Seixal realoja 64 famílias do Bairro da Jamaica

Maior bairro ilegal de Portugal começou a ser desocupado

Começou esta segunda-feira o processo de realojamento de mais de 200 famílias que vivem no bairro da Jamaica, no concelho do Seixal. O processo só deve estar concluído em 2022. Trata-se de um dos bairros mais degradados do país e uma das zonas mais problemáticas do distrito de Setúbal. Um ano depois do anúncio, começou o realojamento das famílias do bloco 10. São 64 famílias, num total de 187 pessoas, que em três dias conhecerão uma nova casa, num investimento público de pouco mais de 3,6 milhões de euros. O bloco 10 é o prédio em piores condições do Vale do Chicharro, conhecido como bairro da Jamaica. Para o realojamento destas pessoas houve a aquisição e reabilitação de 64 frações, que vão acolher 187 pessoas. O processo de realojamento deste lote representa um investimento total de três milhões 616 mil euros, dos quais a câmara do Seixal irá suportar  dois milhões 688 mil euros e o Estado um milhão 627 mil euros.
Parte do bairro é demolido esta quinta-feira 

Já arrancou o processo de realojamento de mais de 200 famílias que vivem no bairro da Jamaica, no concelho do Seixal, considerado um dos mais degradados e inseguros do país. Um dos três prédios devolutos de Vale de Chícharos, Seixal, conhecido por Bairro da Jamaica, vai ser demolido na próxima quinta-feira. As 64 famílias residentes no lote 10 já se dirigiram à autarquia para lhes serem atribuídas novas casas com rendas adequadas ao rendimento que auferem.
A deslocalização, iniciada esta segunda-feira de manhã, será feita no espaço de três dias e ao quarto, na quinta-feira, o prédio com sete andares será demolido para evitar nova ocupação ilegal do espaço.
A Misericórdia do Seixal tinha anunciado a demolição há um ano e hoje, no bairro já se fala na nova vida para os moradores que ocupam o espaço há mais de 20 anos. A desocupação dos restantes dois lotes com 170 famílias dar-se-á faseadamente até 2022, num esforço financeiro global entre autarquia e Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana a rondar os 15 milhões de euros.
“O objetivo final deste acordo firmado entre as partes é a integração destas famílias na malha urbana do concelho, evitando a criação de novos bairros sociais e ajudando estas pessoas a iniciar uma nova vida com os direitos e as responsabilidades comuns a todos os cidadãos”, escreve a Câmara do Seixal em comunicado.
A reabilitação do bairro não ficará por aqui. Este é apenas o primeiro momento de realojamento das 234 famílias que vivem no bairro.
No ano passado, a 22 de Dezembro foi assinado um Acordo de Colaboração entre a Câmara Municipal do Seixal, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e a Santa Casa da Misericórdia do Seixal, que foi homologado pelo ministro do Ambiente e pela secretária de Estado da Habitação, com vista à resolução da situação de grave carência habitacional existente em Vale de Chícharos.

Recuperar a esperança perdida 
"Já lutávamos há muito tempo por isto e até houve momentos em que perdemos a esperança", conta Dirce Noronha, responsável pela comissão de moradores e que reside no lote dez, o que será alvo de demolição.
Aquele que foi outrora um foco de criminalidade no concelho do Seixal apresenta agora problemas relacionados com higiene, pestes, falta de iluminação e água e, principalmente, a humidade dentro das casas que provoca problemas respiratórios nos moradores. 
Andreia Tati, 26 anos, ocupa um andar com três filhos e quatro irmãos e a partir de segunda-feira tem uma casa para si e os três menores. Os quatro irmãos serão realojados noutra habitação. "A humidade nas paredes é o principal problema para os mais novos que têm já problemas respiratórios", lamenta a jovem angolana.
Ao longo do ano, a autarquia adquiriu habitações dispersas no concelho do Seixal, em zonas urbanas com fácil acesso a serviços. "Não queríamos juntar as famílias num só espaço, mas dispersa-las pelo concelho e assim aumentar as hipóteses de integração", refere Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal. Foram realizadas obras de beneficiação nas habitações que hoje estão prontas para receber os novos moradores. "As casas foram submetidas a obras profundas para que nada falte aos novos inquilino", acrescenta o autarca.
Os cerca de cinco hectares de terreno foram abandonados pelo proprietário no final dos anos 1980. O banco executou uma hipoteca, o terreno mudou mãos e a ocupação ilegal foi feita nos anos de 1990.
Os prédios foram construídos, mas não concluídos. A situação social foi-se degradando desde então: há falta de segurança, criminalidade, poucas condições de higiene, de esgotos e de iluminação pública.

Agência de Notícias



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