Lisnave em Setúbal já tem 12 casos de covid-19

Surto assusta trabalhadores do maior estaleiro naval do país 

O surto na Lisnave, em Setúbal, subiu para 12 casos de infecção, entre os trabalhadores das obras, disse esta quarta-feira, o subdirector Geral da Saúde na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia de covid-19. Diogo Cruz afirmou que, dos 72 trabalhadores testados até agora, 12 estão positivos e estão entre os que trabalham nas obras de reparação de navios. No navio Atlantic Orchard, em reparação no estaleiro da empresa, a tripulação foi testada e não está infetada, adiantou. Há mais de uma semana, dois técnicos que se encontravam a bordo do navio Atlantic Orchard, ao serviço do armador, começaram a apresentar sintomas da covid-19, fizeram os testes e o resultado foi positivo”, disse o porta-voz da Lisnave, Humberto Bandeira. O concelho tem 242 doentes com o novo coronavirus. Hoje sabe-se que as vacinas só deverão surgir na segunda metade de 2021. 
Autoridades atentas ao surto da Lisnave 



“Estes dois técnicos terão sido contaminados por um outro técnico que, entretanto, já tinha abandonado o navio”, acrescentou Humberto Bandeira, salientando que de imediato foram realizados testes a toda a tripulação e a cerca de uma dezena de trabalhadores do estaleiro, em Setúbal, que tinham estado em contacto com o navio.
Segundo o porta-voz, os testes realizados permitiram detetar que havia mais um tripulante contaminado. Foi também detetado um trabalhador do estaleiro com covid-19, mas que, segundo a Lisnave, terá sido contaminado em ambiente familiar, pelo que, no total, foram detetados cinco casos do novo coronavirus.
“Os trabalhadores do estaleiro que tiveram testes negativos vão fazer novos testes, para confirmação do resultado, durante a próxima semana”, frisou, reiterando que a empresa continua a laborar normalmente e a cumprir todas as regras de prevenção da propagação da pandemia estabelecidas pela Direção-Geral da Saúde.
“Temos controlo da temperatura à entrada do estaleiro, máscaras e afastamento”, sublinhou Humberto Bandeira.
Ao meio-dia desta quarta-feira,o concelho de Setúbal registava 242 doentes covid-19. Portugal regista mais cinco mortes e 252 novos casos de infeção por covid-19 em relação a terça-feira, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde. 
Segundo o relatório, Portugal regista um total de 1.702 óbitos e 49.150 casos confirmados. São ainda registadas 33.999 pessoas recuperadas.
Lisboa e Vale do Tejo, onde há mais surtos ativos, soma hoje 24.685 casos, mais 215 infetados do que na véspera e mais quatro mortos.
Lisboa e Vale do Tejo é a região onde o aumento dos casos continua a ser mais significativo, contabilizando 85,3 por cento dos novos casos, com 215 dos 252 contabilizados. Na zona de Lisboa que ocorreram quatro dos cinco casos mortais por covid-19 registados nas últimas 24 horas.
Em número de casos, Lisboa e Vale do Tejo lidera com 24.685, seguida pela região Norte (18.390, com 18 novos casos), a região Centro (4.379, com 10 novos casos), o Algarve (796 e quatro casos novos) e o Alentejo (636, mais três casos).
Nos Açores, nas últimas 24 horas, mantiveram-se o número de infetados (159) e de óbitos (15), tal como aconteceu na Madeira com 102 infetados e sem registo de mortes.
Apesar dos aumentos diários de mortes na zona de Lisboa e Vale do Tejo, é o Norte que continua a registar o maior número de mortes (827), depois surge Lisboa e Vale do Tejo (574), o Centro (252), Alentejo (19), Algarve (15) e Açores (15).

Vacinas só deverão surgir na segunda metade de 2021
O responsável pelo programa de Emergências Sanitárias da Organização Mundial de Saúde afirmou hoje que não haverá vacinas para a covid-19 antes da segunda metade de 2021, apesar de “sinais de esperança” nos testes clínicos a decorrer.
Numa sessão de perguntas e respostas através da Internet, Michael Ryan afirmou que é preciso “realismo nas expectativas” em relação a uma vacina e que terão que ser tomadas “todas as precauções” para garantir que é absolutamente segura.
“De forma realista, não teremos pessoas a serem vacinadas até à segunda metade do próximo ano”, afirmou, notando que se assiste a um número crescente de vacinas a passarem à chamada fase três dos testes e a serem experimentadas em voluntários humanos.
Na iniciativa da Organização Mundial de Saúde para garantir o desenvolvimento e acesso equitativo a uma vacina, a que aderiram a maior parte dos países do mundo, cerca de meia dezena de potenciais vacinas “não fracassaram até agora” e cumpriram nos requisitos de segurança e criação de resposta imunitária.
Michael Ryan pediu também realismo nas expectativas sobre a eficácia de uma vacina, que nunca será total: “Adoraria poder dizer que vamos ter uma vacina e em dois ou três meses este vírus desaparecerá, mas isso não é realista”.
“É importante fazermos o que pudermos agora. É mais fácil vencer um adversário se já o tivermos cansado”, ilustrou.
“Estamos a ver sinais de esperança. Mas em vacinas, por mais depressa que nos esforcemos para as ter, teremos que garantir que são seguras e eficazes e isso levará tempo. Estamos a acelerar, mas não vamos facilitar no que toca à segurança”, garantiu.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 616 mil mortos e infetou quase 15 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

Agência de Notícias com Lusa

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