Médicos e utente com versões contraditórias sobre novo incidente na urgência
“Um doente que aguardava ser atendido no Serviço de Urgência Geral exaltou-se verbalmente, contudo a situação foi resolvida pelos profissionais que se encontravam de serviço, sem registo de agressão“, referiu, em comunicado, o Centro Hospitalar de Setúbal, que integra o Hospital de São Bernardo, onde ocorreu o incidente, cerca das 20 horas do passado dia 31 de Dezembro.
Contactada pela Lusa, a PSP de Setúbal confirmou que foi chamada a intervir por um vigilante do Hospital São Bernardo e adiantou que o agente policial teve de partir o vidro da porta para conseguir entrar no gabinete médico, que se encontrava fechado, e “separar os intervenientes”, dois médicos e um utente.
De acordo com o departamento de Relações Públicas do Comando Distrital de Setúbal da PSP, foram recolhidos depoimentos contraditórios dos intervenientes, pelo que, naquele momento, não foi possível determinar quem terá fechado a porta do gabinete médico ou se terá havido agressões.
Segundo outra fonte policial, o utente ter-se-á mostrado agastado com a demora no atendimento, porque a médica em causa terá estado algum tempo ao telefone. A médica, apercebendo-se do descontentamento do paciente, terá pedido o apoio de outro médico de serviço.
O utente queixou-se de que este clínico fechou a porta do gabinete e o empurrou, fazendo-o cair ao chão, mas esta versão foi negada pelo médico, que alegou ter apenas afastado o doente por o seu comportamento indicar que iria agredir a colega.
A PSP recolheu os testemunhos contraditórios das partes e remeteu o caso para o Ministério Público.
O incidente ocorreu poucos dias depois de um outro caso, em 27 de Dezembro, também na Urgência do Hospital São Bernardo, em que uma mulher de 25 anos terá agredido uma médica de 65.
De acordo com a PSP, a médica agredida, que teve de ser submetida a uma intervenção cirúrgica, já apresentou queixa contra a agressora e o caso também está entregue ao Ministério Público. Neste processo, a PSP não tem conhecimento da aplicação de alguma medida de coação.
PSD quer ouvir Marta Temido
O PSD quer ouvir no parlamento a ministra da Saúde, Marta Temido, e dez entidades sobre as agressões a profissionais do setor, atribuindo a violência à atual “falência funcional” do SNS.
Num requerimento enviado à presidente da comissão parlamentar de Saúde, a deputada Maria Antónia Almeida Santos, os sociais-democratas pedem a audição da ministra Marta Temido bem como de dez entidades do setor.
Além da ministra, os deputados Ricardo Baptista Leite e Álvaro Almeida solicitam a audição da Direção-Geral da Saúde, da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, da Entidade Reguladora da Saúde, do Sindicato Independente dos Médicos, da Federação Nacional dos Médicos, da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Enfermeiros, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, do Sindicato Democrático dos Enfermeiros e da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros.
O pedido surge no seguimento das três agressões mais recentes a profissionais do setor da saúde, sendo que duas destas ocorreram no Centro Hospitalar de Setúbal e a outra no Centro de Saúde de Moscavide, em Lisboa, pode ler-se no comunicado.
O partido considera que a “crescente violência contra profissionais de saúde” é consequência do “estado de autêntica falência funcional em que se encontra o SNS” e que estes casos, além de provocarem “alarme social”, põem também em causa “a confiança e mesmo a segurança dos profissionais e dos utentes do SNS”.
“Considerando o PSD que a violência contra profissionais de saúde é absolutamente inadmissível e mesmo intolerável, entende ser urgente obter uma informação detalhada, rigorosa e atualizada sobre as reais condições de segurança dos profissionais do SNS e, bem assim, receber contributos que permitam reverter esta situação”, adianta o partido.
Mais de 600 incidentes de violência contra profissionais de saúde foram registados nos primeiros seis meses de 2019, sendo que a maioria das notificações respeitam a assédio moral ou violência verbal.
Os dados disponibilizados pela Direção-geral da Saúde mostram um acumulado ao longo dos anos, pelo menos desde 2013, de 4.893 notificações de violência contra profissionais de saúde até fim de Junho de 2019. Entre o final de 2018 e Julho de 2019 registou-se um acréscimo de 637 incidentes de violência.
O Centro Hospitalar de Setúbal admitiu um novo incidente com um doente que aguardava atendimento na urgência, mas sem agressões, enquanto o paciente se queixou de ter sido empurrado e a PSP relatou ter forçado a entrada no gabinete. Esta é uma versão diferente daquela que o Jornal de Notícias noticiou. De acordo com o jornal, um casal de médicos foi agredido no Hospital de São Bernardo por um doente que terá aguardado cerca de quatro horas nas urgências para ser atendido. O agressor começou por ameaçar a médica, que gritou pedindo auxílio ao marido, também ele clínico. Os dois acabaram sequestrados dentro do gabinete e alvo de violência do doente, que lhes atirou as cadeiras e a mesa para cima. O agente da PSP de serviço no hospital teve de arrombar a porta para pôr termo às agressões. O PSD quer ouvir no parlamento a ministra da Saúde, Marta Temido, e dez entidades sobre as agressões a profissionais do setor, atribuindo a violência à atual “falência funcional” do SNS.
Fim de ano marcado por agressões a médicos em Setúbal |
“Um doente que aguardava ser atendido no Serviço de Urgência Geral exaltou-se verbalmente, contudo a situação foi resolvida pelos profissionais que se encontravam de serviço, sem registo de agressão“, referiu, em comunicado, o Centro Hospitalar de Setúbal, que integra o Hospital de São Bernardo, onde ocorreu o incidente, cerca das 20 horas do passado dia 31 de Dezembro.
Contactada pela Lusa, a PSP de Setúbal confirmou que foi chamada a intervir por um vigilante do Hospital São Bernardo e adiantou que o agente policial teve de partir o vidro da porta para conseguir entrar no gabinete médico, que se encontrava fechado, e “separar os intervenientes”, dois médicos e um utente.
De acordo com o departamento de Relações Públicas do Comando Distrital de Setúbal da PSP, foram recolhidos depoimentos contraditórios dos intervenientes, pelo que, naquele momento, não foi possível determinar quem terá fechado a porta do gabinete médico ou se terá havido agressões.
Segundo outra fonte policial, o utente ter-se-á mostrado agastado com a demora no atendimento, porque a médica em causa terá estado algum tempo ao telefone. A médica, apercebendo-se do descontentamento do paciente, terá pedido o apoio de outro médico de serviço.
O utente queixou-se de que este clínico fechou a porta do gabinete e o empurrou, fazendo-o cair ao chão, mas esta versão foi negada pelo médico, que alegou ter apenas afastado o doente por o seu comportamento indicar que iria agredir a colega.
A PSP recolheu os testemunhos contraditórios das partes e remeteu o caso para o Ministério Público.
O incidente ocorreu poucos dias depois de um outro caso, em 27 de Dezembro, também na Urgência do Hospital São Bernardo, em que uma mulher de 25 anos terá agredido uma médica de 65.
De acordo com a PSP, a médica agredida, que teve de ser submetida a uma intervenção cirúrgica, já apresentou queixa contra a agressora e o caso também está entregue ao Ministério Público. Neste processo, a PSP não tem conhecimento da aplicação de alguma medida de coação.
PSD quer ouvir Marta Temido
O PSD quer ouvir no parlamento a ministra da Saúde, Marta Temido, e dez entidades sobre as agressões a profissionais do setor, atribuindo a violência à atual “falência funcional” do SNS.
Num requerimento enviado à presidente da comissão parlamentar de Saúde, a deputada Maria Antónia Almeida Santos, os sociais-democratas pedem a audição da ministra Marta Temido bem como de dez entidades do setor.
Além da ministra, os deputados Ricardo Baptista Leite e Álvaro Almeida solicitam a audição da Direção-Geral da Saúde, da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, da Entidade Reguladora da Saúde, do Sindicato Independente dos Médicos, da Federação Nacional dos Médicos, da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Enfermeiros, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, do Sindicato Democrático dos Enfermeiros e da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros.
O pedido surge no seguimento das três agressões mais recentes a profissionais do setor da saúde, sendo que duas destas ocorreram no Centro Hospitalar de Setúbal e a outra no Centro de Saúde de Moscavide, em Lisboa, pode ler-se no comunicado.
O partido considera que a “crescente violência contra profissionais de saúde” é consequência do “estado de autêntica falência funcional em que se encontra o SNS” e que estes casos, além de provocarem “alarme social”, põem também em causa “a confiança e mesmo a segurança dos profissionais e dos utentes do SNS”.
“Considerando o PSD que a violência contra profissionais de saúde é absolutamente inadmissível e mesmo intolerável, entende ser urgente obter uma informação detalhada, rigorosa e atualizada sobre as reais condições de segurança dos profissionais do SNS e, bem assim, receber contributos que permitam reverter esta situação”, adianta o partido.
Mais de 600 incidentes de violência contra profissionais de saúde foram registados nos primeiros seis meses de 2019, sendo que a maioria das notificações respeitam a assédio moral ou violência verbal.
Os dados disponibilizados pela Direção-geral da Saúde mostram um acumulado ao longo dos anos, pelo menos desde 2013, de 4.893 notificações de violência contra profissionais de saúde até fim de Junho de 2019. Entre o final de 2018 e Julho de 2019 registou-se um acréscimo de 637 incidentes de violência.
Agência de Notícias com Lusa
www.adn-agenciadenoticias.com
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