Lauak manda para casa quase 200 trabalhadores de Setúbal

​Crise na aviação provoca despedimento coletivo até 15 de Julho da fábrica sadina 

É a concretização esperada de uma notícia triste. 197 trabalhadores da fábrica Lauak de Setúbal receberam a notificação de que irão perder o seu emprego até ao dia 15 de Julho. Fazem parte de vinte categorias profissionais diferentes desde administrativos, a engenheiros, a operadores de chaparia e de logística. A empresa alega uma previsão de quebra de vendas de 36 por cento desencadeada pelos efeitos da pandemia na aviação. A empresa que vende peças para a indústria aeronáutica justifica que foram canceladas “várias encomendas de aviões aos principais produtores mundiais, nomeadamente a empresa Boeing e a empresa Airbus, principais clientes do Grupo Lauak” e por isso ser “impossível manter a atual estrutura produtiva sob pena de a sociedade vir a ser declarada insolvente”.
Fábrica já anunciou despedimento coletivo 

A Lauak Setúbal, Lda ja comunicou o despedimento coletivo de 197 trabalhadores. A empresa fundamenta a decisão no decurso da crise que o surto epidemiológico de covid-19 provocou e que “levou a que fossem canceladas várias encomendas de aviões aos principais produtores mundiais, nomeadamente a empresa Boeing e a empresa Airbus, principais clientes do Grupo Lauak”, pode ler-se na minuta do despedimento coletivo.
A empresa sustenta que “já produziu a quase totalidade das peças para os seus clientes até ao final do ano de 2020”. A Lauak faz notar uma quebra na faturação de 36 por cento.
A previsão de venda de peças era de cerca de 39,5 milhões de euros, situando-se agora em pouco mais de 25 milhões de euros, pelo que considera ser “impossível manter a atual estrutura produtiva sob pena de a sociedade vir a ser declarada insolvente”.
Despedimento estará concluído até 15 de julho e abrange 20 categorias profissionais.  Administrativos, engenheiros, técnicos superiores, operadores de chaparia, logística e receção são abrangidos pelo despedimento na Lauak de Setúbal, mas a lista de setores afetados pela decisão é bem mais longa, englobando um total de 20 categorias profissionais e 197 trabalhadores, indicados nominalmente no documento tornado público pela rádio Renascença.
Segundo a empresa, os fatores para seleção dos trabalhadores abrangidos pelo despedimento coletivo foram “a avaliação de desempenho no âmbito das avaliações feitas com critérios objetivos e conhecidos pelo trabalhador; a menor habilitação académica ou menor habilitação profissional com menor espírito de iniciativa e capacidade de adaptação a novos desafios; e ainda a menor experiência na função ou menor antiguidade”.
Para os trabalhadores alvo de despedimento a empresa anuncia uma compensação de 12 dias de retribuição base e diuturnidades para cada ano completo de trabalho, no caso dos contratos celebrados depois de 1 de outubro de 2013. Para os contratos anteriores a essa data, as indeminizações têm em conta várias parcelas, consoante o momento em que foram assinados.
O despedimento coletivo na Lauak de Setúbal está em marcha e ocorrerá até ao dia 15 de Julho, sendo diferente para cada trabalhador, consoante o período de pré-aviso.

Sindicato contra despedimentos
O despedimento coletivo tinha sido antes anunciado ao Site Sul numa reunião realizada no passado dia 18 de Maio. O sindicato respondeu em comunicado que “nunca poderá concordar com a implementação de medidas que põem em causa os postos de trabalho, mais ainda quando uma parte deles foi criada com o apoio do Estado”.
O Site Sul reconhecia a crise no setor mas defendeu que havia alternativa “sendo apenas necessário que não falte vontade à administração para as implementar”. Não se esqueceu ainda de sublinhar que a Lauak é uma filial da multinacional francesa da indústria aeronáutica que “beneficiou de apoios comunitários, no valor de cerca de oito milhões de euros, através do Estado português, para a unidade fabril de Grândola”. A contrapartida foi a criação de 274 postos de trabalho, um “compromisso” que não é respeitado com a concretização de despedimento.
A Lauak conta com duas unidades no país. A fábrica de Setúbal, onde foram anunciados estes despedimentos, foi instalada em 2003. A de Grândola, a que se refere este comunicado do Site Sul, foi inaugurada em Outubro de 2019, onde a empresa esperava acolher em Grândola “cerca de 600 trabalhadores”, após 2023. A empresa de Setúbal tem cerca de 500 trabalhadores e a de Grândola terá 274 funcionários.

Agência de Notícias 

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