Farmacêutica cria centenas de postos de trabalho no Seixal

Empresa farmacêutica vai construir nova unidade no Parque Empresarial Baía do Tejo

O investimento da Hovione, multinacional portuguesa na área química-farmacêutica, no Seixal foi apresentado esta segunda-feira como um marco na transformação industrial no distrito de Setúbal, por tratar-se de uma primeira grande unidade de uma empresa ligada à investigação e ao conhecimento científico. A multinacional comprou um terreno de 44 hectares no Parque Empresarial da Baía do Tejo para a instalação de uma nova unidade industrial num investimento nunca inferior a 200 milhões de euros e com um quadro de trabalhadores altamente qualificados acima das duas centenas. A dimensão final da fábrica, assim como o total de postos de trabalho a criar, não foi revelada porque a estratégia da empresa é construir por fases, num período de dez anos, à medida da expansão da sua actividade empresarial em Portugal.
Hovione quer emprego especializado no Seixal 

“O investimento que realizamos e que hoje anunciamos, a compra de um terreno de 44 hectares, e que visa a instalação de uma nova unidade no concelho do Seixal, é reflexo e consequência do crescimento sustentado da Hovione e da aposta em Portugal como base de crescimento”, explicou o Guy Villax, CEO da empresa, sem divulgar o investimento que será feito.
A multinacional portuguesa tem sede em Loures, no distrito de Lisboa, está presente na Irlanda, EUA e Macau, e agora vai abrir uma nova unidade no Parque Empresarial da Baía do Tejo, no Seixal.
O responsável falava numa apresentação do projeto, que decorreu na Câmara Municipal do Seixal, onde realçou que este investimento “é muito mais do que uma fábrica” e, se as condições o permitirem, vai criar “centenas” de postos de trabalho qualificados.
“Ao longo dos próximos anos vamos criar centenas de postos de trabalho que exigem qualificações e especialização, onde o conhecimento ganha escala industrial e contribui para melhorar os cuidados de saúde pelo mundo inteiro através da introdução de medicamentos inovadores”, frisou.
De acordo com Guy Villax, a mão-de-obra jovem e qualificada e a localização privilegiada foram os motivos que levaram à escolha do Seixal para a localização da nova unidade industrial.
“E porque razão escolher o Seixal? Além das razões já equivocadas, a mão-de-obra jovem e altamente qualificada e especializada, acreditamos no Seixal devido à sua localização privilegiada, servida por uma múltipla rede de transportes, a 30 minutos dos aeroportos, tanto os atuais como o planeado e com universidades e institutos politécnicos nas imediações, que garantem a proximidade a instituições de ensino de renome”, afirmou.
“Estamos a investir num dos mais jovens concelhos de Portugal, numa zona onde a indústria tem tradições enraizadas e é parte da história do nosso país”, acrescentou o CEO da empresa.
O responsável não revelou qual o investimento nesta nova unidade, mas deixou a promessa de ajudar a “fazer crescer o Seixal ao longo das próximas décadas”, como um polo assente no conhecimento e a “exportar para o mundo novos medicamentos que melhoram a saúde de milhões de pessoas”.
Contudo, Guy Villax alertou que o investimento “não se realizará de um dia para o outro”, uma vez que dependem “das circunstâncias do mercado” e porque é necessário acautelar os interesses dos acionistas e dos cerca de 1700 trabalhadores da multinacional.

Autarquia aplaude projeto 
Para o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos (CDU), a instalação de uma nova unidade industrial no concelho corresponde à sua visão de “desenvolvimento”.
“Na nossa perspetiva, o reforço da matriz industrial no concelho corresponde não só à garantia de fixação de população no município, como ao necessário contributo para a produção nacional. Esta nova unidade, pela sua dimensão, nível tecnológico e especialização poderá significar o início de um novo ciclo no concelho do Seixal, sendo o incremento na indústria fundamental para o desenvolvimento da região e do país”, sublinhou o autarca. 
Satisfeito com a chegada da Hovione ao Seixal, o autarca Joaquim Santos diz que a nova unidade “corresponde integralmente à visão de desenvolvimento da câmara municipal” e reforça a “matriz industrial e produtiva” da região do Arco Ribeirinho Sul onde está em curso o “maior projecto de reconversão industrial do país”.
O presidente do município  acredita que a primeira fase da fábrica seja uma realidade ainda no atual mandato. “O processo de licenciamento poderá ficar concluído este ano e a construção começar no próximo ano”, indica Joaquim Santos.
Já o presidente da Baía do Tejo, Jacinto Pereira, referiu que este projeto poderá “ser uma âncora” para novos investimentos de muitas empresas que poderão contribuir para a dinamização do tecido social e dos territórios da Lisbon South Bay (Seixal, Barreiro e Almada). 
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior aproveitou o exemplo da Hovione, o maior empregador privado de doutourados em Portugal, com 320 técnicos e cientistas, para destacar o ojectivo do Governo de em dez anos atingir os três do PIB em despesa com investigação .
“Hoje a despesa global com investigação é de 2500 milhões e euros por ano – 52 por cento do sector privado e 48 por cento do público – e a convergência [com a Europa] implica duplicar esse valor”, disse Manuel Heitor.
A Hovione é uma empresa farmacêutica fundada em Loures por quatro refugiados húngaros, que está presente em vários países.
Além desta aposta no Seixal, a Hovione - que tem fábricas em Loures, China, Estados Unidos e Irlanda -, inaugurou em Setembro um centro de investigação e desenvolvimento em Nova Jérsia (EUA) onde investiu 30 milhões de euros.

Comentários