Empresário de Palmela tenta travar Avante no tribunal

Empresário entrega providência cautelar no Tribunal do Seixal

Deu entrada esta segunda-feira no Tribunal do Seixal uma providência cautelar contra a realização da Festa do Avante. O pedido foi interposto pelo empresário palmelense Carlos Valente, distribuidor de uma marca internacional de equipamentos de som para festivais. À SIC, Carlos Valente, que também é presidente do Palmelense há um ano diz que a providência cautelar nada tem de político. "Em nome pessoal, entendi como ato de cidadania travar a atividade económica, não a política, da festa do Avante".  Os comunistas defendem que a providência cautelar faz parte da “campanha reacionária” contra a festa comunista e apelam à participação de todos no evento para “dar resposta à operação antidemocrática contra a liberdade, a cultura e os direitos dos trabalhadores e do povo”.
Festa em tribunal... comunistas confiantes 

O empresário de 50 anos concorda com as medidas restritivas à realização de festivais e outras concentrações para impedir a propagação do covid-19 e mostra "indignação" por a festa do Avante se realizar.
"Se temos as discotecas fechadas, os festivais adiados, indigno-me perante a realização de um evento como o Avante que vai reunir mais de 33 mil pessoas que vão partilhar o mesmo espaço durante três dias, comer juntos e acampar durante a noite", disse.
Carlos Valente preconiza mesmo que se houver um surto grande na Área Metropolitana de Lisboa devido à Festa do Avante, regressa o estado de emergência e "todo o esforço que os empresários estão a fazer para que as atividades económicas regressem em segurança no próximo ano perde o efeito".
O empresário palmelense considera mesmo que "se os privados estão impedidos de realizar as atividades económicas, a organização do Avante também tem que o fazer, já que afinal, não há diferença entre o Meo Sudoeste e a Festa do Avante".
Carlos Valente foi até 2013 diretor geral de uma marca de equipamentos de som e desde então é o distribuidor em Portugal. O empresário [que já foi filiado no PSD mas deixou o partido em rota de colisão com a liderança de Pedro Passos Coelho]  salientou na providência cautelar que não está contra atividade política, mas sim a atividade económica na Festa do Avante e considera que a palavra chave é a "coerência".
O empresário adianta ainda que esta é uma ação urgente, devendo agora o juiz ouvir a organização da Festa para decidir se aceita ou não a providência. Caso seja aceite, o evento pode mesmo ser suspenso, ainda que partido tenha sempre a possibilidade de impugnar a decisão.

Providência contra a Festa do Avante! não tem “fundamento”
O Partido Comunista (PCP) considera que a providência cautelar para impedir a realização da Festa do Avante é “desprovida de qualquer fundamento”. Os comunistas defendem que a providência cautelar faz parte da “campanha reacionária” contra a festa comunista e apelam à participação de todos no evento para “dar resposta à operação antidemocrática contra a liberdade, a cultura e os direitos dos trabalhadores e do povo”.
“A providência cautelar agora divulgada é desprovida de qualquer fundamento só justificável pelo que visa de animação artificial da campanha reacionária contra a Festa do Avante”, indica o gabinete de imprensa do PCP, num comunicado enviado às redações, em reação à providência cautelar que foi entregue esta segunda-feira no tribunal do Seixal por Carlos Valente, empresário que fornece equipamento para festivais e discotecas.
Os comunistas reiteram que a argumentação de que os festivais estão proibidos “é absolutamente falsa” e que a demonstrar isso estão “os inúmeros eventos que se estão a realizar por todo o país”. Isto porque, a lei que proíbe a realização os festivais até ao final de Setembro, devido à pandemia da covid-19, abre uma exceção para festivais ou espetáculos de “iniciativa política, religiosa e social”.
“A operação para impedir a Festa do Avante foi derrotada. Impõe-se agora que cada um dos que não prescindem do exercício de direitos políticos e liberdades, faça da sua presença numa Festa onde estão garantidas condições de segurança e tranquilidade, a resposta a essa operação antidemocrática contra a liberdade, a cultura e os direitos dos trabalhadores e do povo”, sublinha o partido liderado por Jerónimo de Sousa.
A Festa do Avante tem data marcada para os dias 4, 5 e 6 de Setembro, na Quinta da Atalaia, no concelho do Seixal, e vai contar com medidas de segurança sanitárias apertadas. Este ano, a Festa do Avante, que marca anualmente a rentrée do PCP, terá uma área disponível de 30 mil metros quadrados (mais dez mil do que na edição anterior) e vai contar com uma lotação limitada a 33 mil pessoas por dia.
A Direção-Geral de Saúde  tem uma equipa própria que está a analisar o conjunto de medidas de prevenção e segurança propostas pela comissão organizadora da Festa do Avante espera ter “resultados em breve”.
Um dos maiores críticos da realização do evento tem sido o presidente do PSD. Rui Rio já disse que não faz sentido juntar 33 mil pessoas por dia na Quinta da Atalaia, na freguesia de Amora, numa altura em que o país enfrenta uma pandemia do novo coronavírus.

Agência de Notícias 
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