Hospital de Setúbal averigua morte de mulher após parto

Vânia esteve três dias em trabalho de parto e não sobreviveu 

O Centro Hospitalar de Setúbal informou esta quarta-feira que abriu um processo para averiguar e esclarecer as circunstâncias da morte de Vânia Graúdo, uma utente que morreu após o nascimento do filho. O hospital afirma que a mulher "foi atendida de acordo com o estado da arte preconizado para a sua situação clínica", mas frisa que já foi aberto "um processo de averiguação para o cabal esclarecimento da situação". A administração do hospital de São Bernardo lamenta a morte da utente, que foi a enterrar na terça-feira no Pinhal Novo, e endereça as mais sentidas condolências à família". A família está  ponderar acusar o hospital de negligência médica.
Morte de grávida investigada pelo hospital 

Segundo avançou o Diário de Notícias, a mulher tinha 42 anos e estava grávida de 39 semanas quando deu entrada no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, no primeiro dia de Agosto, para uma cesariana marcada.
No entanto, de acordo com  a família da mulher, em declarações ao mesmo jornal, a médica de serviço optou por realizar um parto normal, que só se concretizou 48 horas depois, a 3 de Agosto.
"A partir dos 40 é sempre uma gravidez de risco, mas a minha irmã esteve sempre bem, não tinha problemas de saúde", conta Paula Oliveira, irmã de Vânia. Primeiro ligaram-lhe a dizer que o Rafael tinha nascido, mas que do hospital diziam que tinha havido complicações graves durante o parto. Não passaram 15 minutos e o telefone tocou de novo. Vânia tinha morrido.
Ainda segundo o Diário de Notícias, a cunhada de Vânia, levou-a ao hospital naquele sábado. Diz que o papel que tinha para se apresentar às 8h30 da manhã não referia cesariana, mas que Vânia sempre garantiu que era assim que ia nascer o menino.
A médica terá optado por parto natural. O hospital de Setúbal afirma que "não estava prevista a realização de cesariana". E acrescenta: "Foi realizada a indução de trabalho de parto no dia 1 de Agosto, conforme planeado com a grávida em consulta de vigilância realizada em 29 de Julho."
Questionado sobre a razão de a equipa médica ter esperado mais de 48 horas para fazer o bebé nascer, o Hospital de São Bernardo confirmou, em declarações ao mesmo jornal, que a indução do parto foi iniciada no sábado, vindo o bebé a nascer apenas às 13h55 de segunda-feira. "Foi iniciada a indução de trabalho de parto às 17h45 de dia 1 de Agosto com a administração medicamentosa, e continuada no dia seguinte, segundo protocolo habitual, e cuja rapidez do efeito é variável de mulher para mulher. Durante todo este período a grávida e o bebé permaneceram monitorizados com CTG sem intercorrências, até um início de um quadro convulsivo súbito".
Segundo uma amiga de Vânia "ao que parece, ao fazer esforço, o útero 'caiu'. Ela ficou cheia de líquido amniótico que se espalhou pelo sangue. Se tivessem feito cesariana, ela não tinha feito esforço e estava hoje aqui, ao meu lado, com o filho". 
A irmã questiona-se por que entrou Vânia no hospital com a promessa de uma cesariana e os médicos insistiram num parto natural que só se realizou ao terceiro dia. E, se já havia referência ao excesso de líquido amniótico, por que razão essa informação não foi valorizada.
Perante os resultados da autópsia, a família decidirá o que fazer. Nesta terça-feira, Vânia foi a enterrar no Pinhal Novo e ainda é tempo de chorá-la. O Centro Hospitalar de Setúbal vai igualmente averiguar as circunstâncias do óbito, afirmando que "investiga sempre todas as situações de morte não expectável que ocorram".
O bebé, o Rafael, também ingeriu o líquido amniótico e passou os primeiros dias de vida com uma sonda. Está "clinicamente estável", afirma o hospital. Apesar de ter nascido com 3,040 kg, teve de ir para a incubadora, por ser um bebé sem mãe.  Toda a família de Vânia e de Jorge, o pai do bebé, está em choque.

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