Médico que deixou bebé nascer sem olhos nem nariz tem quatro processos na Ordem
Foi hás 10 dias: 7 de Outubro. Era para ser um dia feliz para fica ficar registado na história de vida de um jovem casal, residente no concelho de Palmela, tornou-se no maior pesadelo da família. Nasceu, no hospital de São Bernardo, em Setúbal, Rodrigo nasceu sem olhos, nariz e parte do crânio.
Há muitos médicos a fazer ecografias sem “competência”
Um médico que acompanhou uma grávida cujo bebé nasceu sem olhos, nariz e parte do crânio têm quatro processos em instrução na Ordem, segundo declarações de uma fonte oficial da instituição. O especialista já tinha sido acusado, em 2011, de um caso com contornos semelhantes mas que acabou por ser arquivado. O caso ocorreu no passado dia 7, no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, avançou o Correio da Manhã. A mãe do recém-nascido realizou diversas ecografias durante a gravidez, numa clínica privada, em Setúbal, sempre com o mesmo obstetra, Artur Carvalho. Nunca foi reportada qualquer malformação do feto aos pais. Os pais apresentaram queixa contra o médico no Ministério Público e o Hospital São Bernardo também abriu um inquérito para investigar o caso.
Foi hás 10 dias: 7 de Outubro. Era para ser um dia feliz para fica ficar registado na história de vida de um jovem casal, residente no concelho de Palmela, tornou-se no maior pesadelo da família. Nasceu, no hospital de São Bernardo, em Setúbal, Rodrigo nasceu sem olhos, nariz e parte do crânio.
A mãe do recém-nascido realizou diversas ecografias durante a gravidez, numa clínica privada, em Setúbal, sempre com o mesmo obstetra, Artur Carvalho. Nunca foi reportada qualquer malformação do feto aos pais.
Artur Carvalho trabalha no Hospital São Bernardo, em Setúbal, e numa clínica privada que fica junto à unidade hospitalar. O obstetra que não detetou malformações graves no bebé e já tem quatro processos em curso no conselho disciplinar da Ordem dos Médicos.
Artur Carvalho trabalha no Hospital São Bernardo, em Setúbal, e numa clínica privada que fica junto à unidade hospitalar. O obstetra que não detetou malformações graves no bebé e já tem quatro processos em curso no conselho disciplinar da Ordem dos Médicos.
O Centro Hospitalar de Setúbal diz que o acompanhamento da gravidez da mãe do bebé não foi feito naquela unidade.
"O acompanhamento da gravidez desta utente não foi efetuado no Centro Hospitalar de Setúbal. Os meios complementares de diagnóstico e terapêutica também não foram realizados no hospital", informou o centro, que integra o Hospital São Bernardo, numa nota.
"Apenas o parto da utente decorreu no São Bernardo, tendo sido no momento detetada a situação", acrescentou a administração, salientando que, desde o nascimento, no passado dia 7 de Outubro, "a criança e a família têm sido acompanhadas no Serviço de Pediatria com o apoio da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos Pediátricos do Centro Hospitalar de Setúbal".
"O acompanhamento da gravidez desta utente não foi efetuado no Centro Hospitalar de Setúbal. Os meios complementares de diagnóstico e terapêutica também não foram realizados no hospital", informou o centro, que integra o Hospital São Bernardo, numa nota.
"Apenas o parto da utente decorreu no São Bernardo, tendo sido no momento detetada a situação", acrescentou a administração, salientando que, desde o nascimento, no passado dia 7 de Outubro, "a criança e a família têm sido acompanhadas no Serviço de Pediatria com o apoio da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos Pediátricos do Centro Hospitalar de Setúbal".
Médico não detetou malformações
Segundo outras fontes hospitalares, o obstetra Artur Carvalho, que alegadamente não detetou malformações graves no bebé, trabalha no Centro Hospitalar de Setúbal, mas também exerce numa clínica privada muito próxima do hospital e fez o acompanhamento da gravidez a título particular.
De acordo com o jornal, os pais do bebé fizeram três ecografias com o médico em causa, sem que lhes tivesse sido reportada qualquer malformação.
Só num exame feito noutra clínica, uma ecografia 5D, os pais foram avisados para a possibilidade de haver malformações. Questionaram o médico que os seguia, que lhes garantiu que estava tudo bem, conta o jornal, citando a madrinha do bebé.
O bebé, chamado Rodrigo, completa hoje 10 dias, apesar de o prognóstico inicial lhe dar apenas algumas horas de vida.
As complicações só foram detetadas depois do parto e os pais apresentaram queixa ao Ministério Publico contra o médico. Entretanto, o Correio da Manhã relata que o Hospital de São Bernardo abriu um inquérito para averiguar este caso.
Segundo o Correio da Manhã, o Ministério Público já tinha investigado o médico, num processo de 2011, num caso de contornos semelhantes de malformações, num caso que acabou arquivado.
De acordo com o jornal, os pais do bebé fizeram três ecografias com o médico em causa, sem que lhes tivesse sido reportada qualquer malformação.
Só num exame feito noutra clínica, uma ecografia 5D, os pais foram avisados para a possibilidade de haver malformações. Questionaram o médico que os seguia, que lhes garantiu que estava tudo bem, conta o jornal, citando a madrinha do bebé.
O bebé, chamado Rodrigo, completa hoje 10 dias, apesar de o prognóstico inicial lhe dar apenas algumas horas de vida.
As complicações só foram detetadas depois do parto e os pais apresentaram queixa ao Ministério Publico contra o médico. Entretanto, o Correio da Manhã relata que o Hospital de São Bernardo abriu um inquérito para averiguar este caso.
Segundo o Correio da Manhã, o Ministério Público já tinha investigado o médico, num processo de 2011, num caso de contornos semelhantes de malformações, num caso que acabou arquivado.
Os pais do bebé apresentaram queixa ao Ministério Publico.
"Confirma-se a receção, muito recentemente, de uma queixa apresentada pela mãe. A mesma deu origem a um inquérito que corre os seus termos no Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Setúbal", referiu fonte oficial da Procuradoria-geral da República à Lusa.
"Confirma-se a receção, muito recentemente, de uma queixa apresentada pela mãe. A mesma deu origem a um inquérito que corre os seus termos no Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Setúbal", referiu fonte oficial da Procuradoria-geral da República à Lusa.
Há muitos médicos a fazer ecografias sem “competência”
O presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia lamenta que haja muitos médicos a fazer ecografias a grávidas sem a devida competência, lembrando que ter a especialidade de obstetrícia não é suficiente para realizar ecografias obstétricas.
"Infelizmente há muitos colegas meus a fazerem ecografia, nomeadamente morfológica - que diagnostica malformações - e que não têm competência para isso. Isso não é uma competência adquirida pelo facto de ter a especialidade, é pós-graduada em relação à especialidade”, afirmou o médico obstetra e presidente da Sociedade, Luís Graça, em declarações à agência Lusa.
Luís Graça escusou-se a comentar o caso concreto hoje noticiado pelo Correio da Manhã sobre o bebé que nasceu em Setúbal este mês sem olhos, nariz e parte do crânio, uma vez que desconhece a situação.
Contudo, o presidente da Sociedade de Obstetrícia indica que um bebé sem olhos nariz e parte do crânio deveria ser identificável numa ecografia.
Ainda assim, Luís Graça defende que a Ordem dos Médicos devia criar, dentro do colégio de ginecologia e obstetrícia, uma competência específica para a ecografia obstétrica, nomeadamente a morfológica, que deve ser feita no segundo trimestre, pelas 20 ou 22 semanas de gestação.
Luís Graça presidiu ao colégio de obstetrícia da Ordem entre 2000 e 2009 e afirma ter tentado a criação dessa competência, mas o assunto exigia consenso entre a especialidade de obstetrícia e a área da radiologia, o que acabou por não ocorrer.
Há muitos colegas meus que têm a especialidade e não têm verdadeiramente competência para realizar ecografias obstétricas, sobretudo morfológicas. Eu próprio não tenho e por isso socorro-me de colegas que têm e trabalham comigo”, afirmou à Lusa.
Ainda sem se referir ao caso noticiado pelo Correio da Manhã, Luís Graça recorda que as malformações “mais grosseiras” ou evidentes podem ser detetadas antes da ecografia morfológica, ou seja, na ecografia que costuma ser realizada por volta das 12 semanas de gravidez.
A ecografia que se realiza no primeiro trimestre de gravidez avalia a viabilidade do feto, a sua frequência cardíaca e estudo a anatomia externa e interna de forma básica. É nesta ecografia que são avaliados marcadores como a translucência da nuca ou os ossos do nariz e que, em conjunto com mais exames, permite ter um cálculo de risco de anomalias de cromossomas.
Na ecografia morfológica, são feitas avaliações mais rigorosas da anatomia com objetivo de detetar eventuais malformações congénitas.
"Infelizmente há muitos colegas meus a fazerem ecografia, nomeadamente morfológica - que diagnostica malformações - e que não têm competência para isso. Isso não é uma competência adquirida pelo facto de ter a especialidade, é pós-graduada em relação à especialidade”, afirmou o médico obstetra e presidente da Sociedade, Luís Graça, em declarações à agência Lusa.
Luís Graça escusou-se a comentar o caso concreto hoje noticiado pelo Correio da Manhã sobre o bebé que nasceu em Setúbal este mês sem olhos, nariz e parte do crânio, uma vez que desconhece a situação.
Contudo, o presidente da Sociedade de Obstetrícia indica que um bebé sem olhos nariz e parte do crânio deveria ser identificável numa ecografia.
Ainda assim, Luís Graça defende que a Ordem dos Médicos devia criar, dentro do colégio de ginecologia e obstetrícia, uma competência específica para a ecografia obstétrica, nomeadamente a morfológica, que deve ser feita no segundo trimestre, pelas 20 ou 22 semanas de gestação.
Luís Graça presidiu ao colégio de obstetrícia da Ordem entre 2000 e 2009 e afirma ter tentado a criação dessa competência, mas o assunto exigia consenso entre a especialidade de obstetrícia e a área da radiologia, o que acabou por não ocorrer.
Há muitos colegas meus que têm a especialidade e não têm verdadeiramente competência para realizar ecografias obstétricas, sobretudo morfológicas. Eu próprio não tenho e por isso socorro-me de colegas que têm e trabalham comigo”, afirmou à Lusa.
Ainda sem se referir ao caso noticiado pelo Correio da Manhã, Luís Graça recorda que as malformações “mais grosseiras” ou evidentes podem ser detetadas antes da ecografia morfológica, ou seja, na ecografia que costuma ser realizada por volta das 12 semanas de gravidez.
A ecografia que se realiza no primeiro trimestre de gravidez avalia a viabilidade do feto, a sua frequência cardíaca e estudo a anatomia externa e interna de forma básica. É nesta ecografia que são avaliados marcadores como a translucência da nuca ou os ossos do nariz e que, em conjunto com mais exames, permite ter um cálculo de risco de anomalias de cromossomas.
Na ecografia morfológica, são feitas avaliações mais rigorosas da anatomia com objetivo de detetar eventuais malformações congénitas.
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