Lares de Setúbal e Barreiro com surtos de covid-19

Em Setúbal morreu um utente e no Barreiro a União das Misericórdias diz que médicos se recusaram a trabalhar no lar onde morreram quatro pessoas

Um utente de um lar em Setúbal morreu nesta segunda-feira devido à covid-19, existindo 77 casos de infeção ativos relacionados com o surto na instituição, segundo a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Segundo a mesma fonte, trata-se de um utente do MHAS Centro Geriátrico, situado na zona de São Sebastião. Ao todo, existem neste momento 77 casos ativos de covid-19, 55 em residentes do lar e 22 em funcionários da instituição. Oito utentes do lar estão internados. De acordo com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, no Lar de São José, no Barreiro, onde quatro utentes morreram nas duas últimas semanas, registam-se agora 32 casos ativos de covid-19, 27 dos quais residentes e cinco funcionários, estando quatro utentes internados. A União das Misericórdias diz que médicos se recusaram a trabalhar no lar do Barreiro.
Surtos mataram pessoas em Setúbal e Barreiro 

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas denunciou esta segunda-feira, à rádio Renascença, a recusa de assistência médica num lar do Barreiro, onde foi detetado um surto de covid-19.
Manuel Lemos explica que o episódio lhe foi relatado pela provedora da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, Sara de Oliveira, após ter pedido o apoio do médico do Centro de Saúde local.
“O lar até tem médica. Na verdade, tem mais do que um médico. Mas os médicos estavam a ter férias no Algarve. Num primeiro momento, nós transferimos os doentes que estavam sintomáticos para os hospitais. E como o lar é grande, tentámos isolar os que estavam assintomáticos dos que estavam negativos. Naturalmente estas pessoas precisam de cuidados médicos. E a senhora provedora telefonou-me no sábado, dizendo-me que o diretor do lar lhe tinha dito que tinha uma carta assinada pelos médicos, que se recusavam a ir ao lar”, explicou Manuel Lemos, lembrando que “naturalmente a situação causou-nos [União das Misericórdias] apreensão”.
O caso foi levado, esta segunda feira, à Ordem dos Médicos. E é um assunto que Manuel Lemos espera que seja discutido na reunião de terça-feira entre o primeiro-ministro António Costa e o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
“Neste momento, o caso evidente que temos na mão é o do Barreiro. Não vale a pena fazer futurologia [quanto a outros casos]. Acreditamos que amanhã na conversa com o senhor primeiro-ministro estas e outras situações se resolvam todas. É bom que sim, porque é a bem dos portugueses e a bem das pessoas idosas”, defende o presidente da União de Misericórdias.
A questão da recusa de assistência médica tem gerado polémica. No domingo, foi revelada nas redes sociais uma conversa “off-the-record” do primeiro-ministro após entrevista ao Expresso na qual António Costa acusa os médicos de “cobardia”, criticando a sua atuação no lar de idosos de Reguengos de Monsaraz.
O surto no Lar de São José, no Barreiro, foi detetado no início do mês e contabilizou no total 52 casos positivos (38 em residentes e 14 em trabalhadores).
Em Setúbal, a situação está, dizem as autoridades, controlada ainda assim nesta segunda-feira morreu um utente. Ao todo, existem neste momento 77 casos ativos de covid-19, 55 em residentes do lar e 22 em funcionários da instituição. Oito utentes do lar estão internados.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infetou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.801 pessoas das 55.720 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Agência de Notícias 

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