Depósito de transformação de bivalves no Barreiro

Unidade de transformação de bivalves do Tejo nasce esta sexta-feira  

A primeira unidade para transformação e valorização de bivalves do país vai nascer no Barreiro e será lançada esta sexta-feira, num investimento superior a dois milhões de euros, informou o Ministério do Mar. O projeto prevê a criação no Lavradio de uma infra-estrutura para depósito, transformação e valorização de bivalves capturados nos concelhos do Barreiro, Seixal, Almada, Moita, Montijo e Alcochete. Um estudo revela existirem mais de 1700 mariscadores, cerca de 1500 dos quais em situação ilegal, que retiram do estuário do Tejo a maioria dos 19 mil quilos de amêijoa-japonesa por dia. A nova infraestrutura vai permitir, segundo o Ministério do Mar, "regular a apanha da amêijoa-japonesa no Estuário do Tejo", assim como a sua comercialização "em condições de adequada salubridade".

Há cerca de 1500 mariscadores ilegais no Tejo 

Em comunicado, a tutela revelou que o investimento total "está estimado em 2,36 milhões de euros", dos quais 1,34 milhões de euros se destinam à infraestrutura e 920 mil euros a equipamentos, além de uma comparticipação do MAR 2020, "de 1,05 milhões de euros". É já esta  sexta-feira, que a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, vai presidir à cerimónia de assinatura do auto de consignação para a construção do depósito de transformação de bivalves, que se vai localizar na zona do Lavradio.
"A amêijoa é um recurso importante para um elevado número de apanhadores no Estuário do Tejo. Devido ao teor bacteriológico das águas do estuário do Tejo, os bivalves capturados só podem ser consumidos após cozedura ou transposição prolongada. Assim esta estrutura vai permitir organizar o depósito e transformação de bivalves do Rio Tejo, assegurando a necessária segurança alimentar", explicou.
A nova infraestrutura vai permitir também, segundo o Ministério do Mar, "regular a apanha da amêijoa-japonesa no Estuário do Tejo", assim como a sua comercialização "em condições de adequada salubridade".
De acordo com a tutela, a unidade será construída "numa parcela do domínio público", sob jurisdição do Porto de Lisboa e cedida ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera, "pelo prazo de dez anos".
Já as instalações serão constituídas por três módulos: o depósito de bivalves vivos, a unidade de transformação e sistema de valorização de bivalves do Estuário do Tejo e uma unidade de depuração.
Segundo o Ministério do Mar, este será um "projeto integrado", com a participação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, da Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, da APL, da Docapesca - Portos e Lotas e com a colaboração da Câmara Municipal do Barreiro.
A criação da primeira central para depósito, transformação e valorização de bivalves do país, no Barreiro, foi anunciada em Junho por Ana Paula Vitorino.
Um pouco por todos os concelhos do estuário do Tejo é possível ver diariamente milhares de pessoas que se dedicam à apanha de amêijoa-japonesa, sendo para muitos o seu único meio de subsistência.
Um estudo de Maio de 2017 revelava existirem mais de 1700 mariscadores, cerca de 1500 dos quais em situação ilegal, que retiram do estuário do Tejo a maioria dos 19 mil quilos de amêijoa-japonesa por dia (dez mil pelos aparelhos de arrasto) num negócio na sua larga parte pirata que, em 2014, terá envolvido uma verba estimada entre os 10 e os 23 milhões de euros.
Segundo várias entidades, muito dessa ameijoa, cujo consumo sem cozedura industrial pode ser muito nocivo para a saúde, é vendida ilegalmente para restaurantes que depois a revendem ao público. Apesar de várias iniciativas, incluindo uma apertada vigilância, ninguém conseguiu até agora travar a apanha ilegal no estuário do Tejo.

Agência de Notícias com Lusa  

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