Barreiro não tem nitrato de amónio armazenado na Alkion

Publicação nas redes sociais dizia que há toneladas de nitrato de amónio armazenado. A notícia é falsa 

O nitrato de amónio, que as autoridades libanesas disseram ter causado a devastadora explosão de Beirute, é uma substância cristalina inodora que é geralmente usada como fertilizante e que tem sido a causa de inúmeras explosões industriais ao longo de décadas. Haverá em Portugal? Corre pelas redes sociais que  no "Barreiro há milhares de toneladas de amónio armazenadas nos tanques da Alkion". A mesma publicação afirma ainda que  há "um paiol situado na aproximação à pista da Base Aérea do Montijo. Apesar de todos os alertas, o Governo insiste no crime de construir um aeroporto na Base Aérea do Montijo", salienta-se na mensagem da publicação em causa. Confirma-se que há milhares de toneladas de nitrato de amónio armazenado no Barreiro? Não, a notícia, segundo o jornal o Polígrafo, é falso porque "as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas". Agência Portuguesa do Ambiente, Câmara do Barreiro e a empresa acusada já vieram negar qualquer armazenamento deste produto. E na verdade não há nada que prove, factualmente, o teor da publicação.
Notícia correu nas redes sociais mas sem fundo de verdade



Em Portugal, compete à APA - Agência Portuguesa do Ambiente executar a diretiva Seveso que estabelece os critérios de prevenção e controlo de acidentes industriais relacionados com a libertação de substâncias perigosas. 
A última versão desta diretiva foi transposta pelo Decreto-Lei em 2015 que determina que sejam realizadas auditorias externas, credenciadas pela APA com uma periodicidade anual, "às empresas abrangidas pelo nível superior".
"Os adubos à base de nitrato de amónio podem ser considerados como substância perigosa, dependendo da concentração do próprio nitrato de amónio e, consequentemente, serem abrangidos pelo cumprimento das disposição deste Decreto-Lei, o qual se aplica às atividades quer de produção, quer de mero armazenamento", explicou a APA ao Polígrafo.
A Alkion, empresa referida na publicação sob análise, declara à APA as substâncias perigosas armazenadas e, segundo garante a própria APA, "não consta do atual inventário a presença de nitrato de amónio".
Esta garantia foi confirmada pela Câmara do Barreiro. A autarquia sublinha que em caso de "alteração significativa" de produtos armazenados e das suas quantidades "é obrigatório" iniciar um processo de licenciamento e autorização da Direção-Geral de Energia e Geologia. 
"A Câmara do Barreiro tem de ser consultada e detém poder de veto, tal como a Agência Portuguesa do Ambiente", sublinha a autarquia.
De acordo com a empresa ADP Fertilizantes, erradamente identificada como Nitratos de Amónio de Portugal na publicação, "em Portugal apenas se fabricam adubos à base de nitrato de amónio em grau fertilizante não classificados como perigosos". E segundo a APA, apenas a ADP Fertilizantes (unidades em Alverca e Lavradio) e uma sua empresa associada, a Sopac, é que produzem nitrato de amónio em grau fertilizante no país, estando igualmente abrangidas pelo diploma de 2015.
A Sopac é a empresa responsável pela produção de todos os adubos compostos, clássicos e específicos, comercializados pela ADP Fertilizantes.
Ao Polígrafo, fonte oficial do Ministério da Economia garante igualmente que "a ADP é a única fábrica em Portugal a produzir nitrato de amónio, mas não o nitrato de amónio técnico que originou a explosão em Beirute". 
O gabinete do ministro Pedro Siza Vieira assegura que, "em Portugal, ninguém produz esta substância".
Assim, garante o Polígrafo, "as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações 'falso' ou 'maioritariamente Falso' nos sites de verificadores de factos". 

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