Setúbal recebeu governo no arranque do passe único

Autarca diz que é dia histórico devido à redução tarifária dos passes

A presidente da Câmara de Setúbal afirmou que o primeiro de Abril deste ano é um dia histórico devido à redução de preço dos passes socais e às alterações na utilização dos transportes públicos. "Este será o dia que será recordado como o momento em que se operou uma mudança histórica na forma como em Portugal utilizamos e pagamos os transportes públicos", disse Maria das Dores Meira, durante a cerimónia realizada na Câmara de Setúbal para assinalar a entrada em vigor dos novos passes sociais na Área Metropolitana de Lisboa. Maria das Dores Meira falava perante o primeiro-ministro, António Costa, e os ministros do Ambiente, João Matos Fernandes, e das Infraestruras, Pedro Nuno Santos, e diversos presidentes de Câmaras dos distritos de Setúbal e Lisboa na cerimónia que assinalou a entrada em vigor dos novos passes sociais. O primeiro-ministro começou o dia com um autarca do PSD, o presidente da Câmara de Mafra, e levou depois ministros e o presidente da Câmara de Lisboa numa viagem até Setúbal, autarquia comunista. Para lançar os novos passes sociais e mostrar que os “políticos nacionais”, ao contrário dos autarcas, criticam porque não conhecem o programa.

Setúbal recebeu autarcas e governo 

"Este é o dia em que teremos não um enorme aumento de impostos, mas sim uma enorme redução da fatura com os transportes públicos que muitos milhares de famílias utilizam todos dias para ir trabalhar ou estudar. Este é o dia em que teremos não enormes cortes nos rendimentos do trabalho, mas sim considerável reposição de rendimentos por via da redução do preço dos passes sociais na maior e mais povoada área metropolitana do país", acrescentou a autarca.
Dirigindo-se aos críticos da redução do tarifário dos passes sociais, Maria das Dores Meira (CDU) interrogou-se se esta medida seria possível se não existisse um Governo apoiado à esquerda.
A autarca salientou também que, com a entrada em vigor do novo tarifário dos passes sociais, uma família de Setúbal em que dois elementos do agregado familiar tenham de se deslocar diariamente para trabalhar em Lisboa e tenham de recorrer aos serviços dos TST (Transportes Sul do Tejo), do Metro e da Carris, vai ter uma "poupança mensal de 276 euros".
Apesar dos elogios ao novo tarifário de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa, Maria das Dores Meira defendeu a necessidade de também se resolver rapidamente o problema da travessia do rio Sado, que disse ser "uma travessia injusta e desnecessariamente cara".
"O mais importante está feito, o que não anula, naturalmente, a urgência de identificar rapidamente quais as ligações confinantes com a Área Metropolitana de Lisboa que importa integrar neste novo sistema", disse.
Os novos tarifários dos passes sociais nos transportes públicos decorrem do Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos, que conta com 104 milhões de euros do Fundo Ambiental, através do Orçamento do Estado.

Primeiro-ministro chegou a Setúbal no Comboio da Fertagus 
Para assinalar o arranque do projeto, o primeiro-ministro António Costa ligou os dois extremos da Área Metropolitana de Lisboa. Começou o dia às 7h30 na Ericeira (Mafra) ao apanhar o autocarro para Lisboa na companhia do presidente da autarquia local, Hélder Silva (eleito pelo PSD), já em Lisboa apanhou o metropolitano no Campo Grande para Entrecampos onde entrou no comboio da Fertagus que liga a capital a Setúbal pela Ponte 25 de Abril.
E foi em Entrecampos que se encontrou com os ministros João Pedro Matos Fernandes (Ambiente e Transição Energética) e Pedro Nuno Santos (Transportes e Habitação), responsáveis das operadoras, o vereador da Mobilidade da autarquia de Lisboa (Miguel Gaspar) e Fernando Medina.
A comitiva seguiu então para Setúbal numa carruagem cuja parte superior ficou cheia com a comitiva e em que poucos passageiros entraram no percurso - durante a manhã o maior movimento é no sentido Setúbal-Lisboa -, uma das exceções terá sido a responsável pela câmara de Almada, Inês de Medeiros, que apanhou o comboio na estação do Pragal.
À entrada do comboio com destino a Setúbal, o autarca de Mafra [autarca do PSD] foi questionado pelos jornalistas sobre quem tinha razão na polémica dos passes sociais - se os presidentes de câmara e o primeiro-ministro, se o PSD que tem criticado o eleitoralismo da medida e questionado a sua justiça territorial. “Eu acho que quem tem razão é o povo. O povo pedia um passe único na Área Metropolitana de Lisboa, é isso que hoje se lhes vai ser dado”, limitou-se a responder Hélder Silva.
Por isso, durante a viagem de cerca de uma hora, a comitiva governamental não teve contacto com utentes dos transportes públicos e o primeiro-ministro acabou por estar ocupado a prestar declarações em direto para as televisões. Esse encontro com a população acabou por ficar reservado para o passeio de 15 minutos da estação em Setúbal até à câmara municipal feito pela cidade, aí já na companhia de Maria das Dores Meira.
Passados estes cumprimentos, seguiu-se o tal passeio pela cidade com os 18 autarcas da AML em que o contacto ficou-se por uns "bons dias, bons dias", para quem à porta dos estabelecimentos comerciais tinha curiosidade em saber a razão de haver tantas câmaras de televisão a passar.
Já no salão nobre da autarquia liderada pela comunista Maria das Dores Meira e depois de ouvir os discursos sobre a importância desta medida e as virtudes do encontro de opiniões entre todos os envolvidos - operadores de transportes, autarcas, governo - o primeiro-ministro lembrou a frustração de nunca ter sido "secretário de Estado dos Transportes" de forma a poder contribuir para a "uma estruturação dos territórios em que o sistema de circulação seja funcional".
Entusiasmado com a alteração na mobilidade que quem utiliza transportes públicos tem ao dispor desde esta segunda-feira - além do aumento de rendimento por via da redução do preço do passe -, António Costa recorreu a um depoimento que ouviu no vídeo passado na cerimónia, em que uma jovem moradora na Ericeira dizia ter a possibilidade de experimentar os cacilheiros que ligam Almada a Lisboa, para começar a enumerar, qual bom operador turístico, tudo o que um utente de transportes públicos tem agora ao dispor na AML: "Podem ir a Sintra comer queijadas, gelados a Cascais, marisco a Mafra, choco a Setúbal, podem escolher as praias onde lhe apeteça ir, os ventos do Guincho, as da costa oeste, da costa azul. Ir ao Parque Natural Sintra-Cascais, a exposições a Lisboa, ao teatro a Almada. Tudo isto com o mesmo passe e preço que pagamos para ir trabalhar". 

Mais procura de transportes não assusta Costa 
Quanto ao passe único na Área Metropolitana de Lisboa, Costa classificou-o como “um trabalho notável feito entre os autarcas e o Governo”. “Permitiu não só uma redução muito significativa do custo tarifário, mas também fazer uma coisa com que há décadas se sonhava: um único passe que dê para toda a Área Metropolitana e para todos os operadores, seja de autocarro, comboio, barco ou eléctrico. Tem a vantagem absolutamente extraordinária de cada um ter a liberdade de escolher os seus trajectos”, defendeu o primeiro-ministro.
Questionado se poderá haver problemas na oferta de transportes, com o aumento da procura, António Costa admitiu “um período de ajustamento”, mas assegurou que esta será ajustada.
Depois de lembrar também que esta medida entra em vigor esta segunda-feira em 15 Comunidades Intermunicipais, dia 15 em outra e a 1 de Maio nas restantes 15 - todas com propostas diferentes - e de criticar quem fala em eleitoralismo de uma medida que "foi aprovada em Março do ano passado numa cimeira das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e estava no Orçamento de Estado para 2019", o primeiro-ministro deixou a sua opinião sobre o tema "ideia do projeto": "Nunca tivemos uma medida com tantas mães e tantos pais coletivos".
Os passes metropolitanos Navegante, em Lisboa, e Andante, no Porto, passam a ter um custo máximo de 40 euros e permitem viajar por todos os concelhos das áreas metropolitanas,estimando-se que permitam às famílias poupar, nalguns casos, cerca de cem euros mensais, principalmente para quem se dirige diariamente dos concelhos mais distantes para o centro.
Nas mesmas áreas, para quem quer viajar apenas dentro de um concelho os passes passam a custar um máximo de 30 euros.

Agência de Notícias com Lusa 

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