Alcochete festeja tradição do Círio dos Marítimos

Senhoras casadas e solteiras montadas em burros passeiam pelas ruas da vila

É uma das mais antigas tradições da vila de Alcochete. Na Páscoa, os alcochetanos festejam o Círio dos Marítimos de Alcochete, uma festividade única no País que expressa a devoção da comunidade local à Nossa Senhora da Atalaia. Os festejos iniciaram-se no sábado e vão durar até terça-feira. No domingo de Páscoa há um curioso desfile, em que as mulheres percorreram as ruas da vila montadas em burros. A segunda-feira é considerada o dia mais importante pois, após o almoço, realiza-se a missa na Igreja de Nossa Senhora da Atalaia, seguida de procissão e leilão de bandeiras e fogaças. Depois da arrematação, as mulheres regressam a Alcochete para novo cortejo, sempre montadas em burros. A festa conta com o apoio financeiro e logístico da Câmara de Alcochete. 
Tradição liga Alcochete à Atalaia 

A devoção a Nossa Senhora da Atalaia mantém viva em Alcochete uma tradição com mais de cinco séculos. Alicerçada nas raízes marítimas deste povo que durante anos encontrou no Tejo a sua forma de sustento, esta festa tem sido mantida pelos marítimos ou barqueiros, que através de tradição oral, a mantiveram viva até aos nossos dias.
Atualmente, a Festa do Círio dos Marítimos, ou Festa da Páscoa, como também é conhecida, mobiliza muita gente, quer na sua organização, quer no número de devotos, que durante o fim de semana da Páscoa participam ativamente nos rituais muito próprios que ela integra.
As festividades têm início no Sábado de Aleluia, 20 de Abril, prolongando-se por mais três dias numa sequência de momentos únicos de devoção e convívio, que anualmente reúnem centenas de pessoas, naquela que é a festa mais antiga de Alcochete.
O início das festividades é marcado pela música do “Chininá”, tocadores de gaita-de-foles e caixa que percorrem as ruas da vila, no Sábado de Páscoa, anunciando a todos a realização de mais um Círio dos Marítimos de Alcochete.
Na tarde de Domingo de Páscoa realiza-se o primeiro cortejo do Círio, que além das gentes locais, atrai muitos forasteiros à vila ribeirinha. Este desfile de solteiras e casadas, montadas em burros, percorre as principais ruas da vila na segunda e terça-feira seguintes.
Contudo, o momento alto da Festa, tão esperado pelas gentes locais, acontece na segunda-feira, com a realização da Missa na Igreja de Nossa Senhora da Atalaia, seguindo-se a Procissão no adro da Igreja da Atalaia e o leilão de bandeiras e fogaças, no mesmo local.
Durante o leilão são arrematadas mais de 200 bandeiras, que têm estampadas a figura de Nossa Senhora da Atalaia, no entanto o destaque vai para o Guião, a peça que atinge o valor mais elevado.

Município apoia o Círio dos Marítimos 
Para a Câmara de Alcochete, a Festa do Círio dos Marítimos "é uma das festividades de raiz popular mais célebre da identidade cultural do concelho de Alcochete e é com esta premissa que a câmara municipal apoia esta secular tradição", diz a autarquia em comunicado. 
Na reunião de câmara, o executivo municipal aprovou, por unanimidade, conceder apoio logístico, bem como isentar do pagamento de licença especial de ruído e suportar as despesas com a aquisição de estalaria no valor estimado de 492 euros.
A câmara municipal aprovou ainda por unanimidade conceder uma redução de 50 por cento no pagamento das taxas de utilização do pavilhão gimnodesportivo de Alcochete no valor de  mil 299 euros.
“Como vem sendo hábito, o que se propõe é não só concedermos o apoio logístico à realização do Círio dos Marítimos com o fornecimento de fogo de estalaria, mas também isentar do pagamento da licença especial de ruído relativo ao lançamento do fogo. E em relação à utilização do pavilhão de Alcochete propõe-se uma redução de 50 por cento do seu custo” referiu o vereador da Cultura e Identidade Local, Vasco Pinto.
O autarca sublinhou que “é um apoio muito importante para esta festividade de enorme relevância para o nosso concelho e para as nossas gentes” e disse ainda que “estão a decorrer trabalhos de manutenção do Bote Leão para que neste momento festivo a nossa embarcação também participe como respeita a tradição”.
São os marítimos de Alcochete, homens que encontraram no Tejo o seu sustento, que ao longo dos anos têm mantido esta festa alicerçada numa forte devoção a Nossa Senhora da Atalaia.

Agência de Notícias 
Foto: Facebook de Arlindo Fragoso 

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