto do concurso.
Neste concurso não foram concessionados os serviços municipais de transportes de autocarros para serviço público, caso do Barreiro onde opera a TCB – Transportes Colectivos do Barreiro. O mesmo acontece com Cascais e Lisboa que têm prestação por empresas próprias.
As regras do concurso obrigam que, a partir do final de 2021, os autocarros na Área Metropolitana de Lisboa serão amarelos e com a marca Carris Metropolitana. Impõe ainda que no início do contrato nenhum autocarro poderá ter mais de 16 anos sendo a média exigida de oito anos. A partir do quinto ano, nenhum autocarro poderá ter mais de 12 anos, com idade média de oito anos. O contrato é válido por sete anos.

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