BE e SOS Racismo criticam atuação da PSP do Seixal

Sindicatos da PSP acusam BE e SOS Racismo de incitamento à violência

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia acusou esta terça-feira algumas entidades políticas e associativas, como o Bloco de Esquerda e a associação SOS Racismo, de incitamento à violência e de colocarem a população contra a polícia.  O Sindicato Nacional da Polícia também acusou responsáveis políticos e a SOS Racismo de produzirem "declarações insensatas". O Presidente da República pediu para que não se façam generalizações nem em relação aos cidadãos nem às forças de segurança.  Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, afirmou ter "toda a confiança" na polícia, considerando que a "tranquilidade e a serenidade" são essenciais quando há incidentes como os registados nos últimos dias nos distritos de Lisboa e Setúbal.

Atuação da PSP no Bairro da Jamaica está a ser investigada 

"Os comentários de entidades políticas, como o Bloco de Esquerda, e da associação SOS Racismo não vieram contribuir para a solução do problema. Tiveram um objetivo contrário e incitaram à violência", disse à agência Lusa, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Rodrigues, depois dos incidentes ocorridos ontem de madrugada, nomeadamente o ataque com 'cocktails Molotov' contra a esquadra da PSP da Bela Vista, em Setúbal.
Paulo Rodrigues considerou "inadmissíveis" os comentários que "colocam a população contra a polícia" e adiantou que criam a ideia de que é legítimo tentar agredir a polícia.
O sindicalista adiantou que houve uma tentativa de classificar a PSP como racista e xenófoba.
Paulo Rodrigues referia-se à deputada do BE Joana Mortágua, que partilhou nas redes sociais um vídeo dos incidentes de domingo no bairro da Jamaica, concelho do Seixal, e comentou que os bloquistas iriam pedir responsabilidades.
Já esta terça-feira, a coordenadora do BE, Catarina Martins, lamentou que a função essencial das forças de segurança fique manchada "por alguns elementos racistas e violentos" e pela impunidade, considerando que a manifestação de segunda-feira em Lisboa "foi maioritariamente pacífica".
"As forças de segurança desempenham uma função essencial e não deveriam ser manchadas por alguns elementos racistas e violentos no seu seio e pela impunidade com que, muitas vezes, essas situações são tratadas", disse Catarina Martins.
Segundo a líder o BE, na segunda-feira, assistiu-se "a uma manifestação importante na Avenida da Liberdade, maioritariamente pacífica, de jovens que dizem basta à impunidade e basta à violência policial racista".
"E é importante dizer a estes jovens que a sua mensagem foi ouvida, que eles não estão sozinhos e que há muita gente que percebe o problema e eu faço-lhes um apelo: é que não caiam na tentação, não caiam no erro de responder à violência com violência", salientou.
O Ministério Público, continuou Catarina Martins, "já anunciou a abertura de um inquérito" e o grupo parlamentar do BE "questionou o Governo sobre as responsabilidades próprias da tutela", esperando que "haja investigação e consequências atempadamente".
Interrogada diversas vezes sobre as críticas de incitação à violência e sobre a responsabilidade do BE, Catarina Martins optou sempre por não responder, apesar da insistência dos jornalistas, repetindo os argumentos que já tinha apresentado.

SOS Racismo chama "bosta" à polícia 
A associação SOS Racismo anunciou que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público na sequência da intervenção policial de domingo, sublinhando que as agressões "são absolutamente injustificáveis e inaceitáveis" e, por isso, o caso deve ser esclarecido e as responsabilidades apuradas.
O dirigente da SOS Racismo e assessor do BE Mamadou Ba publicou um texto na rede social Facebook em que fala da "violência policial" no bairro da Jamaica, no Seixal, e dos confrontos na segunda-feira em Lisboa, refere-se à polícia como "a bosta da bófia".
Em comunicado,  o Sindicato Nacional da Polícia diz repudiar todos os atos de violência e considera "verdadeiramente preocupante" que "incentivos gratuitos" à violência contra polícias sejam também induzidos pela SOS Racismo, o que "acaba por agravar situações" que já têm um cariz "explosivo".
A intervenção policial no bairro da Jamaica resultou em ferimentos sem gravidade em cinco civis e um polícia. O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia não comentou a ocorrência, referindo que foram abertos inquéritos e afirmando que as ocorrências são cada vez mais complexas, sendo, por vezes, a polícia obrigada utilizar a força.

MAI diz ter "toda a confiança" na polícia portuguesa
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou ter "toda a confiança" na polícia, considerando que a "tranquilidade e a serenidade" são essenciais quando há incidentes como os registados nos últimos dias nos distritos de Lisboa e Setúbal.
"Eu tenho toda a confiança na polícia portuguesa, toda a confiança nos polícias e toda a certeza que, como sempre sucede, as circunstâncias objeto de apreciação serão avaliadas no inquérito a decorrer", declarou o governante aos jornalistas, em Faro, quando questionado sobre eventuais excessos por parte da polícia.
Classificando os incidentes registados como "fenómenos pontuais", Eduardo Cabrita sublinhou que "a tranquilidade e a serenidade" são essenciais e garantiu que "todas as matérias que forem suscetíveis de investigação no quadro do inquérito aberto no próprio dia serão esclarecidas".

Ministério Público e a PSP abriram inquéritos aos incidentes 
A intervenção policial no Bairro da Jamaica levou à realização de uma manifestação, na segunda-feira à tarde, em Lisboa contra a violência policial e o racismo de que os manifestantes acusaram a PSP, tendo o protesto terminado com quatro detidos na sequência do apedrejamento de elementos da Polícia de Segurança Pública.
A PSP reforçou o policiamento com elementos da Unidade Especial de Polícia na Bela Vista, em Setúbal, e em algumas zonas de Loures e Odivelas (distrito de Lisboa), após incidentes registados durante a noite, com o lançamento de "cocktails Molotov" contra uma esquadra e o incêndio de caixotes e de várias viaturas.
Em comunicado, a PSP informou que continua as investigações a estes incidentes, "nada indiciando, até ao momento, que estejam associados à manifestação" de protesto contra uma intervenção policial no bairro da Jamaica.

Marcelo pede que não se façam generalizações 
O Presidente da República pediu esta terça-feira para que não se façam generalizações nem em relação aos cidadãos nem às forças de segurança, ao ser questionado sobre episódios de violência registados nos últimos dias na Grande Lisboa.
Mesmo que venham a ser apurados casos criminais censuráveis, "não devemos generalizar", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas ontem na varanda do Palácio de Belém, em Lisboa.
"[Não se deve generalizar] Nem em relação aos cidadãos, que têm um papel importante e que estão integrados na sociedade portuguesa e dão o seu contributo para a sociedade portuguesa nem relação às forças de segurança, que têm um papel importante num Estado de direito democrático".
Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o país está a viver um período pré-eleitoral, este ano realizam-se três eleições (europeias, regionais na Madeira e legislativas), em que "as reflexões sobre estes factos entram na discussão eleitoral geral".
Referindo que estas reflexões entram na discussão eleitoral geral, o chefe de Estado disse esperar "que haja a noção de que não há, do ponto de vista da democracia, nada que seja excecionalmente positivo em generalizar comportamento isolado ou pontuais no quadro do debate político".

Agência de Notícias com Lusa 

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