Seixal diz que "existe um caos" no transporte fluvial

Municípios saúdam investimento na Transtejo mas lamentam "recuperação lenta"

O presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, afirmou que "existe um caos" no transporte fluvial no rio Tejo, pedindo ao Governo que cumpra com as promessas efetuadas para a Transtejo e Soflusa. O autarca do Seixal reuniu esta terça-feira com o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes. "Apesar de todos os esforços que têm sido desenvolvidos pela autarquia, o caos no transporte fluvial mantém-se. Essa situação foi mais uma vez exposta ao ministro do Ambiente, bem como foi também solicitado que o Governo cumpra as suas promessas", disse Joaquim Santos. O presidente da Associação de Municípios de Setúbal, Rui Garcia, saudou a aprovação do plano de renovação da frota da Transtejo anunciado pelo Governo, mas lembrou que se trata de “uma recuperação muito lenta”.

Falta de barcos incomoda população da  Margem Sul 

O presidente do município referiu que em Junho de 2017 o Ministério do Ambiente anunciou um investimento de dez milhões de euros para o plano de manutenção da frota de navios da Transtejo e Soflusa, "promessa que o Governo reiterou em 2018, mas que não contemplou no orçamento para este ano".
Joaquim Santos defendeu que a falta de fiabilidade do transporte público, seja ele fluvial, ferroviário ou rodoviário, "afasta os munícipes" da sua utilização diária, quando estes "deveriam ser a primeira solução" para quem se desloca na Área Metropolitana de Lisboa.
O autarca destacou o investimento por parte dos municípios no financiamento do passe social, referindo que no caso do Seixal são cerca de dois milhões de euros por ano.
O Conselho de Ministros aprovou na semana passada o plano de renovação da frota da empresa de transporte fluvial, que inclui a compra de dez novos barcos, devendo o primeiro catamarã entrar em circulação a partir do final do próximo ano.
A Comissão de Utentes do Seixal defendeu esta terça-feira, além de mais investimento na Transtejo e na Soflusa, o aluguer de navios a portos europeus para contornar os problemas existentes nas ligações fluviais enquanto não chegam os novos barcos.
Em declarações à agência Lusa, António Freitas, representante da comissão, afirmou que aquilo de que as pessoas precisam é de barcos, considerando que as "soluções pecam por tardias": os novos navios agora anunciados, referiu, são uma solução "para sair daqui a dois anos".

Novos barcos vão demorar bastante tempo
O presidente da Associação de Municípios de Setúbal, Rui Garcia, saudou a aprovação do plano de renovação da frota da Transtejo anunciado pelo Governo, mas lembrou que se trata de "uma recuperação muito lenta".
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.
Em declarações à agência Lusa, Rui Garcia saudou a abertura do concurso, lembrando que "era mais do que tempo de se recuperar o enorme atraso e os anos de abandono" a que foram voltados os transportes fluviais na região de Lisboa, mas lamentou a demora do processo.
"É um investimento que é anunciado agora, mas que se vai estender ao longo de vários anos. Vai demorar bastante tempo até que sejam repostas condições aceitáveis da operação da Transtejo", afirmou o líder da associação e da Câmara da Moita.
Segundo Rui Garcia, os problemas a curto prazo não ficam resolvidos, já que "a perspetiva que o Governo aponta é para uma entrega de barcos que se vai prolongar ao longo de cinco, seis anos".

Governo promete novos barcos já para o ano 
Na semana passada, o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, disse à Lusa que o Governo, liderado pelo socialista António Costa, está a projetar a entrega do primeiro navio "no final de 2020 ou no início de 2021, em princípio no final de 2020".
"Em 2021 a entrega de três navios e, depois, os seis seguintes serão ao ritmo de dois a cada ano. Significa que, em 2024, teremos os dez navios entregues", referiu.
O concurso será lançado nas próximas semanas, acrescentou José Mendes, apontando para um investimento de 57 milhões de euros para a aquisição dos barcos e mais de cerca de 33 milhões para a "grande manutenção", sendo um "investimento global que será da ordem dos 90 milhões de euros".
Os novos catamarãs, com capacidade para transportar entre 400 e 450 passageiros, serão movidos a gás natural, estimando-se uma diminuição para metade das emissões de dióxido de carbono, uma descida de mais de 5 mil toneladas de dióxido de carbono por ano.
Em protesto contra a constante supressão de carreiras, em Dezembro, dezenas de pessoas invadiram o único navio que estava disponível no cais do Seixal, estando avariado o outro que faz a ligação a Lisboa.
José Mendes assumiu os problemas que existem atualmente na travessia do Tejo, sublinhando que "resultam essencialmente de se tratar de uma frota muito velha", com navios entre 20 e 40 anos.

Agência de Notícias com Lusa

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