Palmela classifica museu da música mecânica

O museu é uma caixa de música gigante no coração de Arraiados, Pinhal Novo

O Museu da Música Mecânica, em Arraiados, Pinhal Novo, vai ser classificado como Imóvel de Interesse Municipal. A abertura do procedimento de classificação foi aprovada, por unanimidade, na reunião pública do executivo da Câmara de Palmela. O Museu da Música Mecânica está num edifício que parece uma caixa de música e no interior tem mais de 600 peças raras que nos deslumbram pela beleza, engenharia e sonoridade. Um deslumbramento para toda a família. Esta iniciativa municipal de reconhecimento público reveste também uma importância acrescida no âmbito do “Palmela é Música”, processo de candidatura de Palmela à Rede de Cidades Criativas da Unesco, na Área da Música.
Museu situa-se numa zona rural da freguesia 

Propriedade de Luís Cangueiro, o Museu, situado em Arraiados, na freguesia de Pinhal Novo, foi inaugurado em Outubro de 2016 e integra uma coleção ímpar, de nível internacional, de instrumentos musicais desta tipologia. Desde então, tem desenvolvido um trabalho contínuo, com uma agenda marcada por iniciativas musicais e expositivas de qualidade.
Enquanto elemento arquitetónico e como estrutura museológica, já recebeu várias distinções nacionais e internacionais pela originalidade, funcionalidade e relação com os públicos.
O município de Palmela tem um acordo de colaboração com o Museu, tornando-o "uma extensão museológica e possibilitando aos munícipes (integrados em grupos organizados por serviços municipais) a isenção de pagamento de um número fixo de entradas por ano letivo", diz a autarquia em comunicado.
Reconhecendo todo este trabalho, que a existência do Museu atrai públicos muito variados à zona rural do concelho, onde está implantado, e que este espaço museológico "divulga também o concelho sempre que se apresenta nas diversas iniciativas para as quais é convidado", a Câmara Municipal decidiu avançar com o processo de classificação.
Esta iniciativa municipal de reconhecimento público reveste também uma importância acrescida no âmbito do “Palmela é Música”, processo de candidatura de Palmela à Rede de Cidades Criativas da Unesco, na Área da Música. 
"A música é uma componente da estratégia do Município para o desenvolvimento do território, um fator de diferenciação e de afirmação para a construção de um concelho mais inclusivo e desenvolvido", explica a autarquia. 

Um museu único com mais de 600 peças 
Entre cavalos e laranjeiras, há, na Quinta do Rei, uma caixa de música gigante. É um museu, fica em Arraiados, na zona rural da freguesia mais urbana [Pinhal Novo] do concelho de Palmela e tem 600 peças de música mecânica. Ali se reúnem grafonolas de diferentes formatos, campânulas de várias cores, fonógrafos raros e caixinhas de música invulgares. Uma colecção privada que nos dá a escutar sons que remetem para o passado. Límpidos ou roufenhos, deslumbram os mais novos e comovem os que nasceram antes.
Luís Cangueiro sonhou com um museu onde pudesse mostrar as mais de 600 peças de música mecânica que coleccionou ao longo de 30 anos. O sonho já se pode ver (e ouvir). 
Sobre o espanto que as pessoas manifestam pela localização do museu no meio rural, Luís Cangueiro explica: “É um espaço que está muito próximo dos grandes meios, nomeadamente Lisboa, e está num ponto estratégico nos eixos norte-sul, tanto pela Ponte Vasco da Gama como pela 25 de Abril”.  Sabe que ali não terá tantos visitantes como se estivesse num centro urbano, mas diz achar muito importante “descentralizar a cultura”.
A primeira peça que comprou para a colecção que agora partilha com os visitantes foi um gramofone, em 1987, não uma caixa de música. Luís Cangueiro explica: “A caixa de música propriamente dita é um instrumento mecânico diferente. O gramofone já exige uma gravação prévia, que toca os discos de 78 rotações por minuto”.
A colecção, que revela 250 anos de sons (do século XVIII até à década de 30 do séc. XX), foi sendo obtida em leilões de arte. “Eu já adquiria pintura, escultura e outros objetos de arte e apercebi-me de que havia caixas de música com sons completamente diferentes daqueles que estava habituado a escutar. Sons únicos. E comecei a descobrir um mundo novo nos instrumentos de música mecânica”, diz o fundador do museu.
Entrou então no circuito de antiquários, sobretudo no centro da Europa, que se dedicavam quase exclusivamente à venda destes mecanismos. “Peças que também existiam em Portugal, mas em pouco número. As peças com maior significado, mais importantes e raras, adquiri-as na Europa (sobretudo Suíça, França, Alemanha, Inglaterra) e Estados Unidos”, diz o homem que um dia sonhou em fazer um museu.

Agência de Notícias 
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