Correios do Monte de Caparica já fechou portas

População continua unida e na luta pela "salvação" dos correios 

Cerca de 60 pessoas protestaram, esta segunda-feira, contra o fecho do único posto de correios no Monte de Caparica, em Almada, afirmando que vão “lutar até ao fim” para que permaneça na freguesia. Segundo os CTT, a freguesia terá um novo posto de correio, na Rua de Dentro, que estará aberto aos sábados, contudo, é uma opção que não agrada à população por motivos de segurança. A empresa esclareceu que o fecho do único posto de correios na freguesia do Monte de Caparica, "não está relacionado" com os CTT porque estava entregue a um prestador de serviços. No entanto, a responsável pelo posto, garante que decidiu terminar a prestação de serviços a partir desta segunda-feira, devido à falta de condições. A União de Freguesias da Caparica e Trafaria lançou uma petição contra o encerramento do posto e quer levar assunto a discussão no Parlamento. 
Correios encerraram posto no Monte de Caparica 

“Eu acho isto tudo muito mal feito porque faz muita falta ao povo. [O posto] sempre foi aqui, desde que me lembro, e agora onde é que o querem pôr? Nós não temos vida para pagar os transportes e ir para onde eles querem. Aqui é que faz falta, está no centro do povo. Aqui é que tem de continuar”, defendeu o morador António Roque, de 87 anos.
Naquele que foi último dia de funcionamento do posto dos correios do Monte de Caparica, a população respondeu ao apelo da Junta de Freguesia da União de Freguesias da Caparica e Trafaria e reuniu-se para lutar contra o fecho daquele serviço, gritando: “queremos os correios”.
“Achamos que isto é uma injustiça porque é aqui que as pessoas idosas recebem o seu dinheirinho da pensão e, além disso, tem aqui uma influência muito grande porque esta freguesia tem 12 mil habitantes”, indicou Manuel Palmeira, de 73 anos.
Este é o único posto de correios no Monte de Caparica e está concessionado desde Outubro de 2018 a Alexandra Rocha, que decidiu terminar a prestação de serviços a partir desta segunda-feira, devido à falta de condições.
“Ao fim do sexto mês de contrato, eu quis logo rescindir […] pelo facto de que os valores que eu estava a receber de comissão não me eram sustentáveis, porque eu tenho que pagar a água e a luz do edifício, não consigo empregar ninguém por mais que queira. É impensável, estou a receber cerca de 650 a 700 euros por mês”, adiantou.
Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, os CTT esclareceram que o serviço iria encerrar “devido à rescisão contratual por parte do prestador, não estando relacionado com os CTT”.
Contudo, segundo a funcionária, a empresa não só não cumpriu com o aumento estipulado de 110 euros por mês, como também nunca respondeu à proposta de pagamento de uma comissão fixa de 300 euros.
“Em Setembro dou a informação que vou rescindir pela segunda vez, pelo mesmo motivo, por falta de meios, falta de condições, falta de verbas que não estavam a ser suportáveis para pagar tudo e a resposta que dão é que oferecem os 300 euros com data a partir de Outubro, mas eu digo que agora não quero”, explicou.

Novo posto... só ao sábado e em zona insegura 
Segundo os CTT, a freguesia terá um novo parceiro, na Rua de Dentro, que estará aberto aos sábados, contudo, é uma opção que não agrada à população por motivos de segurança.
“É uma zona que temos muito medo. Quando os velhotes forem receber a reforma, podem assaltá-los. Já aqui [no posto do Monte de Caparica] a GNR tem que estar cá umas horas porque eles andam sempre a ver os velhotes a receber a reforma e já foram muitos assaltados, quanto mais agora naquele sítio que é muito escondido”, referiu Manuel Palmeira.
Também a moradora Iolanda Santos, de 43 anos, mencionou que “é complicado para quem não é daquela zona, ter que lá entrar”.
Para a população, a possibilidade de consultar o serviço postal em postos de freguesias próximas, como a Sobreda, também traz inconvenientes porque implica a utilização de transportes públicos.
“Aqui os transportes são muito debilitados e fracos. Agora os velhotes têm os passes dos 20 euros e isso foi muito bom, mas de qualquer forma alguns velhotes não têm mobilidade para ir para tão longe e sair dos carros com aquelas bengalas”, defendeu Manuel Palmeira.
Além disso, Iolanda Santos alertou que se se tiver de ir buscar uma carta registada a outra freguesia “o custo vai aumentar muito”.
Foi por todos estes motivos que a Junta de Freguesia da União das Freguesias da Caparica e Trafaria convocou esta concentração, afirmando que vão “usar todos os meios para impedir que isto aconteça”.
“Esta luta vem desde 2013 quando começou a privatização dos CTT e nós sempre fomos exigindo, mantendo-nos firmes nesta posição de que queremos que o posto volte a funcionar aqui”, sublinhou a presidente da junta de freguesia, Teresa Coelho (CDU).
Na semana passada, a União de Freguesias da Caparica e Trafaria lançou uma petição contra o encerramento do posto, a qual já conta com as “assinatura suficientes para ser entregue à comissão parlamentar”, no entanto, vão prosseguir com o objetivo de chegar às quatro mil  “para ser discutida em plenário”.

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