Litoral Alentejano com dificuldades na urgência

Falta de médicos afetou urgências do hospital de Santiago do Cacém 

O presidente do conselho de administração do Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, Luís Matias, reconheceu existirem dificuldades em preencher as escalas na urgência da unidade de saúde. O serviço de urgência médico-cirúrgica do Hospital do Litoral Alentejano funcionou, entre as 20 horas de terça-feira e as oito da manhã de quarta-feira, com "uma equipa médica fortemente desfalcada", o que levou o chefe de equipa, José Costa, a afixar um comunicado nas instalações a alertar os utentes para "os tempos de espera largamente ultrapassados". O caso já chegou ao Parlamento, com a deputada do CDS-PP, Ana Rita Bessa, a questionar a Ministra da Saúde sobre a situação que ocorreu no hospital de Santiago do Cacém, querendo uma resposta da tutela. 
Urgência teve menos médicos de serviço 

"Tratou-se de um ato isolado, que nada teve a ver com a administração, apesar de termos dificuldades em preencher as escalas de urgência, porque estamos muito dependentes de prestadores que quando faltam deixam-nos nesta situação", disse à agência Lusa o responsável do Hospital do Litoral Alentejano e da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano.
De acordo com o mesmo dirigente hospitalar, apesar dos constrangimentos, "não houve ocorrências e transtornos ao funcionamento da urgência e do hospital por terem afixado o comunicado durante algumas horas à revelia da administração".
"O papel foi colocado por um profissional à revelia do conselho de administração e quando tivemos conhecimento mandamos retirar imediatamente", indicou o presidente da administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano.
Para funcionar dentro da normalidade, a urgência do Hospital do Litoral Alentejano necessita de um total de 17 médicos.
Em Janeiro deste ano, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, alertou para o facto de o Hospital do Litoral Alentejano estar a funcionar com um quadro de pessoal que "só está preenchido a cerca de 50 por cento", que "depende muito das horas suplementares" e "recorre em demasia" às empresas prestadoras de serviços.
"Este hospital tem cerca de 90 médicos especialistas e cerca de 40 médicos em formação. Se, porventura, aquilo que são as horas extraordinárias e o que são as horas pagas em prestação de serviços fossem transformadas em contratos individuais de trabalho com os médicos a fazerem 40 horas estes valores dariam para contratar 82 médicos", defendeu.
"Estes médicos são de facto uns heróis, porque têm uma pressão muito grande para dar resposta às necessidades desta população e devido à falta de médicos muito marcada em áreas como a gastroenterologia e a otorrinolaringologia, entre outras especialidades", realçou na altura Miguel Guimarães.
Lembre-se que este hospital serve a população [de cerca de 100 mil pessoas] de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no distrito de Setúbal, e ainda o concelho de Odemira, no distrito de Beja.

CDS-PP questiona ministra da Saúde 
A deputada do CDS-PP, Ana Rita Bessa, questionou a Ministra da Saúde sobre o conteúdo do comunicado emitido pelo Chefe da Equipa de Urgência Médico-Cirúrgica do Hospital do Litoral Alentejano, querendo que a tutela confirme a situação.
Em várias questões, Ana Rita Bessa quer saber que justificação apresenta a ministra para que a equipa médica se encontre “fortemente desfalcada” e quantos médicos estão em falta neste hospital.
A deputada questiona que comentário faz a ministra ao facto de os médicos não se responsabilizarem pelo que possa ocorrer no Serviço de Urgência, se a tutela tem conhecimento de alguma ocorrência resultante desta situação, quais foram os tempos de espera registados neste Serviço, que diligências já tomou para assegurar que esta situação não volta a repetir-se, que justificação apresentou o Conselho de Administração deste hospital para o sucedido, quantas vezes é que situações semelhantes já ocorreram neste hospital, e, finalmente, se a ministra tem condições de assegurar que os utentes que recorrem ao Hospital do Litoral Alentejano não vão voltar a deparar-se com uma situação semelhante.
"Segundo é dado a conhecer pelas mesmas notícias, esta não será a primeira vez que esta situação ocorre e, na sua origem, está a falta de médicos", diz a deputada centrista.
O porta-voz dos utentes referiu publicamente que é necessário deixar de recorrer a empresas prestadoras de serviços para assegurar médicos neste hospital e que é essencial proceder à contratação efetiva dos médicos necessários, sendo que também estão em falta enfermeiros e outros profissionais.
Ora, perante estes factos, o Grupo Parlamentar do CDS-PP "não pode deixar de ficar muito apreensivo entendendo, assim, ser essencial obter um esclarecimento por parte da Senhora Ministra da Saúde", diz o partido em comunicado enviado à ADN-Agência de Notícias.

Agência de Notícias
www.adn-agenciadenoticias.com

Comentários