Litoral Alentejano retoma atendimento a crianças

Falta de médicos fechou urgência na passagem do ano 

O atendimento a crianças nas urgências do Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, voltou a funcionar esta quinta-feira de manhã, após uma interrupção por falta de médicos na passagem de ano, segundo o responsável hospitalar. "O serviço já está a funcionar dentro da normalidade desde as 8 horas desta quinta-feira, depois de termos tido 48 horas de escalas não cobertas devido à falta de médicos", disse à agência Lusa o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, Luís Matias. O Sindicato Independente dos Médicos, considera que a urgência pediátrica no Hospital do Litoral Alentejano não reúne condições para funcionar, uma vez que "o atendimento é garantido por médicos que não são da especialidade". 
Urgência pediatra reabriu quinta-feira 

O serviço foi retomado no Hospital do Litoral Alentejano, situado no concelho de Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, "com uma médica de medicina geral e familiar que está a fazer urgência", indicou o responsável.
O atendimento a crianças nas urgências do hospital esteve encerrado, entre as oito horas de terça-feira e as oito horas desta quinta-feira, devido à falta de médicos, e durante esse período apenas funcionaram as urgências básicas de Alcácer do Sal (Setúbal) e de Odemira, no distrito de Beja, com "o atendimento total" dos utentes.
Apesar da interrupção no atendimento a crianças, segundo Luís Matias, na terça-feira "foram atendidos 18 utentes em idade pediátrica" e na quarta-feira "foram ainda atendidas duas crianças" nas urgências gerais do Hospital do Litoral Alentejano.
Considerando que "a pior altura já passou", o administrador hospitalar disse, contudo, que "não pode prever alguma falta súbita", apesar das "escalas estarem preenchidas com prestadores de serviço".

Utentes reclamam mais médicos e melhor serviços 
Por sua vez, o Sindicato Independente dos Médicos, citado pela agência Lusa, considera que a urgência pediátrica no Hospital do Litoral Alentejano não reúne condições para funcionar, uma vez que o atendimento é garantido por médicos que não são da especialidade.
A estrutura sindical deixa críticas quer ao Ministério da Saúde, quer ao Conselho de Administração da unidade hospitalar, face à desigualdade do tratamento dado aos utentes daquela região.
“Urgência pediátrica funciona com médicos indiferenciados”
Em entrevista à RTP, a Comissão de Utentes do hospital começou por sublinhar que é “contra a destruição do Serviço Nacional de Saúde e a favor do SNS universal, geral e gratuito”.
“Sobre o Hospital do Litoral Alentejano, de facto é verdade. A população tem vindo a aumentar. Somos cerca de 100 mil habitantes aqui nos cinco concelhos que compõem o litoral alentejano e os serviços aqui são precários”, explicou o porta-voz da Comissão de Utentes.
“Nós temos a urgência pediátrica que funciona com médicos indiferenciados, sem nenhuma especialidade, que atendem crianças e bebés, 24 sobre 24 horas, e que, com estas condições, é inadmissível. O Hospital abriu em 2004 e, desde esse ano, que este problema se arrasta”, acentuou.
Quanto às dificuldades de contratação alegadas pelo Conselho de Administração, a Comissão de Utentes recomenda a este órgão e ao Ministério da Saúde que “olhem pelo litoral alentejano” e que “de facto ouças as propostas dos profissionais de saúde e dos utentes”.
“Por exemplo, assumir de novo o serviço médico à periferia, quando os médicos saem das universidades, terem carreiras dignas e justas, é inadmissível que a progressão nas carreiras esteja congelada há mais de dez anos para um médico, que vai para o privado ou emigra. E que haja condições profissionais para os diversos profissionais, quer médicos, quer enfermeiros, quer auxiliares, porque há uma grande falta nas mais diversas áreas”, concluiu.
O Hospital do Litoral Alentejano serve uma população de 100 mil habitantes dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira.

Agência de Notícias com Lusa 
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