Sol da Caparica deu prejuízo de 5 milhões a Almada

Autarquia vai "deixar de assumir integralmente os custos" e procura promotor 

A Câmara de Almada revelou ter um prejuízo acumulado de perto de cinco milhões de euros com a realização de cinco edições do festival O Sol da Caparica, o que originou a procura de um novo promotor. Em declarações à agência Lusa, o município adiantou que, na edição realizada no ano passado, a câmara investiu 1,7 milhões de euros, mas as receitas foram de apenas 765 mil euros, tendo um prejuízo de cerca de 962 mil euros. "Considerando que, desde 2014, decorreram cinco edições, estaremos a falar de um prejuízo acumulado de perto de cinco milhões de euros", explicou a autarquia. Para a CDU de Almada - que reclama a 'paternidade' do evento em 2014 -  é com enorme preocupação que vê "estar a ser colocado em risco, sem uma alternativa refletida e conhecida, um programa e uma iniciativa de tão grande sucesso para a Costa de Caparica, para Almada e para a cultura portuguesa como é o 'Sol da Caparica', pela manifesta incompetência da gestão PS da Câmara de Almada", dizem os comunistas em comunicado.  
O festival deu prejuízo de 5 milhões 

Além disso, a Câmara de Almada salientou que, neste prejuízo não está contabilizado o valor da cedência do espaço para a realização do evento, a cedência de espaços públicos para a promoção do festival, a cedência de escritórios durante todo o ano à empresa organizadora, a cedência de utilização de material informático e de escritório, o consumo de água e luz e, ainda, a utilização de funcionários camarários para montagem, preparação e limpeza do espaço.
Desta forma, o "avultado prejuízo" com a realização do festival foi determinante para que a autarquia decidisse "deixar de assumir integralmente os custos".
Já na quarta-feira, a autarquia tinha avançado à Lusa que o Sol da Caparica iria regressar em 2019 para a sua sexta edição, mantendo o conceito, mas que estava à procura de um novo promotor.
A organização do festival estava a cargo da AMG Music, mas o contrato com a empresa terminou este ano e, tendo em conta os resultados obtidos, a Câmara de Almada "só poderia voltar a contratar um produtor por procedimento público".
Ainda assim, o município realçou que a ex-empresa organizadora "foi consultada no âmbito do procedimento público de contratação".
Numa nota enviada à Lusa, a AMG Music esclareceu que foi convidada pela autarquia para uma consulta prévia ao procedimento público de contratação, mas optou por não apresentar qualquer proposta.
"A AMG Music não apresenta proposta para este caderno de encargos. É nossa convicção, que o modelo proposto e condições oferecidas de exploração do Festival o Sol da Caparica não permite alcançar, com qualidade e eficácia, a exemplo dos anos anteriores, os resultados positivos deste Festival criado por nós para a Câmara de Almada", lê-se na resposta da empresa à autarquia, a que a Lusa teve acesso.
De acordo com a autarquia, já "existem interessados" na realização do festival, pelo que em breve irá ser lançado um prazo para a entrega de propostas.
O novo promotor deverá, segundo a Câmara de Almada, gerir a programação, a contratação e montagem de equipamentos, a criação do circuito de sinalética tanto no interior como no exterior do recinto, a criação de serviços criativos para conteúdos editoriais, redes sociais e comunicação, além da responsabilidade em angariar patrocínios e fundos.
"Como contrapartida, a câmara, pela prestação dos serviços objeto do contrato, concederá ao concorrente a utilização da marca "O Sol da Caparica" neste evento, bem como a cedência do espaço para a realização do mesmo, os proveitos de bilhética e ainda procederá ao pagamento de uma quantia que não excederá o valor de 70 mil euros", indicou.
Apesar da mudança de produtor, o festival vai manter os "princípios associados à marca", nomeadamente a promoção de música originária dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
O grupo do Facebook "Eu Gosto das Freguesias de Almada" e o antigo vereador do PCP António Matos avançaram na semana passada que o Sol da Caparica teria sido "cancelado" e que a empresa organizadora estava "fora da nova equação".

O Festival “Sol da Caparica” está em risco diz a CDU de Almada
É com enorme preocupação que a CDU vê "estar a ser colocado em risco, sem uma alternativa refletida e conhecida, um programa e uma iniciativa de tão grande sucesso para a Costa de Caparica, para Almada e para a Cultura portuguesa como é o 'Sol da Caparica', pela manifesta incompetência da gestão PS da Câmara de Almada", dizem os comunistas.
Em noticias postas a circular pela Agência Lusa, a "gestão PS parece desconhecer que o Festival  não pode ser considerado como uma despesa, mas antes um investimento na Costa de Caparica e que o município de Almada é a sua única e exclusiva entidade promotora, sendo dono da marca e responsável pela organização, pelo financiamento e pelas receitas do Festival", diz ainda a CDU de Almada em comunicado.
Para os comunistas, o 'Sol da Caparica', "integrado num programa de desenvolvimento turístico, contribuiu decisivamente para manter a Costa de Caparica como destino de eleição para muitas centenas de milhar de pessoas que anualmente a procuram e, nas suas cinco edições, projetou de forma crescente a Costa de Caparica e o concelho no plano nacional e internacional, de que resulta um muito elevado retorno para os agentes económicos a operar na Costa de Caparica e em Almada, para o conjunto da economia do país e para as finanças da Câmara Municipal".
Este festival surgiu no quadro das iniciativas "levadas a cabo pelo governo e pela Câmara de Almada para minimizar os enormes danos e prejuízos decorrentes das intempéries que assolaram o litoral no início do ano de 2014 e que tiveram particular gravidade na Costa de Caparica", lembra a CDU.
Obra da gestão CDU, o programa de desenvolvimento turístico da Costa de Caparica "está em vias de soçobrar pela manifesta incompetência da gestão PS da Câmara de Almada", acusa a CDU.
"A gestão PS da Câmara Municipal revela ter deixado passar os prazos aconselháveis para lançar o concurso para a direção artística e de produção especializada, e manifesta falta de perceção da importância estratégica do evento e das necessidades materiais da sua gestão ao aprovar em Novembro de 2018 um orçamento para o Festival, semelhante ao de anos anteriores, vindo em Março de 2019, consequência dos erros processuais e de avaliação por si cometidos, queixar-se do seu valor", sublinha o comunicado comunista. O evento realiza-se anualmente no parque urbano da Costa de Caparica, em Almada, e diferencia-se pela "diversidade".

Agência de Notícias 

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