Lauak vai despedir 233 pessoas em Setúbal e Grândola

Empresa vai avançar com despedimento coletivo nas duas fábricas 

A Lauak pretende avançar com o despedimento coletivo de 233 dos 702 trabalhadores das duas fábricas de componentes para a indústria aeronáutica no distrito de Setúbal, disse esta quinta-feira, fonte sindical. A Lauak, filial da multinacional francesa da indústria aeronáutica com o mesmo nome, já comunicou ao  Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, a intenção de proceder ao despedimento coletivo de 197 trabalhadores na fábrica de Setúbal e de mais 36 trabalhadores da unidade industrial de Grândola. O Bloco de Esquerda, pediu, através das deputadas eleitas pelo distrito de Setúbal, Joana Mortágua e Sandra Cunha, uma reunião com carácter de urgência à Administração da empresa, a realizar esta sexta-feira à tarde. "O Bloco de Esquerda manifesta a sua solidariedade a todos os trabalhadores da Lauak, em particular aos trabalhadores abrangidos por este despedimento coletivo, e irá desenvolver todos os esforços para a sua suspensão", disse o partido em nota enviada à ADN-Agência de Notícias. 
Empresa quer despedir mais de 200 trabalhadores 

"Os representantes da empresa transmitiram-nos que não iam recorrer ao `layoff´ para minimizar o impacto da redução de encomendas devido à pandemia de covid-19, porque isso representava uma perda de rendimento para os trabalhadores, mas depois fazem algo bem pior, que é lançar estes trabalhadores para o desemprego", disse à agência Lusa Esmeralda Marques, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul.
"Os trabalhadores da fábrica de Setúbal estão muito revoltados, consideram que a empresa não está a ter em consideração os esforços que têm feito, porque que têm sido flexíveis em termos de horários e até no uso de férias, em benefício da empresa. E agora a Lauak, em vez de segurar estes trabalhadores qualificados, decidiu mandá-los para o desemprego", sublinhou.
Segundo Esmeralda Marques, face à ameaça de despedimento coletivo, os trabalhadores marcaram um plenário para as 8:30 de sexta-feira, para manifestarem o seu descontentamento pela forma como estão a ser tratados pela administração da Lauak.
No âmbito do processo de despedimento coletivo na fábrica de Setúbal, está prevista par esta sexta-feira, às nove da manhã, uma primeira reunião entre a administração, representantes dos trabalhadores e a Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, e os trabalhadores da Lauak querem aproveitar esse momento para se manifestarem.
"Os trabalhadores querem manifestar o seu protesto pela forma como estão a ser tratados à chegada da administração da Lauak para essa reunião", disse Esmeralda Marques.

Sindicato e Bloco de Esquerda contestam despedimentos 
A sindicalista salientou ainda que a Lauak tem vindo a melhorar progressivamente os resultados, tendo registado um "volume de vendas de 31 milhões de euros e um resultado líquido de 4,2 milhões de euros em 2018".
"A Lauak também tem recebido muitos apoios do Estado, não só para a formação profissional dos seus trabalhadores, como para a construção e instalação da unidade industrial de Grândola, em que beneficiou de um apoio de cerca de oito milhões de euros, no âmbito de uma candidatura a um programa do quadro comunitário de apoio Portugal2020", disse.
"O que nos parece é que a empresa beneficiou desses apoios e agora não está a cumprir com os trabalhadores", concluiu a sindicalista.
O mesmo argumento serve para o BE "repudiar" o despedimento previsto. "O apoio de 7,9 milhões de euros do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional que a empresa recebeu era justificado pela criação de novos postos de trabalho, alguns deles altamente qualificados. Este investimento foi também negociado ao abrigo do Regime Contratual com a AICEP", diz o Bloco em comunicado.
A Lauak, multinacional francesa do setor aeronáutico, iniciou um processo de despedimento coletivo de mais de 250 trabalhadores nas fábricas de Setúbal e Grândola, 197 em Setúbal e 55 em Grândola, que estará concluído até ao fim de Julho e que irá, segundo o BE, "abranger nalguns casos, casais e famílias inteiras".
Esta é uma empresa com mão-de-obra qualificada que é "importante manter no nosso distrito, pelo que a redução de postos de trabalho agora prevista, preocupa em muito o Bloco de Esquerda, não se justificando, na nossa opinião, esta medida que irá contribuir para acentuar a atual crise económica, social e de emprego nestes dois concelhos", conta o comunicado do BE.
Perante este quadro, o Bloco de Esquerda, pediu, através das deputadas eleitas pelo distrito de Setúbal, Joana Mortágua e Sandra Cunha, uma reunião com carácter de urgência à Administração da Lauak, reunião esta que se irá realizar, nesta sexta-feira, pelas 16h30.
O Bloco de Esquerda manifesta a sua solidariedade a todos os trabalhadores da Lauak, em particular "aos trabalhadores abrangidos por este despedimento coletivo, e irá desenvolver todos os esforços para a sua suspensão".
A agência Lusa tentou contactar a Lauak, mas a administração da empresa escusou-se a prestar declarações sobre o despedimento coletivo nas fábricas de Grândola e Setúbal.

Comentários